Adèle Haenel e Noémie Merlant em Retrato de uma Jovem em Chamas: filme de abertura.
O 27° Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, maior evento cultural dedicado à diversidade da América Latina e um dos maiores do mundo, acontecerá entre os dias 13 e 20 de novembro, em São Paulo. Neste ano, com o tema Persistir, o festival exibirá mais de 110 filmes nacionais e internacionais de 26 países. Completam a programação atrações que envolvem teatro, música, literatura, games, realidade virtual, laboratório audiovisual e conferência.
Com entrada gratuita em toda a programação, o Mix Brasil 2019 começa no Auditório Ibirapuera com o drama francês Retrato de uma Jovem em Chamas (Portrait de la jeune fille en feu), de Céline Sciamma, vencedor do prêmio de melhor roteiro e da Queer Palm no Festival de Cannes deste ano. No filme de abertura, a pintora Marianne, interpretada por Noémie Merlant, vive em uma ilha isolada na Bretanha, no final do século XVIII. Certo dia, é chamada para pintar o retrato da jovem Héloïse, vivida por Adèle Haenel, que vai se casar em breve. Esse encontro cria uma intimidade entre as duas que não estava programada. Na mesma noite, o público convidado será contemplado com um show de Ekena.
Neste ano, foram inscritos 158 curtas-metragens e 28 longas, produzidos no Brasil entre o final de 2018 e meados de 2019, tratando da diversidade sexual. Vale destacar que na Mostra Competitiva Brasil de Curtas, entre os 16 selecionados, 11 são dirigidos por mulheres.
Uma seleção de grandes filmes que passaram pelos principais festivais de cinema do mundo marca o Panorama Internacional que, entre outros destaques, traz os vencedores dos prêmios LGBTQI+ de Cannes, Berlim e Veneza: respectivamente, Retrato de uma Jovem em Chamas, de Céline Sciamma; Breve História do Planeta Verde, de Santiago Loza, vencedor do Teddy Award; e o chileno O Príncipe (El Príncipe), de Sebastián Muñoz, que levou o Leão Queer.
Romina Escobar no argentino Breve História do Planeta Verde: filme premiado.
Além disso, a seleção conta também com: o novo filme do cineasta Xavier Dolan, Matthias e Maxime (Matthias et Maxime), que disputou a Palma de Ouro em Cannes neste ano; o documentário português Até Que o Porno Nos Separe, de Jorge Pelicano, exibido no Festival de Guadalajara e premiado no CinEuphoria Awards; o drama E Então Nós Dançamos (And Then We Danced), de Levan Akin, representante da Suécia na disputa pelo Oscar de melhor filme internacional e que rendeu o prêmio de melhor ator para Levan Gelbakhiani no Festival de Sarajevo e foi exibido na Quinzena dos Realizadores, em Cannes; o documentário Normal, destaque da mostra Panorama em Berlim, e dirigido por Adele Tulli; o documentário Fabulous, de Audrey Jean-Baptiste; o drama Fim de Século (Fin de siglo), de Lucio Castro, eleito o melhor filme argentino do BAFICI e premiado no L.A. Outfest; o documentário Jonathan Agassi Salvou Minha Vida (Jonathan Agassi Saved My Life), de Tomer Heymann, premiado nos festivais de Atlanta, Jerusalém e Dublin.
E mais: o drama Port Authority, de Danielle Lessovitz, exibido na mostra Un Certain Regard, em Cannes, e produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira, da RT Features; o romance Billie e Emma, de Samantha Lee; o drama romeno Monstros (Monstri.), de Marius Olteanu, premiado na mostra Forum do Festival de Berlim; o drama austríaco O Chão Sob Meus Pés (Der Boden unter den Füßen), de Marie Kreutzer, indicado ao Urso de Ouro em Berlim e premiado no L.A. Outfest; a comédia dramática argentina Os Membros da Família (Los miembros de la familia), de Mateo Bendesky, exibido na mostra Panorama em Berlim; Rumo às Estrelas (To the Stars), de Martha Stephens, exibido no Festival de Sundance; e o colombiano Segunda Estrela à Direita (Segunda estrella a la derecha), de Ruth Caudeli, exibido no Festival de San Sebastián.
Cena de Matthias et Maxime, de Xavier Dolan.
No ano em que seu primeiro álbum Simples Como Fogo completa 40 anos, Marina Lima é também tema do documentário Uma Garota Chamada Marina, que faz parte da Mostra Competitiva Brasil de Longas do 27º Festival Mix Brasil. Através dos olhos do diretor Candé Salles, conhecemos melhor as motivações de sua trajetória, vida pessoal e carreira. Após Gus Van Sant e João Nery, homenageados nas duas primeiras edições, Marina Lima também receberá o prêmio Ícone Mix em 2019.
O Roze Filmdagen é o maior e mais antigo festival de cinema LGBTQI+ nos Países Baixos. Durante onze dias, o festival recebe no cinema The Ketelhuis, em Amsterdã, uma seleção de mais de 120 ficções, documentários e curtas-metragens que celebram todos os aspectos da diversidade. Em parceria com o diretor e programador do Roze Filmdagen, Werner Borkes, o Mix traz ao Brasil uma seleção especial da recente produção do país europeu, que inclui a websérie Anne+, sobre o cotidiano de uma jovem lésbica de Amsterdã; Galore, documentário intimista sobre a famosa drag da cena europeia Lady Galore, dirigido por Dylan Tonk e Lazlo Tonk; e uma sessão de curtas-metragens batizada carinhosamente de Dutch Delights.
Marina Lima no documentário Uma Garota Chamada Marina: Prêmio Ícone Mix 2019.
Mais do que nunca, é preciso ouvir as vozes que se erguem em um Brasil tomado pela indiferença, pela violência e pela desumanidade. Nesta seção, chamada de Vozes do Brasil Real, quatro longas-metragens se propõem a jogar uma luz sobre as vivências de diferentes populações ignoradas ou marginalizadas, lançando um contraponto à desinformação e ao preconceito. São eles: Que os Olhos Ruins Não Te Enxerguem, de Roberto Maty e Thabata Vecchio; Rua Guaicurus, de João Borges; Tente Entender o que Tento Dizer, de Emília Silveira; e Um Filme de Verão, de Jô Serfaty.
Ministrada por Christian Saghaard, Fazendo Cinema – Crescendo com a Diversidade é uma oficina que reúne crianças e adolescentes de 8 a 15 anos de idade. Nela, jovens oriundos de ONGs e escolas públicas entram em contato com o cinema de maneira prática e ao mesmo tempo desenvolvem um olhar sobre a diversidade, que é tão importante nessa fase de formação. A oficina contará com a exibição de filmes voltados para esse público e permitirá que os próprios estudantes criem e editem uma obra audiovisual a partir dessa reflexão.
Após um breve hiato, Marisa Orth retorna triunfante ao comando do já tradicional Show do Gongo, que contará com uma curadoria especial dos melhores vídeos dos últimos vinte anos: Gongo All Stars. A atração acontecerá na sexta-feira, 14/11, às 21h, no Centro Cultural São Paulo.
Pelo quarto ano, o Mix Brasil promove o MixLab Spcine, encontro que visa o intercâmbio de experiências e relações profissionais. Nesta edição, profissionais da Spcine vão dialogar sobre o papel da empresa como fomentadora dos projetos audiovisuais paulistas. A parceria também será representada por uma vitrine exclusiva de destaques do festival, que será exibida dentro da plataforma Spcine Play durante 30 dias a partir do início do evento.
Ramon Pujol e Juan Barberini no drama argentino Fim de Século.
Pela primeira vez, o Festival Mix Brasil traz para a sua programação uma seleção de filmes de Realidade Virtual com conteúdo LGBTQI+. Além disso, a quinta edição da Conferência, em 13 mesas, avançará por discussões sobre temas como os caminhos da produção musical negra e LGBTQI+ que saiu das periferias, mulheres invisíveis no cinema, despatologização e tratamentos hormonais de pessoas trans, e o futuro das relações de trabalho sob a perspectiva LGBTQI+.
Diversas atrações que envolvem teatro, música, literatura (Mix Literário), dança LGBT e games (BIG MIX Jam 4Diversity) estão na programação. O Mix Music chega à sua 20ª edição com shows viscerais e novos talentos, como Jup do Bairro e um show de calouros comandado por André Pomba, que também é responsável pela curadoria de Novos Talentos – Drag, uma das atrações mais esperadas, que entregará um prêmio à drag queen que melhor se apresentar e conquistar o público e o júri.
Com direção de André Fischer, direção executiva de Josi Geller e direção de programação dos filmes de João Federici, o 27° Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade acontecerá nas tradicionais sedes, como CineSesc, Cine Olido, Espaço Itaú de Cinema e CCSP, Centro Cultural São Paulo. Além disso, neste ano volta para o MIS, Museu da Imagem e do Som, e participa da programação do novo Centro Cultural da Diversidade, da Secretaria Municipal de Cultura.
O Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade é organizado anualmente desde 1993 pela Associação Cultural Mix Brasil que tem como missão a promoção do respeito e livre expressão da diversidade sexual. O objetivo do Mix Brasil é apresentar novas possibilidades para a comunidade LGBTQI+ livres de preconceitos, promovendo a tolerância, compreensão, cidadania e o combate a toda forma de discriminação.
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Fotos: Divulgação/Eduardo Crespo.