46ª Mostra de São Paulo: conheça os filmes selecionados e destaques da programação

por: Cinevitor
Cena de Bardo: Falsa Crônica de Algumas Verdades, de Alejandro G. Iñárritu

A 46ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo acontecerá entre os dias 20 de outubro e 2 de novembro e, este ano, terá formato majoritariamente presencial. Durante duas semanas, as seções Perspectiva Internacional, Competição Novos Diretores e Mostra Brasil vão apresentar 223 títulos, de 60 países, em circuito de salas de cinemas e espaços abertos da cidade de São Paulo. As plataformas Sesc Digital e Spcine Play disponibilizarão acesso gratuito a alguns títulos selecionados pela curadoria do evento.

O vencedor da Palma de Ouro deste ano no Festival de Cannes, Triângulo da Tristeza, no original Triangle of Sadness, dirigido pelo sueco Ruben Östlund, será o filme de abertura da 46ª edição e será exibido em uma sessão especial na Cinemateca Brasileira. A cerimônia, marcada para quarta-feira, 19/10, será apresentada por Renata de Almeida e Serginho Groisman.

Como de costume, a Mostra de São Paulo traz títulos de cineastas consagrados e exibidos recentemente em importantes festivais internacionais, como: Bardo: Falsa Crônica de Algumas Verdades, de Alejandro G. Iñárritu, que disputou o Leão de Ouro em Veneza; Pacifiction, de Albert Serra, exibido na Competição Oficial de Cannes e em San Sebastián; Un beau matin (One Fine Morning), de Mia Hansen-Løve, premiado na Quinzena dos Realizadores, em Cannes; Sem Ursos, do cineasta iraniano Jafar Panahi, que recebeu o Prêmio Especial do Júri em Veneza; Conto de Fadas (Fairtyle), de Alexander Sokurov, que disputou o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno; Nada de Novo no Front, de Edward Berger, exibido no Festival de Toronto; Os Anos Super 8, de David Ernaux-BriotAnnie Ernaux (ganhadora do Nobel de Literatura), exibido na Quinzena dos Realizadores, em Cannes.

E mais: as séries The Kingdom Exodus, de Lars von Trier (dois episódios), e Noite Exterior (Esterno Notte), de Marco Bellocchio; além do especial Cinema Almanac: Seis Curtas de Radu Jude com a exibição de Caricaturana (2021), Os Potemkinistas (2022), Memórias do Front Oriental (2022), As Duas Execuções do Marechal (2018), Punir e Disciplinar (2019) e Plástico Semiótico (2021).

Do Festival de Veneza, além dos já citados, a seleção traz também: o iraniano Além das Paredes, de Vahid Jalilvand, que disputou o Leão de Ouro; Terceira Guerra Mundial, de Houman Seyyedi, que levou os prêmios de melhor filme e melhor ator para Mohsen Tanabandeh na mostra Orizzonti; o drama português Lobo e Cão, de Cláudia Varejão, vencedor do prêmio de melhor filme da mostra paralela Giornate degli Autori; Nezouh, da diretora síria Soudade Kaadan, vencedor do Prêmio do Público da seção Orizzonti Extra; o documentário Marcha Sobre Roma, de Mark Cousins, destaque da Giornate degli Autori; e A Garota Voou, de Wilma Labate, exibido na mostra Orizzonti Extra do ano passado.

Ainda em Veneza, da mostra Orizzonti, destacam-se: Peregrinos, do cineasta lituano Laurynas Bareiša, vencedor do prêmio de melhor filme; Blanquita, de Fernando Guzzoni, eleito o melhor roteiro; A Noiva, de Sérgio Tréfaut, cineasta brasileiro radico em Portugal; a comédia Luxemburgo, Luxemburgo, de Antonio Lukich; Vera, de Tizza Covi e Rainer Frimmel, que recebeu os prêmios de melhor direção e melhor atriz para Vera Gemma; entre outros.

Cena do filme Vera, de Tizza Covi e Rainer Frimmel: premiado em Veneza

Enquanto isso, do Festival de Cannes, além do grande vencedor da Palma de Ouro, a Mostra de São Paulo traz outros títulos que foram exibidos na Competição Oficial, como: As Oito Montanhas, de Felix van Groeningen e Charlotte Vandermeersch, vencedor do Prêmio do Júri; Boy from Heaven (Walad Min Al Janna), de Tarik Saleh, eleito o melhor roteiro; Os Irmãos de Leila, de Saeed Roustaee, vencedor do Prêmio FIPRESCI; A Esposa de Tchaikovsky, de Kirill Serebrennikov; e Armageddon Time, de James Gray, com Anne Hathaway, Jeremy Strong e Anthony Hopkins no elenco, que conta com produção executiva dos brasileiros Lourenço Sant’Anna e Rodrigo Teixeira, da RT Features.

Da mostra Un Certain Regard, de Cannes, também conhecida como Um Certo Olhar, a programação apresenta: o paquistanês Joyland, de Saim Sadiq, que recebeu o Prêmio do Júri e conta com a brasileira Jasmin Tenucci na equipe de montagem; Febre do Mediterrâneo, de Maha Haj, eleito o melhor roteiro; o drama Mais que Nunca, de Emily Atef, com Gaspard Ulliel em seu penúltimo projeto antes de sua morte; Dias Ardentes, de Emin Alper, que disputou a Queer Palm; o drama costa-riquenho Domingo e a Neblina, de Ariel Escalante Meza; Harka, de Lotfy Nathan, que rendeu o prêmio de melhor atuação para Adam Bessa; e Rodeio Urbano, de Lola Quivoron, vencedor do Prêmio Coup De Cœur.

A Semana da Crítica, mostra paralela do Festival de Cannes, também ganha destaque na 46ª edição da Mostra de São Paulo com: La Jauría, de Andrés Ramírez Pulido, vencedor do Grande Prêmio; o drama iraniano Imagine, de Ali Behrad; A História de um Lenhador, de Mikko Myllylahti, vencedor do Prêmio Gan Foundation de Distribuição; Dalva, de Emmanuelle Nicot, que recebeu o Prêmio FIPRESCI; Aftersun, de Charlotte Wells, vencedor do Prêmio do Júri e também exibido em Toronto e premiado no Festival de Bucareste; o português Alma Viva, de Cristèle Alves Meira; Visões de Ramses, de Clément Cogitore, exibido fora de competição; e Bem Vindos a Bordo, de Julie Lecoustre e Emmanuel Marre, protagonizado por Adèle Exarchopoulos, e vencedor do Prêmio Gan Foundation de Distribuição do ano passado.

A Quinzena dos Realizadores, outra mostra paralela do Festival de Cannes, marca presença com: o ucraniano Pamfir, de Dmytro Sukholytkyy-Sobchuk; A Barragem, de Ali Cherri; A Montanha, de Thomas Salvador, vencedor do Prêmio SACD; o colombiano Um Homem, de Fabian Hernández, que disputou a Queer Palm e também foi exibido em San Sebastián, além de ter sido consagrado no Festival de Cine de Lima com quatro prêmios; o documentário De humani corporis fabrica, de Lucien Castaing-Taylor e Verena Paravel, também exibido na mostra Wavelengths em Toronto; e Deriva Continental, de Lionel Baier, que disputou a Queer Palm.

Cena do filme paquistanês Joyland, de Saim Sadiq: premiado em Cannes

Da programação da ACID, Association du cinéma indépendant pour sa diffusion, evento paralelo ao Festival de Cannes, a Mostra traz: 99 Moons, de Jan Gassmann; Aya, de Simon Gillard; Magdala, de Damien Manivel; e O Estranho Caso de Jacky Caillou, de Lucas Delangle.

Completam a seleção de Cannes na Mostra de São Paulo: Plano 75, de Chie Hayakawa, que recebeu Menção Especial do prêmio Camera d’Or e foi exibido também nos festivais de Toronto e Karlovy Vary; o português Restos do Vento, de Tiago Guedes, exibido fora de competição; o documentário As Tempestades de Jeremy Thomas, de Mark Cousins; Marcel!, de Jasmine Trinca, exibido na seção Apresentações Especiais; Chronique d’une liaison passagère, de Emmanuel Mouret, exibido fora de competição e que disputou a Queer Palm, e foi exibido também no FIDMarseille; a comédia musical Don Juan, de Serge Bozon, com Virginie Efira e Tahar Rahim, exibida fora de competição; e a comédia Fumar Causa Tosse, de Quentin Dupieux, exibida na Sessão da Meia-Noite e no Sitges Film Festival.

Outro evento importante que ganha destaque na 46ª edição da Mostra de São Paulo é o Festival de Berlim. Dos premiados, estão confirmados: Alcarrás, longa franco-italiano de Carla Simón, que foi consagrado com o Urso de Ouro de melhor filme; o coreano O Filme da Escritora (So-seol-ga-ui Yeong-hwa), de Hong Sang-so, vencedor do Urso de Prata pelo Grande Prêmio do Júri; Manto de Joias, primeiro longa da boliviana Natalia López Gallardo, que recebeu o Urso de Prata do Prêmio do Júri; Com Amor e Fúria, de Claire Denis, vencedor do Urso de Prata de melhor direção; Um Pedaço do Céu, de Michael Koch, que recebeu Menção Especial do júri e foi premiado no Festival de Karlovy Vary; além do austríaco Mutzenbacher, documentário de Ruth Beckermann, que levou o principal prêmio da seção Encounters.

A seleção da Berlinale segue com A Linha, de Ursula Meier, e Un été comme ça (That Kind of Summer), de Denis Côté, que disputaram o Urso de Ouro; o iraniano Até Amanhã, de Ali Asgari, exibido na mostra Panorama; Sonne, de Kurdwin Ayub, que recebeu o GWFF Best First Feature Award; Agitação, de Cyril Schäublin, vencedor do prêmio de melhor direção da mostra Encounters e também exibido nos festivais de Toronto, San Sebastián, New York e IndieLisboa; Esquema, de Farkhad Sharipov, vencedor do Grande Prêmio da seção Generation 14Plus; O Falsificador, de Maggie Peren, exibido na mostra Berlinale Special Gala; Corações Gentis, de Gerard-Jan Claes e Olivia Rochette, vencedor do Grande Prêmio do Júri Internacional da seção Generation 14plus; e Belas Criaturas, de Guðmundur Arnar Guðmundsson, exibido na mostra Panorama e vencedor do Prêmio Label Europa Cinemas.

Ainda do Festival de Berlim, mais títulos da mostra Encounters: À vendredi, Robinson, de Mitra Farahani, vencedor do Prêmio Especial do Júri; Axiom, de Jöns Jönsson, que rendeu o prêmio de melhor ator para Moritz von Treuenfels no Festival de Hong Kong; Flux Gourmet, de Peter Strickland, também exibido no Sitges Film Festival; e o documentário Diário Americano, de Arnaud des Pallières.

Cena de Alcarràs, de Carla Simón: Urso de Ouro em Berlim

Do Festival de San Sebastián, serão exibidos: Los reyes del mundo, de Laura Mora, que recebeu a Concha de Ouro de melhor filme; Quem os Impede, de Jonás Trueba, vencedor do Prêmio da Crítica e de melhor atuação para o elenco, além de melhor atriz para Candela Recio no Festival de Mar del Plata e premiado na categoria de melhor documentário no Goya, o Oscar espanhol; o documentário O Teto Amarelo, de Isabel Coixet, que recebeu Menção Especial no Prêmio Dunia Ayaso; e Terra de Deus, de Hlynur Pálmason, vencedor do prêmio de melhor filme da mostra Zabaltegi-Tabakalera e também exibido na mostra Un Certain Regard, em Cannes.

E mais: As Paredes Falam, documentário de Carlos Saura, exibido em sessão especial; O Suplente, de Diego Lerman, que rendeu o prêmio de melhor interpretação coadjuvante para Renata Lerman; Benediction, de Terence Davies, eleito o melhor roteiro da edição do ano passado; e Inventário, de Darko Sinko, exibido na mostra New Directors e premiado no Slovene Film Festival.

O Festival de Locarno também ganha destaque na programação da 46ª Mostra. Além do brasileiro Regra 34, de Julia Murat, grande vencedor do Leopardo de Ouro, a lista traz também: Tenho Sonhos Elétricos, de Valentina Maurel, vencedor dos prêmios de melhor direção, melhor atriz para Daniela Marín Navarro e melhor ator para Reinaldo Amien Gutiérrez, além de ter sido premiado como melhor filme da mostra Horizonte em San Sebastián; o português Nação Valente, de Carlos Conceição, vencedor do prêmio de melhor filme europeu e do Prêmio do Júri Jovem; o documentário Noite Obscura – Folhas Selvagens, de Sylvain George, exibido fora de competição; Boliche Saturno, de Patricia Mazuy, que disputou o Leopardo de Ouro; o suspense Medusa Deluxe, de Thomas Hardiman, exibido na mostra Piazza Grande e também nos festivais de Londres e Sitges.

E mais: o ucraniano Como Está Katia?, de Christina Tynkevych, vencedor do Prêmio Especial do Júri e melhor atriz para Anastasia Karpenko na seção Cineastas do Presente; a fantasia De noche los gatos son pardos, de Valentin Merz, que recebeu Menção Honrosa por filme de estreia; É Noite na América, de Ana Vaz, uma coprodução entre Itália, França e Brasil, que recebeu Menção Especial no Pardo Verde WWF; Gigi a Lei, de Alessandro Comodin, vencedor do Prêmio Especial do Júri e exibido no Festival de Nova York; o documentário português Objetos de Luz, de Marie Carré e Acácio de Almeida, exibido fora de competição; e a fantasia Piaffe, de Ann Oren, vencedor do Prêmio do Júri Jovem e também exibido em San Sebastián.

A Mostra de São Paulo traz também títulos do Festival de Roterdã, como: O Excesso Nos Salvará, de Morgane Dziurla-Petit, vencedor do Prêmio Especial do Júri; Broadway, de Christos Massalas, e Isolamento Esplêndido, de Urszula Antoniak, exibidos na mostra Big Screen. Da Tiger Competition, a lista conta com: A Criança, de Marguerite de Hillerin e Félix Dutilloy-Liégeois; O Mensageiro das Nuvens, de Rahat Mahajan, também exibido no Cinéma du Réel; e As Planícies, de David Easteal.

De noche los gatos son pardos, de Valentin Merz: exibido em Locarno

Outro destaque da 46ª edição da Mostra de São Paulo é o Festival de Sundance com diversos títulos, entre eles: Leonor Jamais Morrerá, de Martika Ramirez Escobar, vencedor do Prêmio Especial do Júri na seção World Cinema Dramatic; Palmeiras e Linhas Elétricas, de Jamie Dack, que recebeu o prêmio de melhor direção da competição americana; o mexicano Dos Estaciones, de Juan Pablo González, que rendeu o prêmio de melhor atriz para Teresa Sánchez, além de ter sido consagrado no L.A. Outfest e exibido em San Sebastián; o documentário Fire of Love, de Sara Dosa, vencedor do prêmio de melhor montagem, além do Prêmio do Público no Visions du Réel e consagrado no Festival de Seattle; e o drama Gentil, de László Csuja e Anna Nemes, exibido na competição internacional e premiado nos festivais de Bruxelas e Cleveland.

Ainda sobre festivais internacionais, também se destacam: O Visitante, de Martín Boulocq, vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Tribeca; A Donzela, de Graham Foy, exibido na mostra Contemporary World Cinema em Toronto e na Giornate degli Autori em Veneza; o documentário Boicote, de Julia Bacha, exibido nos festivais SXSW, South by Southwest, e Hot Docs; o drama A Água, da cineasta espanhola Elena López Riera, que foi exibido na Quinzena dos Realizadores, em Cannes, e também nos festivais de Toronto e San Sebastián; A Catedral, de Ricky D’Ambrose, que recebeu o Prêmio Especial HFPA em Veneza, além de ter sido exibido em Sundance e na mostra Bright Future em Roterdã; Uma Mulher do Mundo, de Cécile Ducrocq, que foi indicado ao César, o Oscar francês, na categoria de melhor atriz por Laure Calamy; o drama O Massacre da Salsinha, de José María Cabral, vencedor do Prêmio do Público no Festival de Miami e do Prêmio Especial do Júri no Costa Rica International Film Festival; a comédia dramática Você Tem Que Vir e Ver, de Jonás Trueba, vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Karlovy Vary.

E mais: o documentário Louis Armstrong’s Black & Blues, de Sacha Jenkins, exibido na mostra TIFF Docs em Toronto; o drama Segredos de Guerra, de Peeter Rebane, grande vencedor do Austin Gay & Lesbian International Film Festival e do FilmOut San Diego; o documentário A Pequena Ilha, de Tizian Büchi, vencedor do Grande Prêmio do Júri no festival Visions du Réel e também exibido no Festival de Karlovy Vary; o drama canadense Brother, de Clement Virgo, exibido na mostra Special Presentations no Festival de Toronto; o documentário As Hostilidades, de M. Sebastian Molina, exibido no IDFA, Festival Internacional de Documentários de Amsterdã; a animação Salgueiros Cegos, Mulher Dormindo, de Pierre Földes, que recebeu Menção Honrosa do júri do Festival de Annecy; o documentário Distopia, de Tiago Afonso, exibido no Doclisboa; e a comédia dramática O Gafanhoto, da cineasta iraniana Faezeh Azizkhani, exibida no South by Southwest.

Cena de Leonor Jamais Morrerá, de Martika Ramirez Escobar: premiado em Sundance

Entre os títulos internacionais, a Mostra de São Paulo traz também o português Campo de Sangue, de João Mário Grilo e protagonizado por Carloto Cotta, baseado no livro homônimo de Dulce Maria Cardoso; o japonês O Deus do Cinema, de Yôji Yamada, destaque no Summer International Film Festival Hong Kong e no Beijing International Film Festival; a comédia policial romena Homens de Atos, de Paul Negoescu, exibido no Festival de Sarajevo; o suspense Roost, de Amy Redford, com Grace Van Dien, exibido em Toronto; o português Kinorama – Cinema Fora de Órbita, de Edgar Pêra, exibido no Festival de Roterdã; e o documentário Meu Nome é Alfred Hitchcock, de Mark Cousins, que celebra, em 2022, o aniversário de cem anos do primeiro longa-metragem do consagrado cineasta.

Como de costume, a seleção da Mostra traz títulos já indicados por seus respectivos países que disputarão uma vaga na categoria de melhor filme internacional do Oscar. Até agora já estão confirmados: Domingo e a Neblina, de Ariel Escalante, representante da Costa Rica; Nada De Novo no Front, de Edward Berger, da Alemanha; o islandês Belas Criaturas, de Guðmundur Arnar Guðmundsson; Terceira Guerra Mundial, de Houman Seyyedi, representante do Irã; o japonês Plano 75, de Chie Hayakawa; Peregrinos, de Laurynas Bareiša, da Lituânia; Joyland, de Saim Sadiq, representante do Paquistão; da Palestina, Febre do Mediterrâneo, de Maha Haj; o português Alma Viva, de Cristèle Alves Meira; Alcarràs, de Carla Simón, representante da Espanha; Boy from Heaven, de Tarik Saleh, da Suécia; o suíço Um Pedaço do Céu, de Michael Koch; e Bardo: Falsa Crônica de Algumas Verdades, de Alejandro G. Iñárritu, representante do México.

A 46ª edição da Mostra de São Paulo, como de costume, fortalece o olhar para o cinema brasileiro. Neste ano, cerca de 61 títulos nacionais integram a seleção da Mostra Brasil. Os longas estão divididos nas seções Apresentação Especial, Competição Novos Diretores e Perspectiva Internacional. As produções e coproduções brasileiras são inéditas no circuito comercial, finalizadas entre 2021 e 2022, com exceção dos títulos restaurados.

Destacam-se na programação: o premiado A Mãe, de Cristiano Burlan e protagonizado por Marcélia Cartaxo; Exu e o Universo, documentário de Thiago Zanato; o drama A Filha do Palhaço, de Pedro Diógenes, recentemente premiado no 32º Cine Ceará; o documentário Corpolítica, de Pedro Henrique França, consagrado no Queer Lisboa; Fogaréu, de Flávia Neves, premiado pelo público no Festival de Berlim; A Cozinha, que marca a estreia de Johnny Massaro na direção de um longa de ficção; Lilith, de Bruno Safadi, com Isabél Zuaa, Renato Góes e Nash Laila; Bem-Vinda, Violeta!, de Fernando Fraiha, com Débora Falabella; o documentário Diálogos com Ruth de Souza, de Juliana Vicente; O Skate me Levou, de Lecuk Ishida; Carvão, de Carolina Markowicz, exibido nos festivais de Toronto e San Sebastián; Aldeotas, de Gero Camilo; Nossa Pátria Está Onde Somos Amados, documentário dirigido por Felipe Hirsch; Raquel 1:1, de Mariana Bastos, exibido no SXSW e no Festival de Guadalajara; Bocaina, de Fellipe Barbosa e Ana Flávia Cavalcanti; Uýra – A Retomada da Floresta, de Juliana Curi, premiado no Outfest Los Angeles LGBTQ Film Festival.

Cena do documentário brasileiro Uýra – A Retomada da Floresta, de Juliana Curi

E mais: Paloma, de Marcelo Gomes, exibido no Festival de Cinema de Munique; Noites Alienígenas, de Sérgio de Carvalho, o grande vencedor do 50º Festival de Cinema de Gramado; Ciclo, de Ian SBF, com Felipe Abib, Daniel Furlan, Dani Ornellas, Flávio Bauraqui, Stephanie Lourenço e Rafael Saraiva no elenco; o documentário Amazônia, a Nova Minamata?, de Jorge Bodanzky; Derrapada, de Pedro Amorim, com Nanda Costa no elenco; O Clube dos Anjos, de Angelo Defanti, também exibido em Gramado; Andança: Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho, documentário de Pedro Bronz; O Rio do Desejo, de Sérgio Machado, com Sophie Charlotte e Daniel de Oliveira; o pernambucano Paterno, de Marcelo Lordello, com Marco Ricca e Gustavo Patriota; a animação Perlimps, de Alê Abreu, exibida no Festival de Annecy; o documentário Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você, de Roberto de Oliveira; Transe, de Carolina Jabor e Anne Pinheiro Guimarães; Fausto Fawcett na Cabeça, de Victor Lopes; o documentário Um Outro Francisco, de Margarita Hernández; entre outros.

A programação da Mostra de São Paulo completa-se com títulos da mostra Apresentação Especial, que exibirá os clássicos restaurados: Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, A Rainha Diaba, de Antonio Carlos Fontoura, A Mãe e a Puta (La Maman e la putain) e Meus Pequenos Amores (Mes petites amoureuses), ambos de Jean Eustache, e Bratan, de Bakhtyar Khudojnazarov. Outros filmes, como os curtas de Lucrecia Martel, A Camareira, e Le Pupille, de Alice Rohrwacher, também serão exibidos.

O jornalista, escritor e diretor Arnaldo Jabor, que morreu no início do ano, ganha homenagem póstuma do evento com a exibição do longa Eu Te Amo. O filme será antecedido por um curta de Carolina Jabor, extraído do depoimento que o diretor deu ao projeto da Mostra, Filmes da Minha Vida, na 30ª edição do evento.

Concedido a personalidades que demonstram questões humanistas, sociais e políticas pertinentes ao seu tempo de forma corajosa e sensível, o Prêmio Humanidade desta edição será entregue à diretora Ana Carolina. A cerimônia acontecerá durante a apresentação especial de seus filmes Mar de Rosas, Das Tripas Coração, Sonho de Valsa e Paixões Recorrentes. Enquanto isso, o Prêmio Leon Cakoff deste ano será entregue à cantora e atriz Doris Monteiro, protagonista de Agulha no Palheiro, de Alex Vianny; o filme, de 1953, foi restaurado em 1977 pela Cinemateca Brasileira.

O fim da vida de um artista do porte de Jean-Luc Godard, que morreu recentemente, não significa a conclusão de sua obra. Além da abundante produção audiovisual que continuará a circular, fertilizando ideias e reinvenções, há um tesouro a emergir do imenso arquivo do cineasta franco-suíço, agora sob o controle do produtor Vincent Maraval. Até Sexta, Robinson é o primeiro fragmento inédito do planeta Godard que a 46ª Mostra traz ao Brasil em homenagem ao cineasta franco-suíço. O filme, dirigido pela cineasta e produtora iraniana Mitra Farahani, condensa um diálogo, por meio de correspondências, entre Godard e o menos conhecido Ebrahim Golestan, diretor e escritor iraniano, autor também de uma obra revolucionária.

A programação da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo traz o programa Olhares Sobre a Amazônia este ano. A gravidade da crise climática e a insuficiência das decisões políticas, agravadas pelas omissões, colocaram a Amazônia no centro das preocupações do mundo. Há muito, a proteção da floresta e das reservas habitadas pelos povos originários deixou de chamar a atenção apenas de ambientalistas e indigenistas. Enquanto os governos e os poderes disputam, os cineastas põem os pés na terra, adentram a região para ver e exibir a concretude da Amazônia. Bela e feia, rica e pobre, rural e urbanizada, selvagem e integrada são contradições que convivem nos filmes reunidos na Olhares Sobre a Amazônia.

Milton Gonçalves em A Rainha Diaba: filme restaurado

Outro destaque deste ano são as produções em realidade virtual, que voltam a integrar a programação do evento pelo quarto ano consecutivo; elas fazem parte de exibições especiais que ocorrem na Cinemateca Brasileira. Além disso, entre os dias 26 e 29 de outubro, a Mostra Internacional de Cinema vai realizar o II Encontro de Ideias para receber realizadores, produtores, gestores culturais e profissionais do audiovisial reconhecidos pelo engajamento em fazer e pensar o conteúdo audiovisual. A programação incorpora o ciclo de debates sobre cinema do VI Fórum Mostra, mesas de discussão sobre o panorama do Mercado Audiovisual, Rodadas de Negócios para apresentar projetos em desenvolvimento a parceiros e a seção Da Palavra à Imagem, com painéis sobre adaptação de obras literárias e reunião de autores e editores de livros com produtores do audiovisual.

Todos os anos, a Mostra Internacional de Cinema convida um artista ou cineasta para fazer a arte do pôster do ano. Nomes como Ai Weiwei, Andrei Tarkóvski, Tomie Ohtake, Aleksandr Sokúrov, Angeli, Federico Fellini, Isabella Rossellini, Amos Gitai, Os Gêmeos, Ziraldo, assinaram o cartaz do evento em diferentes edições. A arte do pôster desta edição é assinada pelo muralista brasileiro Kobra. O artista deu o título Volte a Sonhar à arte do poster da 46ª Mostra Internacional de Cinema. A imagem da garota tendo a cidade de São Paulo no horizonte e em conexão com a imagem do filme A Viagem à lua, de Georges Méliès, realizado há 120 anos, simboliza que o cinema pode abrir horizontes em lugares inimagináveis e nos levar ao universo dos sonhos, onde diferentes perspectivas se abrem para a fantasia e a criatividade.

Nascido em 1975 no Jardim Martinica, bairro pobre da zona sul paulistana, Eduardo Kobra tornou-se um dos mais reconhecidos muralistas da atualidade, com obras em cinco continentes. Além disso, o artista é personagem do documentário Kobra Auto Retrato, de Lina Chamie, que está na seleção deste ano.

Após serem exibidos na 46ª Mostra, os filmes da seção Competição Novos Diretores mais votados pelo público serão submetidos ao júri, que escolherá os vencedores do Troféu Bandeira Paulista (uma criação da artista plástica Tomie Ohtake) nas categorias de melhor filme de ficção, melhor documentário e outras categorias que o júri desejar.

Neste ano, o diretor, produtor e roteirista português Rodrigo Areias, a diretora Lina Chamie e o diretor e produtor André Novais Oliveira formam o júri da Competição Novos Diretores. O público também vota em seus preferidos estrangeiros e brasileiros, escolhendo o melhor filme de ficção e o melhor documentário da Perspectiva Internacional e da Mostra Brasil.

A 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo conta com uma grande variedade de produções de diversos lugares do mundo. Até o momento, 60 países estão envolvidos em filmes selecionados.

Fotos: Divulgação.

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