25º Festival Mix Brasil: documentário Luana Muniz – Filha da Lua é destaque na programação

por: Cinevitor

luanamuniz2mixbrasilLuana Muniz: a Rainha da Lapa.

A travesti Luana Muniz era considerada um símbolo da Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro. Em um casarão na Rua Mem de Sá, acolhia travestis, transexuais, prostitutas e moradores de rua, além de ter sido uma das fundadoras do Projeto Damas, que tem como objetivo recolocar profissionais trans no mercado de trabalho.

Ficou conhecida nacionalmente durante um episódio do programa Profissão Repórter, da Rede Globo, onde soltou a frase “Travesti não é bagunça!”, que ecoou em milhares de mídias. Voltou aos holofotes quando postou uma foto ao lado do Padre Fábio de Melo, que gerou grande repercussão.

Luana Muniz morreu em maio deste ano, aos 59 anos, devido complicações causadas por uma forte pneumonia. Sua trajetória é contada no documentário Luana Muniz – Filha da Lua, que revela a intimidade da Rainha da Lapa, que se dividia entre a prostituição, a militância LGBT e os shows em cabarés. Além de depoimentos da grande estrela do filme, outros convidados também contam histórias sobre Luana, como: Alcione, Luis Lobianco, Padre Fábio de Melo, Felipe Suhre e Lorna Washington.

Neste sábado, 19/11, o documentário foi exibido no 25º Festival Mix Brasil na mostra Competitiva Brasil e contou com a presença de Rian Córdova, que divide a direção com Leonardo Menezes. Depois da sessão, o diretor conversou com o público presente no CineSesc. Confira os melhores momentos do bate-papo:

FESTIVAIS:

“Já tínhamos montado muita coisa e depois da morte dela tentamos pegar outros depoimentos. Finalizamos o filme em 28 dias para concorrer no Rio Festival de Gênero & Sexualidade no Cinema, que é um festival de referência no Rio. Não tem a tradição do Mix Brasil e nem seus 25 anos, mas é o maior festival da cidade que trata esse tema. Ganhamos o prêmio de melhor longa nacional e estamos começando a rodar o circuito de festivais. Estar no Mix é uma consagração, independente de ter prêmio ou não”.

O LEGADO DE LUANA:

“O casarão fica na Rua Mem de Sá, que é o berço da boêmia da Lapa. A Luana deixou um legado. A Cris, seu braço direito, que também é trans, está tomando conta da casa. Mas não sabemos qual o caminho que essa história vai tomar. Eu, que sou carioca e frequento bastante a Lapa, vejo que muitos assaltos estão acontecendo e confusões que não tinham antes, pois Luana tinha esse papel de mediadora. Eu tive a preocupação de não fazer um filme higienizado e o documentário mostra seu trabalho social, mas também mostra seu outro lado. Espero que esse legado faça jus ao que ela começou a fazer. Ela é uma referência nacional”.

luanamunizmixbrasilLuana Muniz em cena do filme.

CARREIRA DO FILME:

“O filme tem sido exibido em programas educacionais de escolas. Inclusive, o último foi em Vista Alegre, onde ela passou a infância e a adolescência. Ver um filme como esse passando aqui, onde a maioria dos espectadores não é travesti, não é trans, é uma informação a ser assimilada. E eu quero que o filme chegue a esse público também”.

“Todos precisam se unir e, para mim, é sempre bom ter essa proximidade com pessoas que sejam diferentes de mim, que pensam de formas diferentes. É um trabalho coletivo e eu não estou ganhando grana com o filme. Mas, vendo uma sala de cinema como essa é uma consagração de carreira. É bom sentir o filme ao lado dos meus amigos e continuar me emocionando, mesmo vendo depois de tantas vezes”, finalizou Rian.

Fotos: Divulgação.

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