24ª Mostra de Cinema de Tiradentes: 114 filmes e programação on-line

por: Cinevitor

miradortiradentesEdilson Silva e Maria Luiza da Costa no filme paranaense Mirador, de Bruno Costa.

A 24ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes acontecerá entre os dias 22 e 30 de janeiro, em formato on-line, e o público poderá conhecer a atual produção audiovisual brasileira. Uma seleção de 114 filmes, entre longas e curtas-metragens, de 19 estados brasileiros, reúne o que há de mais recente na cinematografia brasileira contemporânea apresentando a diversidade e a pujança criativa do setor, mesmo em cenário adverso da pandemia de Covid-19 e de dificuldades financeiras para os profissionais da área nos últimos dois anos.

A coordenação curatorial do evento é assinada pelo crítico Francis Vogner dos Reis, que também assina com a pesquisadora Lila Foster a seleção de longas-metragens. A seleção de curtas-metragens foi feita por Camila Vieira, Tatiana Carvalho Costa e Felipe André Silva.

Os filmes estarão distribuídos nas seguintes mostras: Aurora, Olhos Livres, Temática, Homenagem, Foco, Panorama, Foco Minas, Praça, Formação, Sessão da Meia-noite, Jovem e Mostrinha. Vários deles vão contar com debates ao longo do evento, nos Encontros com os Filmes, com a presença de diretores, equipes de produção e críticos convidados.

A abertura do evento será no dia 22 com o filme inédito e em finalização Ostinato, dirigido pela homenageada deste ano, Paula Gaitán. O encerramento no dia 30 terá a pré-estreia do premiado Valentina, de Cássio Pereira dos Santos.

Entre os longas-metragens, a organização da 24ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes recebeu 111 inscrições válidas de longas-metragens e selecionou 27 filmes. Pelos dados de etnia/raça de realizadores com longas inscritos, 81 realizadores se autodeclararam brancos/caucasianos, 17 negros, 14 pardos, 1 asiático, 1 mestiço, 3 indígenas, 1 não-branco e 17 não se autodeclararam. Em identidade de gênero, 70 se autodeclararam homens cisgênero, 44 mulheres cisgênero, 2 não binárie, 1 mulher transgênero; 18 não forneceram informações sobre identidade de gênero. Entre os 27 selecionados, 8 se autodeclararam mulheres cis brancas, 2 mulheres cis negras, 1 mulher cis indígena, 1 mulher trans branca, 18 homens cis brancos, 3 homens cis negros, 3 homens cis pardo e 1 homem cis indígena.

Nos curtas-metragens, foram 748 trabalhos inscritos. Pelos dados de etnia/raça autodeclarados pelos realizadores, foram 403 brancos/caucasianos, 124 negros, 75 pardos, 9 asiáticos, 5 indígenas, 1 afroindígena e 1 não-branco. Nos dados de identidade de gênero, também autodeclarados, constam entre os inscritos 308 homens brancos cisgênero, 252 mulheres cis, 1 travesti, 1 travesti não-binário, 3 homens transgêneros, 5 mulheres transgêneros e 15 não-binários. Considerando os 79 curtas-metragens selecionados, os dados de raça e gênero de realizadores são de 8 mulheres cis negras, 2 mulheres cis pardas, 26 mulheres cis brancas, 1 mulher cis indígena, 1 mulher trans amarela, 1 travesti negra, 10 homens cis negros, 1 homem cis pardo, 21 homens cis brancos, 1 homem trans branco, 2 não-binários brancos e 1 não-binário negro.

swingueiratiradentesCena do filme Swingueira, de Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula.

A programação da Mostra Aurora, dedicada a filmes de realizadores com até três longas-metragens, conta com produções inéditas em circuitos de festival. Todos serão avaliados pelo Júri da Crítica e concorrem ao Troféu Barroco e a prêmios de parceiros da Mostra. Clique aqui e saiba mais.

A Mostra Olhos Livres se notabiliza pela diversidade de olhares e formas e por não ter conceitos fechados ou critérios uniformizantes. Consolidou-se como uma mostra competitiva que esboça um panorama mais amplo de algumas das proposições mais instigantes do cinema contemporâneo brasileiro, em vários casos de títulos ou realizadores com alguma repercussão prévia em eventos de cinema de alcance nacional ou internacional.

A Mostra Vertentes da Criação se apropria do conceito central do evento este ano, que tem por base a percepção de que o cinema brasileiro se reconfigura constantemente nas circunstâncias impostas a ele e nas inquietações de criadores que constantemente revigoram as formas do fazer. Para isso, os curadores selecionaram cinco títulos que dialogam diretamente com a temática, além dos curtas já anunciados (clique aqui):

#eagoraoque, de Rubens Rewald e Jean-Claude Bernardet (SP)
Agora, de Dea Ferraz (PE)
Entre Nós Talvez Estejam Multidões, de Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito (MG/PE)
Negro em Mim, de Macca Ramos (SP/MG/BA/PE/PA)
Pajeú, de Pedro Diógenes (CE)

Apesar de o contexto da pandemia impossibilitar a realização presencial do tradicional Cine-Praça, uma das atividades mais queridas da Mostra, a programação será mantida com o mesmo perfil de títulos de diálogo popular e imediato, desta vez exibidos no site. Os selecionados do ano na Mostra Praça são:

Swingueira, de Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula (CE/BA)
Mirador, de Bruno Costa (PR)
Sementes: Mulheres Pretas no Poder, de Éthel Oliveira e Júlia Mariano (RJ)
Mulher Oceano, de Djin Sganzerla (RJ/SP)
Todas as Melodias, de Marco Abujamra (RJ)

Há ainda a sessão de Curtas na Praça, com filmes de menor duração apresentados em conjuntos que dialogam temática e esteticamente entre os selecionados.

Também exclusiva de 2021 é a Mostra Homenagem dedicada à multiartista Paula Gaitán, celebrada nessa edição por sua contribuição ao cinema e ao audiovisual nas últimas décadas. A Mostra vai promover um encontro virtual com a cineasta e exibir 8 de seus trabalhos mais representativos. Clique aqui e saiba mais.

Uma novidade de 2021 é a Sessão da Meia-noite, que vai exibir dois longas-metragens de terror dirigidos por cineastas reconhecidos mundialmente por seus trabalhos no gênero: O Cemitério das Almas Perdidas, de Rodrigo Aragão (ES); e Skull – A Máscara de Anhangá, de Kapel Furman e Armando Fonseca (SP).

skulltiradentesCena do filme Skull – A Máscara de Anhangá, de Kapel Furman e Armando Fonseca.

A Mostra Foco, composta por 11 títulos, conta com três linhas de aproximações entre os curtas-metragens: filmes que pensam a catástrofe, a destruição e o colapso do mundo, tratando sobre em que medida isso se conecta a uma crise generalizada da política institucional e de um projeto de país; filmes que borram fronteiras entre o real e o imaginário, o que existe de possível na concretude das vivências e o que há de criação do impossível no campo da imaginação; e enredos de distopia, com alegorias que aludem ao presente, pensam os processos históricos e apontam possíveis futuros.

Já a Mostra Panorama contém especialmente curtas de realizadores com trajetórias já reconhecidas no cinema contemporâneo brasileiro ou com alguma circulação prévia em eventos de audiovisual no Brasil e no mundo. “Mas também selecionamos na Panorama curtas de jovens realizadores que estão se aventurando nas ficções em diálogo com os códigos do cinema de gênero e outros que estão buscando diferentes processos de criação dentro do documentário”, destaca a curadora Camila Vieira. São 26 filmes que formam um retrato dessa produção muitas vezes errante, devido aos obstáculos enfrentados pelos realizadores, mas que está sempre se consolidando como espaços fundamentais de expressão e que se mostram mundialmente como instantâneos das possibilidades do formato e da linguagem.

Os nove filmes da Mostra Foco Minas trazem um sobrevoo na vigorosa produção contemporânea no estado. Realizadores iniciantes e experientes elaboram traumas individuais e coletivos, subjetividades e identidades em gestos que vão da representação direta à dimensão fabuladora, apontando possíveis saídas pelos caminhos do imaginário.

Dedicada inteiramente aos filmes realizados em escolas e faculdades, as sessões da Mostra Formação evidenciam a potência e a efervescência criativa da juventude brasileira, que mesmo em tempos e condições tão adversas consegue propor experimentos e narrativas inventivas, que traduzem seu tempo e seus iguais. Nesta edição, nove filmes criam um panorama da produção de vários cantos do país.

Dedicadas ao público infantil e juvenil da Mostra de Cinema de Tiradentes, as sessões Mostrinha e Jovem apresentam narrativas ficcionais nos formatos de animação e live-action. Para as crianças, cinco curtas trazem histórias lúdicas e educativas. Para os jovens, três curtas narram dramas com personagens em processo de amadurecimento para a vida adulta.

Para as famílias assistirem juntas, a Mostrinha conta esse ano com uma Sessão Família com o longa-metragem infantojuvenil Passagem Secreta, de Rodrigo Grota (PR), que mostra a jornada de uma garotinha ao descobrir segredos de sua própria família quando entra escondida num parque de diversões.

Vale lembrar que toda a programação da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes é oferecida gratuitamente ao público.

Fotos: Nigéria Filmes, Mila Cavalcante e Divulgação.

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