Depois de anunciar a seleção de longas, a 74ª edição do Festival de Cannes, que acontecerá entre os dias 6 e 17 de julho, revelou os curtas-metragens selecionados para a Competição Oficial e também para a mostra Cinéfondation, criada para inspirar e apoiar a próxima geração de cineastas.
Neste ano, o comitê de seleção assistiu 3.739 curtas-metragens; dez foram escolhidos. Os filmes disputam a Palma de Ouro de curta-metragem, que será entregue pelo júri formado por: Kaouther Ben Hania, cineasta tunisiana; Tuva Novotny, atriz e cineasta sueca; Alice Winocour, roteirista e cineasta francesa; Sameh Alaa, cineasta do Egito; Carlos Muguiro, roteirista e cineasta espanhol; e Nicolas Pariser, ator e diretor francês.
Duas produções brasileiras estão na disputa pela Palma de Ouro. A primeira delas é a ficção paulista Céu de Agosto, de Jasmin Tenucci, com Badu Moraes no elenco. Na trama, em um mundo em chamas, uma enfermeira grávida de sete meses lida com uma crescente ansiedade enquanto se vê, aos poucos, atraída por uma fiel da igreja pentecostal e por sua comunidade.
Outro destaque nacional na Competição Oficial é Sideral, de Carlos Segundo. Filmado nas cidades de Natal, Parnamirim e Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte, o curta foi parcialmente financiada pela Lei Aldir Blanc e conta com produção da Casa da Praia Filmes. Em sua redes sociais, o diretor comentou: “Tenho estado completamente fora de órbita desde que a gente recebeu essa notícia incrível. Uma alegria imensa poder agora dividir esse momento com vocês. Filmado em Natal e região, o filme é uma coprodução Brasil e França, produzido por Mariana Hardi, Pedro Fiuza, Justin Pechberty e Damien Megherbi. Além, claro, dessa equipe, pessoas muito competentes e extremamente queridas que sou e serei eternamente grato. Onde querem corte, seremos plano contínuo!”.
Para a 24ª edição da Cinéfondation, 17 filmes foram selecionados, dentre os 1.835 inscritos por escolas de cinema do mundo todo. A lista conta com 13 ficções e 4 animações, de 8 realizadoras e 9 diretores. Criada em 1998 por Gilles Jacob e dedicada à busca de novos talentos, a Cinéfondation proporciona uma oportunidade para que jovens realizadores vejam os melhores filmes do ano exibidos no festival e absorvam a atmosfera inspiradora na companhia de realizadores de renome.
Entre os selecionados deste ano, destaque para o curta brasileiro Cantareira, dirigido pelo cineasta paulistano Rodrigo Ribeyro. O paradoxo entre a metrópole e a natureza, que literalmente a rodeia, ganha corpo numa localidade: a Serra da Cantareira. Esse é o tema do filme produzido como trabalho de conclusão de curso da Academia Internacional de Cinema de São Paulo. O curta conta a história de Bento e Sylvio, neto e avô respectivamente, ambos com raízes profundas na Serra da Cantareira, mas em momentos diferentes de vida. O mais velho contempla preocupado o atual estado da Serra, com o avanço à espreita do aspecto natural do lugar, já cicatrizado por lojas e estradas abertas em meio a mata. O jovem vive em São Paulo, solitário, envolto pela cacofonia da cidade grande. Seria melhor voltar ao lugar onde cresceu?
O diretor baseou muito de sua vivência para criar o roteiro: “Eu cresci na Cantareira, nesse lugar tranquilo, onde o tempo corre (ou corria) numa outra velocidade e onde o som colabora (ou colaborava) para um estado muito mais sereno. Mudar para o centro de São Paulo, fazer amizade com os trabalhadores da região e perceber todas essas diferenças foi a faísca”. Com fotografia de Dani Drummond e arte de Gabriela Taiara, o elenco conta com Emiliano Favacho, Almir Guilhermino, Guilherme Dourado, Margot Varella e Gelson dos Santos.
Conheça os curtas-metragens selecionados para o Festival de Cannes 2021:
CURTAS-METRAGENS | COMPETIÇÃO OFICIAL
All The Crows In The World, de Tang Yi (Hong Kong)
Céu de Agosto (August Sky), de Jasmin Tenucci (Brasil/Islândia)
Det Er i Jorden (In The Soil), de Casper Kjeldsen (Dinamarca)
Noite Turva (Through The Haze), de Diogo Salgado (Portugal)
Orthodontics, de Mohammadreza Mayghani (Irã)
Pa Vend (Displaced), de Samir Karahoda (Kosovo)
Severen Pol (North Pole), de Marija Apcevska (Macedônia)
Sideral, de Carlos Segundo (Brasil/França)
The Right Words, de Adrian Moyse Dullin (França)
Xue Yun (Absence), de Lang Wu (China)
CINÉFONDATION
Billy Boy, de Sacha Amaral (Argentina) (Universidad Nacional de las Artes Argentina)
Prin Oras Circula Scurte Povesti de Dragoste (Love Stories On The Move), de Carina-Gabriela Dașoveanu (Romênia) (UNATC I. L. CARAGIALE)
L’enfant Salamandre (The Salamander Child), de Théo Degen (Bélgica) (INSAS)
Bestie Wokół Nas (Beasts Among Us), de Natalia Durszewicz (Polônia) (The Polish National Film School in Łódź)
Oyogeruneko (The Cat From The Deep Sea), de Huang Menglu (Japão) (Musashino Art University)
Other Half, de Lina Kalcheva (Reino Unido) (NFTS)
Habikur (Night Visit), de Mya Kaplan (Israel) (The Steve Tisch School of Film & Television, Tel Aviv University)
Bill and Joe Go Duck Hunting, de Auden Lincoln-Vogel (EUA) (University of Iowa)
Frida, de Aleksandra Odić (Alemanha) (DFFB)
Rudé Boty (Red Shoes), de Anna Podskalská (República Checa) (FAMU)
La Caída Del Vencejo (The Fall Of The Swift), de Gonzalo Quincoces (Espanha) (ESCAC)
Cantareira, de Rodrigo Ribeyro (Brasil) (Academia Internacional de Cinema)
Fonica M-120, de Olivér Rudolf (Hungria) (SZFE)
Frie Mænd (Free Men), de Óskar Kristinn Vignisson (Dinamarca) (Den Danske Filmskole)
King Max, de Adèle Vincenti-Crasson (França) (La Fémis)
Saint Android, de Lukas Von Berg (Alemanha) (Filmakademie Baden-Württemberg)
Cicada, de Yoon Daewoen (Coreia do Sul) (Korea National University of Arts)
Foto: Divulgação.