Cannes Classics 2023 exibirá documentário sobre Nelson Pereira dos Santos

por: Cinevitor
O cineasta brasileiro disputou a Palma de Ouro três vezes

Desde o início dos anos 2000, o Festival de Cannes criou a mostra Cannes Classics, uma seleção que permite exibir o trabalho de valorização do cinema patrimonial realizado por produtoras, proprietários de direitos, cinematecas e arquivos nacionais de todo o mundo. Atualmente, faz parte da Seleção Oficial do evento e apresenta obras-primas e raridades do cinema em cópias restauradas, além de homenagens e títulos inéditos. 

Nesta edição de 2023, a mostra Cannes Classics é dedicada ao consagrado cineasta Jean-Luc Godard, que faleceu em setembro do ano passado. A programação exibirá o clássico O Desprezo, protagonizado por Brigitte Bardot, em cópia restaurada, além de Drôles de guerres, seu último trabalho; a seleção traz também o documentário inédito Godard par Godard, de Florence Platarets.

O cinema brasileiro marca presença com o documentário Nelson Pereira dos Santos: Vida de Cinema, de Aida Marques e Ivelise Ferreira, que narra o legado do consagrado cineasta, que disputou a Palma de Ouro três vezes: em 1964 com Vidas Secas; em 1970 com Azyllo Muito Louco; e em 1975 com O Amuleto de Ogum. Em 1984, ganhou o Prêmio FIPRESCI com Memórias do Cárcere, que foi exibido na Quinzena dos Realizadores. O cinema de Nelson Pereira dos Santos, precursor do Cinema Novo e que morreu em 2018, projeta o Brasil aos olhos do mundo há seis décadas.

Outro destaque da seleção da Cannes Classics é Chambre 999, de Lubna Playoust. Em 1982, Wim Wenders pediu para 16 colegas diretores que falassem sobre o futuro do cinema, resultando no filme Quarto 666. Agora, 40 anos depois, em Cannes, a diretora Lubna Playoust repete ao próprio Wim Wenders e a uma nova geração de cineastas, entre eles, James Gray, Rebecca Zlotowski, Claire Denis, Olivier Assayas, Nadav Lapid, Asghar Farhadi e Alice Rohrwacher, a mesma pergunta: “o cinema é uma linguagem prestes a se perder ou uma arte prestes a morrer?”.

A programação conta também com Liv Ullmann – A Road Less Travelled, de Dheeraj Akolkar, que explora a vida multifacetada da icônica atriz, escritora, diretora, autora e ativista Liv Ullmann e sua extraordinária carreira internacional; e La Saga Rassam-Berri, le cinéma dans les veines, de Michel Denisot e Florent Maillet, documentário que conta a emocionante e desconhecida história da dinastia Berri-Rassam com o produtor Paul Rassam.

A mostra Cannes Classics também celebra o legado do cineasta japonês Yasujirō Ozu, que morreu em 1963, com exibições em cópias restauradas de Discurso de um Proprietário (Nagaya shinshiroku), de 1947, e As Irmãs Munekata (Munekata kyōdai), de 1950. Além disso, Jim Jarmusch e Carter Logan, membros fundadores do grupo Sqürl, compuseram uma trilha sonora para quatro filmes do cineasta Man Ray como se estivessem formando uma peça única. A exibição de Le retour à la raison celebra o 100º aniversário da obra cinematográfica do diretor e revela o diálogo único entre dois artistas multitalentosos.

Para celebrar Michael Douglas, que será homenageado com a Palma de Ouro honorária, a mostra exibirá Michael Douglas, le fils prodige, de Amine Mestari, documentário que narra como o ator teve que lidar com a semelhança com o pai, o consagrado Kirk Douglas, ao longo de sua carreira para afirmar sua diferença.

Além da Cannes Classics, o festival também divulgou a programação da mostra Cinéma de la Plage, que foi criada em 2001 com a proposta de exibir ao ar livre, na praia de Macé, filmes antológicos e também títulos em estreia mundial fora de competição. Neste ano, a seleção exibe o clássico Thelma & Louise; celebra o ator Jean-Pierre Bacri, que morreu em 2021, com o filme Assim é a Vida; homenageia o ator e diretor Bruce Lee nos 50 anos de sua morte; presta um tributo ao cineasta espanhol Carlos Saura, que faleceu em fevereiro deste ano, com o clássico Carmen, que disputou a Palma de Ouro em 1983; faz uma homenagem ao produtor Ed Pressman, que faleceu em janeiro deste ano, com a exibição de Terra de Ninguém, de Terrence Malick; entre outros.

Conheça os novos filmes selecionados para o Festival de Cannes 2023:

CANNES CLASSICS

A Vila da Esperança (Sie fanden eine Heimat), de Leopold Lindtberg (Suíça) (1953)
Amor Louco (L’Amour fou), de Jacques Rivette (França) (1967)
Barev, yes em, de Frounze Dovlatian (Armênia) (1965)
Calígula, de Tinto Brass (EUA/Itália) (1976)
Ces Messieurs de la santé, de Pierre Colombier (França) (1934)
Como Fera Encurralada (Classe tous risques), de Claude Sautet (França/Itália) (1970)
Es, de Ulrich Schamoni (Alemanha) (1966)
Hombre de la esquina rosada, de René Mugica (Argentina) (1962)
Ishanou, de Aribam Syam Sharma (Índia) (1990)
Le Rendez-vous des quais, de Paul Carpita (França) (1955)
Mississippi Blues, de Bertrand Tavernier e Robert Parrish (França) (1983)
O Esqueleto da Sra. Morales (El esqueleto de la Señora Morales), de Rogelio A. González (México) (1959)
O Ferroviário (Il ferroviere), de Pietro Germi (Itália) (1956)
Quando Fala o Coração (Spellbound), de Alfred Hitchcock (EUA) (1945)
Sziget a szárazföldön, de Judit Elek (Hungria) (1969)

DOCUMENTÁRIOS

100 Years of Warner Bros., de Leslie Iwerks (EUA)
Anita, de Svetlana Zill e Alexis Bloom (EUA)
Nelson Pereira dos Santos: Vida de Cinema, de Aida Marques e Ivelise Ferreira (Brasil)
Viva Varda!, de Pierre-Henri Gibert (França)

LE CINÉMA DE LA PLAGE

Alberto Express, de Arthur Joffé (França) (1990)
Assim é a Vida (Le Sens de la fête), de Éric Tolédano e Olivier Nakache (França) (2017)
Carmen, de Carlos Saura (Espanha) (1982)
Flo, de Géraldine Danon (França) (2023)
L’Eté en pente douce, de Gérard Krawczyk (França) (1987)
Mars Express, de Jérémie Périn (França) (2023)
O Voo do Dragão (The Way of the Dragon), de Bruce Lee (Hong Kong) (1972)
Robot Dreams, de Pablo Berger (Espanha/França) (2023)
Sarafina! O Som da Liberdade, de Darrell Roodt (África do Sul/Reino Unido/França/EUA) (1992)
Terra de Ninguém (Badlands), de Terrence Malick (EUA) (1973)
Thelma & Louise, de Ridley Scott (EUA) (1990)
Underground: Mentiras de Guerra, de Emir Kusturica (Iugoslávia) (1995)
Verão Assassino (L’Été meurtrier), de Jean Becker (França) (1983)

Foto: Leo Lara/Universo Produção.

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