Diretor: Guilherme Fontes
Elenco: Marco Ricca, Andréa Beltrão, Leticia Sabatella, Leandra Leal, Paulo Betti, Gabriel Braga Nunes, Eliane Giardini, Ricardo Blat, Walmor Chagas, José Lewgoy, Marcos Oliveira, Guilherme Fontes, Zezé Polessa, Ingrid Borgoin, Alexandre Regis, Tatiana Monteiro, Luíz Antônio Pilar, Nathália França.
Ano: 2015
Sinopse: Ficção inspirada no best seller homônimo de Fernando Morais, que conta a incrível estória de vida e obra de Assis Chateaubriand. Em seu delírio, Chatô se vê dentro de um show ao vivo de TV transmitido para todo país mostrando a aventura que foi a construção e o declínio de seu império de rádios, jornais e TVs. Uma disputa de amor e poder numa trama épica sobre o magnata das comunicações no Brasil.
Crítica do CINEVITOR: Até então, quando se falava em Chatô, ninguém comentava outra coisa a não ser a demora para finalizar o filme, que começou a ser realizado em 1995. Vinte anos depois, entre polêmicas e expectativas, eis que o longa-metragem de Guilherme Fontes finalmente chega às salas de cinema. Baseado na obra de Fernando Morais, Chatô – O Rei do Brasil, conta a história de Assis Chateaubriand, um dos homens mais influentes do nosso país. A missão de interpretá-lo nas telonas coube a Marco Ricca, que nos apresenta uma excelente atuação, destacando traços marcantes da personalidade do magnata, como a arrogância, a vontade de trazer coisas novas para a comunicação e também sua preocupação em levar cultura e informação para o povo brasileiro através da mídia. O espírito visionário de Chateaubriand, que ao mesmo tempo em que se preocupava em ganhar dinheiro também pensava em levar conteúdo para o povo com acessibilidade, é retratado com maestria por Marco Ricca. O papel da imprensa, em uma época tão marcante do país, é retratado no filme de maneira clara e sem pudor. Por meio do contexto apresentado na trama, percebemos que as manipulações midiáticas existem há muito tempo e que propina e corrupção são assuntos antigos na história do Brasil. A direção de Guilherme Fontes não decepciona, mas, em alguns momentos, o roteiro surge de forma apressada, podendo confundir o espectador. O conflito entre texto e imagem poderia ser problemático, mas, mesmo quando algumas situações passam rápido demais, a edição funciona e colabora para o ritmo do filme. A atuação de Andrea Beltrão também é um ponto positivo de Chatô. Ao surgir como a irresistível Vivi Sampaio, a atriz carrega com segurança sua personagem, nos presenteando com um trabalho competente e admirável. Vale destacar também a direção de arte, principalmente nas cenas do juízo final, quando um grande espetáculo alegórico é apresentado ao público, com a presença de diversos personagens julgando Chateaubriand por seus atos e omissões praticados em vida, antes de sair de cena. Referências à cultura brasileira, como a arte de Tarsila do Amaral, por exemplo, aparecem explicitamente nos cenários, assim como o mestre de cerimônias do julgamento, inspirado em Chacrinha. Chatô – O Rei do Brasil, que por muito tempo foi motivo de piada, agora faz o público rir de maneira diferente, graças ao tom cômico adotado no roteiro. O tempo, que poderia ter sido o maior inimigo do diretor Guilherme Fontes, causado um desastre em seu filme, reverteu a situação e colaborou para a finalização do longa. Chatô é um ótimo filme, que, além de narrar a vida de Assis Chateaubriand, também conta a história do nosso país, destacando momentos políticos e culturais importantes, com personagens ilustres. Às vezes, como diz o ditado, “o tempo é o melhor remédio” e tudo indica que Guilherme Fontes, finalmente, encontrou a cura para seus entraves cinematográficos ao realizar um filme bem dirigido que há 20 anos já entrou para a história do cinema brasileiro. (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR: