A 32ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema, que acontecerá entre os dias 7 e 13 de outubro, divulgou os títulos em competição nas principais mostras do evento: ibero-americana de longa-metragem e brasileira de curta-metragem, que serão exibidas no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza.
A pandemia e a crise econômica afetaram o Brasil de diferentes maneiras e pontos de vista. E, diante dessa realidade que não é homogênea, a identidade brasileira pode inspirar sensações para muito além do que está posto. Por isso, buscar a unidade desses diferentes pedaços de país foi o fio condutor para a seleção dos filmes do Cine Ceará 2022.
Na mostra competitiva ibero-americana de longa-metragem, procurou-se fazer uma seleção que privilegiasse a diversidade, tanto temática como estética. Dois dos oito longas são nacionais: A Filha do Palhaço, ficção do diretor Pedro Diógenes, que conta a história de Joana, uma adolescente de 14 anos que acompanha o pai, o humorista Renato, por seus shows em churrascarias, bares e casas noturnas de Fortaleza; e O Acidente, filme dirigido por Bruno Carboni, que narra um acidente com a ciclista Joana e o encontro dela com a família do motorista.
Também estão na competição de longas: Lo Invisible, de Javier Andrade, selecionado pelo Equador para representar o país no Oscar 2023; La Piedad, filme espanhol de Eduardo Casanovas, premiado pelo júri no Festival de Cine de Karlovy Vary e eleito o melhor filme internacional no 26º Festival Internacional Cine Fantasia, em Montreal; e Niños de Las Brisas, de Marianela Maldonado, documentário filmado ao longo de uma década que acompanha a trajetória de três jovens venezuelanos para se tornarem músicos profissionais no conceituado El Sistema, cujo modelo de ensino foi adotado por diversos países europeus, e que formou músicos como o renomado maestro Gustavo Dudamel.
E mais: Green Grass, coprodução entre Chile e Japão dirigida por Ignacio Ruiz; Vicenta B., do cubano Carlos Lechuga; e o argentino Las Cercanas, de María Alvarez, completam a seleção de longas-metragens. Sobre a curadoria: “Passamos por um período de pandemia e crise econômica que afetou ou refletiu nos filmes que serão apresentados. No Cine Ceará não há distinção de gênero, temos filmes de ficção, documentários e animações na competitiva de longas. Lá, estão propostas de impacto, alegorias, experimentais e outros mais intimistas. Claro que também, como em anos anteriores, privilegiamos o cinema do Nordeste, particularmente a atual produção do Ceará”, disse o cineasta Vicente Ferraz, curador da mostra competitiva de longas.
Para a mostra competitiva brasileira de curta-metragem foram selecionadas 10 produções de sete estados do Brasil, dentre as quase 800 inscrições. Arthur Gadelha, curador desta categoria, revela que esses filmes vão ao encontro de um país “de revolta e fantasia. Uns voltados para a realidade, outros para a fantasia e subversão”. Entre os escolhidos, está o premiado Big Bang, de Carlos Segundo, produzido em Minas Gerais, consagrado no Festival de Locarno deste ano; também de Minas está o suspense/terror Cemitério das Flores, de Rafael Toledo.
A seleção de curtas segue com: Celeste (Sobre Nós), dirigido por Natália Araújo e produzido em Pernambuco; Elusão, de Taís Augusto, do Ceará; Infantaria, de Laís Santos Araújo, representando Alagoas; e O Último Domingo, de Joana Claude e Renan Barbosa Brandão, recentemente premiado em Gramado.
Também estão na lista quatro curtas documentais: Alexandrina – Um Relâmpago, da artista visual e cineasta Keila Sankofa, sobre uma mulher preta da Amazônia filha de negros escravizados; Camaco, de Breno Alvarenga, sobre um dialeto secreto que surge como forma de resistência de mineradores numa cidade no interior de Minas Gerais; Contragolpe, de Victor Uchôa, sobre a importância do boxe na periferia de Salvador; e o pernambucano Filhos da Noite, de Henrique Arruda, que acompanha as memórias e vivências de oito homens gays entre 50 e 70 anos.
Além da competição oficial, os curtas-metragens concorrem ao Prêmio Canal Brasil de Curtas. Realizado nos principais festivais de cinema do país, o prêmio tem como objetivo incentivar a produção audiovisual. O júri, composto por jornalistas e críticos de cinema, escolhe o melhor filme em competição, que recebe o Troféu Canal Brasil e R$15 mil.
Conheça os primeiros filmes selecionados para o 32º Cine Ceará:
LONGAS-METRAGENS | COMPETITIVA IBERO-AMERICANA
A Filha do Palhaço, de Pedro Diógenes (Brasil)
Green Grass, de Ignacio Ruiz (Chile/Japão)
La Piedad (A Piedade), de Eduardo Casanovas (Espanha/Argentina)
Las Cercanas (Inseparáveis), de María Alvarez (Argentina)
Lo Invisible (O Invisível), de Javier Andrade (Equador/França)
Niños de Las Brisas (Meninos de Las Brisas), de Marianela Maldonado (Venezuela/Reino Unido/França)
O Acidente, de Bruno Carboni (Brasil)
Vicenta B., de Carlos Lechuga (Cuba/França/EUA/Colômbia/Noruega)
CURTAS-METRAGENS | COMPETITIVA BRASILEIRA
Alexandrina – Um Relâmpago, de Keila Sankofa (AM)
Big Bang, de Carlos Segundo (MG)
Camaco, de Breno Alvarenga (MG)
Celeste (Sobre Nós), de Natália Araújo (PE)
Cemitério de Flores, de Rafael Toledo (MG)
Contragolpe, de Victor Uchôa (BA)
Elusão, de Taís Augusto (CE)
Filhos da Noite, de Henrique Arruda (PE)
Infantaria, de Laís Santos Araújo (AL)
O Último Domingo, de Joana Claude e Renan Barbosa Brandão (RJ)
Foto: Divulgação.