Foram anunciados nesta quarta-feira, 26/10, no Cine Brasília, os filmes selecionados para a 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que acontecerá entre os dias 14 e 20 de novembro. O mais longevo festival de cinema do país apresentará mais de 40 títulos de todas as regiões brasileiras, além de realizar uma homenagem ao veterano realizador Jorge Bodanzky.
Com quase 1.200 filmes inscritos, a seleção oficial é dividida entre longas e curtas das mostras Competitiva Nacional e Brasília, além de duas mostras paralelas de longas e sessões hors-concours. A edição de 2022 está focada no retorno ao ambiente de exibições presenciais e na reconstrução de políticas do audiovisual brasileiro.
Procurando ampliar a janela de filmes em competição e mantendo a marca histórica de 6 longas e 12 curtas nacionais, o Festival de Brasília inicia os trabalhos já com a Mostra Competitiva Nacional na noite de abertura. Os filmes competem por quase 30 troféus Candango, em sessões apresentadas sempre às 20h30, de 14 a 19 de novembro. A direção artística desta edição é assinada pela produtora Sara Rocha.
Entre os longas da Mostra Competitiva Nacional foram selecionadas duas produções do Distrito Federal, feito inédito na história do festival: Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta, obra futurista que explora os impactos da presença da extrema-direita em ambientes de favela; e Rumo, de Bruno Victor e Marcus Azevedo, sobre a trajetória de implementação das cotas raciais em universidades brasileiras.
É no debate político-social brasileiro que se firma o restante da programação de longas: o documentário fluminense Mandado, de João Paulo Reys e Brenda Melo Moraes, investiga o sistema penal brasileiro; enquanto o título paulista-amazonense A Invenção do Outro, de Bruno Jorge, acompanha expedição humanitária do indigenista Bruno Pereira na Amazônia em busca da etnia isolada dos Korubos. Entre as ficções selecionadas, o mineiro Canção ao Longe, de Clarissa Campolina, debate questões de classe, família, tradição, raça, gênero e identidade, e o pernambucano Espumas ao Vento, de Taciano Valério, contrapõe o labor da arte à expansão de igrejas neopentecostais pelo Brasil.
Entre os curtas-metragens da Competitiva Nacional do 55º Festival de Brasília, um panorama da produção nacional traz títulos de Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Paraíba, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul.
A comissão de seleção de longas foi formada pelo crítico de cinema André Dib, o cineasta e curador Erly Vieira Jr, a curadora e produtora Rafaella Rezende e a pesquisadora Janaína Oliveira. Para os curtas, a seleção se deu através dos olhares do jornalista e pesquisador Adriano Garrett, a programadora e produtora Bethania Maia, as curadoras e realizadoras Camila Macedo e Flavia Candida, a atriz e roteirista Julia Katharine e o pesquisador e curador Pedro Azevedo.
Na tradicional Mostra Brasília, quatro longas e oito curtas-metragens produzidos no Distrito Federal disputam 13 troféus Candango, acompanhados de R$ 240 mil em prêmios concedidos pela Câmara Legislativa do DF, incluindo R$ 100 mil para o melhor longa e R$ 30 mil para o melhor curta pelo Júri Oficial. Na categoria júri popular, o longa vencedor receberá R$ 40 mil, enquanto o curta agraciado ficará com R$ 10 mil. A comissão de seleção de filmes foi formada pelo produtor Sidiny Diniz, o publicitário Allyson Xavier, a produtora Simônia Queiroz, o cineasta Péterson Paim e o curador e crítico Sérgio Moriconi.
Diferentemente de edições anteriores, em 2022 o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro já inicia sua programação com a Mostra Competitiva, dispensando um filme de abertura. Outras obras, no entanto, somam-se às obras selecionadas para sessões especiais, com títulos prestigiados do cinema nacional, também para duas mostras paralelas: Reexistências e Festival dos Festivais.
O encerramento do Festival de Brasília contará com uma sessão hors-concurs do filme Diálogos com Ruth de Souza, da diretora paulista Juliana Vicente, antecedendo a cerimônia de premiação, que acontecerá no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. A data marca também o retorno do Prêmio Zózimo Bulbul, concedido pelo festival em parceria com a APAN e o Centro Afrocarioca de Cinema. Na sequência, haverá sessão especial do documentário Quando a Coisa Vira Outra, de Marcio de Andrade, em homenagem a Vladimir Carvalho, pioneiro do cinema brasiliense.
Em tributo ao diretor Jorge Bodanzky, o 55º FBCB apresentará ao público uma pequena mostra com produções do homenageado desta edição. Paulista, o diretor iniciou sua carreira na Universidade de Brasília e realizou obras junto a Hector Babenco, Antunes Filho e outros, sendo Iracema: Uma Transa Amazônica (1974), seu mais conhecido filme.
Na mostra Reexistências, quatro longas exploram narrativas do presente e do passado, pensando a diversidade em todas suas formas de expressão. Conhecido por dar preferência a títulos inéditos, o Festival de Brasília ganha também a mostra Festival dos Festivais, para apresentar três filmes com passagens bem sucedidas por outras competições nacionais.
Neste ano, o 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro retoma as atividades do Ambiente de Mercado, que volta após a pandemia, em sua quarta edição para estimular, fomentar e mediar rodadas de negócios, pitchings e encontros com players. Uma novidade para esta edição será a realização da Clínica de Projetos, uma atividade presencial preparatória para as rodadas de negócios e os pitchings abertos do Ambiente de Mercado.
Como forma de democratizar o acesso e o conhecimento para todo o Brasil, as atividades formativas do 55º Festival de Brasília serão realizadas on-line, pela plataforma Zoom, durante os dias do festival. As inscrições estão abertas somente até o dia 31 de outubro.
Conheça os filmes selecionados para o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 2022:
MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL | LONGAS
A Invenção do Outro, de Bruno Jorge (SP/AM)
Canção ao Longe, de Clarissa Campolina (MG)
Espumas ao Vento, de Taciano Valério (PE)
Mandado, de João Paulo Reys e Brenda Melo Moraes (RJ)
Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta (DF)
Rumo, de Bruno Victor e Marcus Azevedo (DF)
MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL | CURTAS
Anticena, de Tom Motta e Marisa Arraes (DF)
Ave Maria, de Pê Moreira (RJ)
Big Bang, de Carlos Segundo (MG/RN)
Calunga Maior, de Thiago Costa (PB)
Capuchinhos, de Victor Laet (PE)
Escasso, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles (RJ)
Lugar de Ladson, de Rogério Borges (SP)
Nem o Mar Tem Tanta Água, de Mayara Valentim (PB)
Nossos Passos Seguirão os Seus…, de Uilton Oliveira (RJ)
São Marino, de Leide Jacob (SP)
Sethico, de Wagner Montenegro (PE)
Um Tempo para Mim, de Paola Mallmann de Oliveira (RS)
MOSTRA BRASÍLIA | LONGAS
Afeminadas, de Wesley Godim
Capitão Astúcia, de Filipe Gontijo
O Pastor e o Guerrilheiro, de José Eduardo Belmonte
Profissão Livreiro, de Pedro Lacerda
MOSTRA BRASÍLIA | CURTAS
Desamor, de Herlon Kremer
Levante pela Terra, de Marcelo Cuhexê
Manual da pós-verdade, de Thiago Foresti
Plutão não é tão longe daqui, de Augusto Borges e Nathalya Brum
Reviver, de Vinícius Schuenquer
Super-Heróis, de Rafael de Andrade
Tá Tudo Bem, de Carolina Monte Rosa
Virada de Jogo, de Juliana Corso
SESSÕES ESPECIAIS
Diálogos com Ruth de Souza, de Juliana Vicente (SP)
Quando a Coisa Vira Outra, de Marcio de Andrade (DF)
MOSTRA REEXISTÊNCIAS
Cordelina, de Jaime Guimarães (PB)
Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor, de Luis Carlos de Alencar (RJ)
O Cangaceiro da Moviola, de Luís Rocha Melo (MG/RJ)
Uýra – A Retomada da Floresta, de Juliana Curi (AM)
MOSTRA FESTIVAL DOS FESTIVAIS
A Filha do Palhaço, de Pedro Diógenes (CE)
Fogaréu, de Flávia Neves (GO)
Três Tigres Tristes, de Gustavo Vinagre (SP)
HOMENAGEM JORGE BODANZKY
Amazônia, a nova Minamata?, de Jorge Bodanzky
Compasso de Espera, de Antunes FIlho
Distopia Utopia, de Jorge Bodanzky
Foto: Divulgação.