Diretora: Marina Person
Elenco: Clara Gallo, Caio Horowicz, Caio Blat, Livia Gijon, Letícia Fagnani, Giovanni Gallo, Paulo Miklos, Virginia Cavendish, Gilda Nomacce.
Ano: 2015
Sinopse: O ano é 1984. Estela vive a conturbada passagem pela adolescência. O sexo, os amores, as amizades; tudo parece muito complicado. Seu tio Carlos é seu maior herói, e a viagem à Califórnia para visitá-lo, seu grande sonho. Mas tudo desaba quando ele volta magro, fraco e doente. Entre crises e descobertas, Estela irá encarar uma realidade que mudará, definitivamente, sua forma de ver o mundo.
Crítica do CINEVITOR: O primeiro longa-metragem de ficção de Marina Person é uma deliciosa viagem no tempo. Pra quem viveu os anos 1980, o filme será nostalgia pura. Para aqueles que nasceram depois ou durante e não tiveram essa oportunidade, não se preocupem: Califórnia vai te levar para uma época de descobertas, onde a música influenciava os jovens e a situação política no Brasil tomava um novo rumo que mudaria pra sempre a história do nosso país. As experiências vividas pela geração dos anos 1980 são muito bem retratadas pela diretora em uma trama que fala abertamente sobre as primeiras experiências sexuais, os amores, as amizades e as influências musicais, tanto internacionais como nacionais. Ao contar a história da adolescente Estela, que sonha em viajar para Califórnia para encontrar seu tio que mora por lá, o longa conduz o espectador a vivenciar junto com seus personagens as situações vividas por eles. O elenco entrosado e talentoso proporciona uma afinidade entre o público e o filme. As atuações dos jovens Caio Horowicz e Clara Gallo, que não viveram os anos 1980, mas se saíram muito bem como representantes daquela época, são primorosas e merecedoras de muitos aplausos. A trilha sonora de Califórnia também merece destaque e surge como um personagem importante para o desenvolvimento da trama, ajudando a contar a história. Os hits de Kid Abelha, The Cure, Titãs, David Bowie, Os Paralamas do Sucesso, New Order, Metrô, Blitz, entre outros, colaboram com a contextualização histórica e dão força para o ritmo do filme. Marina Person também aborda um tema marcante dos anos 1980: a descoberta da AIDS. A diretora insere a doença na história e suas consequências de maneira delicada, porém realista, já que na época ninguém sabia direito o que era esse vírus que apavorava tanto. O diferencial de Califórnia é que ele é um filme feito por alguém que realmente viveu a época retratada em seu roteiro e que tal fidelidade é explícita nas telonas através de uma direção bem conduzida de alguém que sabe realmente do que está falando. Pode-se dizer que Califórnia é um filme feito para todas as gerações e que causará reações diferenciadas em seu público. O jovem de hoje em dia, que não vive sem tecnologia, vai achar estranho (ou até engraçado) que adolescentes usavam o telefone fixo para encontrar seus amigos ou que precisavam esperar dias, semanas ou até meses para assistir ao videoclipe de seu artista preferido (vale lembrar que a MTV só chegou ao Brasil em 1990). Celular, YouTube, Google e Facebook não existiam no vocabulário daqueles jovens que sabiam aproveitar a vida muito bem com o que tinham. Naquela época, os sonhos eram mais difíceis de se realizar, mas a felicidade era bem mais fácil de ser encontrada. Califórnia é interessante, agradável e nostálgico, até para aqueles que não viveram os anos 1980. (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR: