BAFICI 2021: filmes brasileiros se destacam na programação

por: Cinevitor

obomcinemabaficiCena do documentário O Bom Cinema, de Eugenio Puppo.

O BAFICI, Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente, é considerado um dos mais importantes da América Latina por destacar o cinema independente. No ano passado, o evento foi cancelado por conta da pandemia de Covid-19. Para esta edição, a organização optou por exibições ao ar livre e também em uma plataforma com 85% da programação.

Neste contexto, o BAFICI se propõe como uma ferramenta fundamental para acompanhar cineastas e aproximar o cinema do público. Sua programação inclui estreias de autores consagrados e novos talentos, retrospectivas e descobertas de cineastas de todo o mundo, seções temáticas que mostram o panorama atual do cinema com abordagens especiais e um segmento especial para crianças, o BAFICITO, com uma ampla gama de filmes infantis.

O cinema brasileiro, como de costume, ganha destaque no festival argentino com diversos títulos, entre eles, o documentário O Amor Dentro da Câmera, de Jamille Fortunato e Lara Beck Belov, na Competição Oficial Internacional. O filme conta a história de Orlando e Conceição Senna, nomes do audiovisual baiano que se conheceram em um set de filmagem. Romance de quase 60 anos, o elo dos dois entrelaça-se com o seu tempo, principalmente no que tange ao fazer fílmico brasileiro nas fases do cinema novo e do cinema marginal. A potência latino-americana também se faz presente na trajetória dos artistas.

Dirigido por Eugenio Puppo, o documentário O Bom Cinema aparece na mostra Películas sobre Películas. Uma escola católica, um momento político conturbado e um grupo de cineastas transgressores. O longa-metragem cruza esses três elementos para contar a história do surgimento do Cinema Marginal, também conhecido como Cinema Pós-Novo, Cinema de Invenção ou Cinema Experimental Brasileiro. O filme conduz o espectador a partir da criação da primeira escola superior de cinema de São Paulo, sob o olhar de um de seus alunos, o diretor Carlos Reichenbach.

Através de livres conexões que misturam a memória de Reichenbach, seus filmes de início de carreira, as ideias de Rogério Sganzerla e a produção da Boca do Lixo no final dos anos 1960, O Bom Cinema ajuda a ter a dimensão de visões bastante opostas sobre a arte cinematográfica: uma, sustentada pela escola e que remonta a um curso ainda mais antigo, criado em Minas Gerais, de um cinema com padrão técnico elevado, que fosse moralmente edificante e condescendente aos dogmas pregados pelo catolicismo; outra, defendida pelo grupo do Cinema Marginal paulista, que abraçaria uma forma de fazer cinema indissociável da experiência da vida, que envolvesse baixos custos de produção e alta liberdade de experimentação formal. Tratando de temas que ainda continuam a ecoar nos dias de hoje, O Bom Cinema é, em sua essência, um convite à valorização do cinema brasileiro e da autonomia da criação artística.

amordentrodacamerabaficiCena do documentário O Amor Dentro da Câmera, de Jamille Fortunato e Lara Beck Belov.

Na Competição Oficial Americana, o Brasil também marca presença com outros filmes, como: o premiado curta Swinguerra, de Barbara Wagner e Benjamin de Burca; Ainda Temos a Imensidão da Noite, de Gustavo Galvão; o curta-metragem Amazonas, de Daniel Carrizo e Sebastián Ferrari, uma coprodução entre Argentina e Peru; O Livro dos Prazeres, de Marcela Lordy; e o curta Para Colorir, de Juliana Costa.

Ainda na mesma mostra, a cineasta argentina Kris Niklison, que já passou pelo festival com Vergel, protagonizado por Camila Morgado, volta nesta edição com o curta Perros, uma coprodução entre Brasil e Argentina. A trama se passa em um lugar árido e remoto, no qual um homem, sua mulher e o seu peão levam uma vida monótona. Quando um acontecimento inesperado quebra essa rotina, a crueldade do patriarca se manifestará sem limites. O elenco conta com os atores brasileiros Gilsergio Botelho, Flora Rocha e Felipe Velozo.

Na Competição Oficial Argentina, Copacabana Papers, de Fernando Portabales, uma coprodução entre Argentina e Brasil, foi selecionada. Já na mostra BAFICITO, destaque para a animação Nahuel y el libro mágico, de Germán Acuña, uma coprodução entre Chile e Brasil.

Na mostra Música, Aquilo que Eu Nunca Perdi, de Marina Thomé, sobre a cantora Alzira E, nome artístico de Alzira Espíndola, e Dorival Caymmi – Um Homem de Afetos, de Daniela Broitman, são os destaques brasileiros. Outros títulos nacionais que integram a seleção festival são: o documentário O Barato de Iacanga, de Thiago Mattar, que mostra os bastidores do Festival de Águas Claras, conhecido como o Woodstock do Brasil; Lutar, Lutar, Lutar, de Sérgio Borges e Helvécio Marins Jr., sobre o Atlético Mineiro; e a animação em curta-metragem De Onde Vêm os Dragões, de Grace Luzzi.

A 22ª edição do BAFICI acontecerá entre os dias 17 e 28 de março.

Fotos: Divulgação.

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