Anne Celestino Mota e Matheus Moura em cena.
Dirigido por Gil Baroni, o longa Alice Júnior teve sua estreia comercial adiada por conta da pandemia de Covid-19. Com isso, o filme ganha nova data de lançamento: a partir do dia 11 de setembro nas plataformas de VoD, como Vivo Play, Oi Play, Google Play, iTunes, Now, YouTube Play e Looke.
O premiado longa fala sobre a adolescência, suas inquietações, seus sonhos e retrata a escola como um ambiente de ensino indispensável, mas que muitas vezes pode ser opressor. O diretor Gil Baroni, o roteirista e criador da ideia original Luiz Bertazzo e o corroteirista Adriel Nizer Silva, desenvolveram a história ao longo de um ano e meio: “O primeiro beijo é algo tão bonito e simples, uma conquista de todo ser humano quando passa pela jornada de maturação e começa a compreender sua independência e importância no mundo. Parece fácil contar a história do primeiro beijo na adolescência. No entanto, a complexidade nasce quando esse primeiro beijo acontece com um corpo trans. Isso porque o Brasil carrega uma vergonhosa estatística: é o país que mais mata transexuais no mundo e a expectativa de vida de uma pessoa trans é 35 anos. Alice é trans e sua existência é sinônimo de resistência”, explica Baroni.
A protagonista é interpretada pela atriz trans Anne Celestino Mota. A produção fez uma chamada de casting em uma rede social e várias pessoas se candidataram: “Na primeira conversa com Anne percebemos que ela preenchia o perfil físico, além de ser uma jovem militante consciente e contestadora. Marcamos uma conversa por Skype com ela e com a mãe [Somália Celestino] e ficamos surpresos: havíamos encontrado uma forte candidata ao papel de Alice Júnior”, complementa Baroni.
A atriz, natural do Recife, visitou a equipe em Curitiba e após várias conversas não só ganhou o papel de Alice como contribuiu com várias mudanças na escrita do roteiro, pois a equipe entendeu que a história deveria ser contada a partir do seu olhar, da sua militância, suas experiências e que seu lugar de fala deveria ser respeitado: “O filme traz uma personagem trans para o protagonismo da história. Como contar essa história sendo coerente com a realidade de um país transfóbico, mas ao mesmo tempo como fazer com que essa personagem tivesse força para representar a coragem, a superação e a vitória? Esse foi o maior desafio. Fazer um filme que falasse sobre todas essas questões com verossimilhança. E para isso eu estava sempre ouvindo e antenado com a Anne, que nos ensinava muitas questões sobre o universo trans”, conta o diretor.
Ser trans no Brasil é um ato de resistência. Alice é uma mulher trans e portanto seu corpo é político e questiona o padrão imposto. Ela não se esconde, se expõe através da internet, do seu vlog, não teme a câmera e diz o que pensa sobre o mundo. Selfies, vlogs, lives são meios de expressão e resistência. Alice é mulher trans que resiste através da construção de sua imagem.
“Gostaríamos que a história de Alice Júnior tocasse os corações do mundo e sensibilizasse as pessoas que ainda não compreenderam a beleza da diversidade de cada ser humano. Desejamos que o filme seja um estímulo para as pessoas que estão descobrindo a relevância de seus corpos tal como são (e não como querem que sejam: corpos dóceis). E queremos que o filme seja inspiração para os que continuam resistindo e quebrando paradigmas tóxicos à humanidade”, conclui Baroni.
Alice Júnior integrou a seleção da mostra Generation no Festival de Berlim deste ano; no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro recebeu os prêmios de melhor atriz para Anne Mota, melhor montagem, trilha sonora e atriz coadjuvante para Thaís Schier; no Festival do Rio, foi eleito o melhor filme da Mostra Geração segundo o público; na 27ª edição do Festival Mix Brasil foi consagrado com três estatuetas: melhor interpretação, Menção Honrosa e melhor longa nacional segundo o público.
Além disso, o filme tem circulado com sucesso em festivais internacionais e recebeu o Prêmio do Júri no aGLIFF, Austin Gay and Lesbian International Film Festival, e integra a seleção do Outfest Los Angeles LGBTQ Film Festival, considerado o maior festival com temática LGBTQIA+ do mundo.
Confira o trailer de Alice Júnior:
Foto: Divulgação/Olhar Distribuição.