8°Olhar de Cinema: obras restauradas de cineastas renomados serão exibidas na Mostra Olhares Clássicos

por: Cinevitor

cantandonachuvaolhardecinemaGene Kelly na cena clássica de Cantando na Chuva.

A mostra Olhares Clássicos, que traz a história do cinema como ponto principal, é um dos destaques do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. Como já é tradição, a seleção faz um panorama histórico, reencontrando ou conhecendo pela primeira vez a obra de alguns dos nomes mais relevantes do cinema. São filmes consagrados que já não são exibidos nos cinemas da capital paranaense há muito tempo e títulos inéditos no Brasil, em obras restauradas menos conhecidas do grande público, mas fundamentais para o cinema.

“Diferentes elementos contribuem para que um filme seja considerado um clássico”, diz Aaron Cutler, um dos programadores para longas-metragens do Olhar de Cinema. “Dois dos mais importantes são atualidade e urgência. Os filmes da seleção de Clássicos deste ano falam diretamente do seu período para o nosso, por meio de uma relevância envolvente. São grandes obras que podem ser assistidas várias vezes, adquirindo assim novos significados e encantos. Estamos muito orgulhosos de fornecer tais filmes para o público do festival em cópias cuidadosamente restauradas e oferecer às pessoas a oportunidade de os descobrir ou redescobrir”.

Os cinco primeiros filmes anunciados da Olhares Clássicos vão permitir ao público conhecer e rememorar o trabalho de alguns dos principais nomes do cinema mundial falecidos recentemente. Como o coreógrafo e cineasta Stanley Donen, com seu Cantando na Chuva, de 1952, e codirigido por Gene Kelly. O filme é um dos musicais mais celebrados da Era de Ouro do cinema americano e tem como tema uma das grande mudanças nesta indústria com a chegada do som sincronizado. Além disso, foi indicado em duas categorias no Oscar: melhor atriz coadjuvante para Jean Hagen e melhor trilha sonora.

Um dos maiores nomes do cinema brasileiro também faz parte da seleção: Nelson Pereira dos Santos, com Memórias do Cárcere, de 1984, adaptação do clássico de Graciliano Ramos que atravessa gerações e ainda serve como um libelo pela liberdade artística e a resistência política em tempos de totalitarismo. Menos reconhecidos pelo grande público, mas ainda fundamentais, estão dois cineastas que criaram seu próprios espaços de linguagem e marcaram o cinema, inspirando vários outros realizadores até os dias de hoje: o lituano Jonas Mekas e o inglês Nicolas Roeg.

memoriascarcereolharcinemaProtagonista: Carlos Vereza em Memórias do Cárcere.

Outra preocupação do Olhar de Cinema é fazer com que nomes apagados da história do cinema encontrem o reconhecimento merecido. Como se sabe, o caso dos apagamentos de mulheres realizadoras é ainda mais evidente e, pensando nisso, a curadoria selecionou um programa com três filmes da cineasta francesa Germaine Dulac, que morreu em 1942. Ao atravessar do cinema mudo ao sonoro, de maneira pioneira, a diretora foi uma figura chave para a vanguarda francesa da década de 1920 e também uma das primeiras cineastas a assumir um posicionamento feminista tanto na vida quanto nos filmes.

“Sua investigação estética tinha como foco aquilo que era específico ao meio cinematográfico, como os jogos de luz e sombra e a relação entre movimentos, resultando em filmes por vezes chamados de impressionistas, surrealistas ou, como ela defendia, integrais”, afirma a curadora Carla Italiano. “Se por décadas a importância fundamental de Dulac foi omitida da historiografia dominante mundial, hoje ela pode ser considerada uma das artistas incontornáveis para qualquer olhar retrospectivo dedicado às primeiras décadas do cinema”, complementa.

Conheça os primeiros filmes anunciados para a Mostra Olhares Clássicos do 8º Olhar de Cinema:

A Longa Caminhada (Walkabout), de Nicolas Roeg (1971)
Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain), de Stanley Donen e Gene Kelly (1952)
Memórias do Cárcere, de Nelson Pereira dos Santos (1984)
Reminiscências de uma Viagem à Lituânia (Reminiscences of a Journey to Lithuania), de Jonas Mekas (1972)
Celles qui s’en font, de Germaine Dulac (1928)
La cigarette, de Germaine Dulac (1919)
Danses espagnoles, de Germaine Dulac (1928)

Fotos: Divulgação.

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