Foram selecionados quatro longas-metragens e dez curtas para a Mostra Olhar do Ceará da 32ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema, que acontecerá entre os dias 7 e 13 de outubro, em Fortaleza.
Nesta edição, além dos curtas, os longas da mostra serão exibidos no Cinema do Dragão. Os filmes da Competitiva Ibero-americana de longa-metragem, anunciados na semana passada, serão exibidos no Cineteatro São Luiz. Com toda a programação gratuita, o festival volta ao formato 100% presencial.
“Nos longas, os documentários dominam. Mas em cada um dos quatro filmes escolhidos existem formas diferentes de olhar para o real utilizando diferentes possibilidades da linguagem cinematográfica, chaves de interpretação diferentes da realidade e temáticas que são bem diversas entre si. Onde é essa fronteira entre o real e o ficcional? E onde está a performance de si que aquele que é filmado faz no meio desse processo?”, disse a curadora da mostra, Camilla Osório.
Em A Colônia, de Virgínia Pinho e Mozart Freire, o filme resgata a história do bairro Antônio Justa, na cidade de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, criado na década de 1940 como uma colônia para isolar pessoas com hanseníase. Ainda hoje, mesmo após sua abertura, o local é marcado pelo estigma da doença e a realidade social precária. Todo mundo já foi para Marte, longa selecionado de Telmo Carvalho, aborda a pandemia de Covid-19 em uma narrativa ficcional e fantástica; é um documentário que utiliza a linguagem da animação.
O documentário Afeminadas é o primeiro longa de Wesley Gondim e acompanha a luta cotidiana de Safira O’hara, Khryz Amusa, Chandelly Kidman, Hellena Borgyz e Jefferson Lemons, cinco personagens de diferentes regiões do Brasil que conseguiram potencializar o ser feminino como forma de arte. Enquanto isso, a ditadura militar no Ceará é tema do documentário Escuridão na Terra da Luz, de Popy Ribeiro. O filme traz uma série de entrevistas que lançam luz às dolorosas memórias do período, ainda vivas naqueles que o testemunharam. A luta contra o regime militar ainda é majoritariamente abordada no cinema a partir de histórias do eixo Rio-São Paulo, portanto, focar a narrativa nas histórias do Ceará é o grande diferencial da obra.
Ancestralidade e identidade são temas muito presentes na maior parte dos curtas-metragens da mostra Olhar do Ceará. Camilla Osório pontua que isso está presente inclusive nos que não entraram na seleção: “A gente percebe que no inconsciente coletivo dos artistas cearenses esses temas estão reverberando e entrando nas produções de diferentes formas”. Ela destaca também o luto e a morte com temas presentes: “Isso tem muito a ver com o tempo que a gente está vivendo. A arte sempre vai ser um espelho, de alguma forma, de certos sentimentos que perpassam a nossa realidade”.
Dos dez curtas selecionados para a Mostra Olhar do Ceará, o gênero ficção é maioria, com cinco filmes, um dos quais, misto de ficção e experimental.
Conheça os filmes da Mostra Olhar do Ceará 2022:
LONGAS-METRAGENS
A Colônia, de Virgínia Pinho e Mozart Freire
Afeminadas, de Wesley Gondim
Escuridão na Terra da Luz, de Popy Ribeiro
Todo Mundo Já Foi para Marte, de Telmo Carvalho
CURTAS-METRAGENS
A Margem de um Rio que Correm Meus Ancestrais, de Iago Barreto Soares
Aluá, de Felipe Camilo
Aquele que Veio do Oeste, de Wesjley Maria
Bege Euforia, de Anália Alencar
Fio de Ariadne, de Mozart Freire e Ton Martins
Mulheres Árvore, de Wara
Na Estrada Sem Fim Há Lampejos de Esplendor, de Liv Costa e Sunny Maia
Ópera Sem Ingresso, de Andreia Pires
Pedro, de Leo Silva
Rosa Negra, de Sabina Colares e Marieta Rios
Foto: Pam Nogueira.