Protagonista: Jorge Bolani em cena.
Dirigido por Ana Luiza Azevedo, Aos Olhos de Ernesto acaba de receber mais dois prêmios: melhor filme pelo público e melhor ator, para o uruguaio Jorge Bolani, no 23º Festival Internacional de Cine de Punta del Este. O filme, produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre, já havia sido premiado pela crítica na 43ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
O longa, que será distribuído pela Elo Company, teve sua estreia mundial em outubro no 24º Festival Internacional de Busan, na Coreia do Sul, o maior festival de cinema da Ásia, na categoria World Cinema. Muito bem recebido em terras asiáticas, foi considerado “ao mesmo tempo, bem-humorado, poético, sério e comovente”.
Com recepção similar por aqui, Aos Olhos de Ernesto foi laureado pela crítica da Mostra de São Paulo justamente “por tratar a solidão de maneira realista, sem abrir mão do humor e por apostar, com segurança, num estilo narrativo que dialoga tanto com cinéfilos, quanto com amplas plateias”. O longa também já foi exibido na Mostra Latina do Festival do Rio e no 41º Festival de Havana.
Na trama, a solidão, a amizade, o amor e as redescobertas na terceira idade permeiam a história de Ernesto, vivido pelo ator uruguaio Jorge Bolani, do filme Whisky. Aos 78 anos, o personagem, ex-fotógrafo uruguaio, se depara com uma crescente cegueira e as limitações diversas que acompanham a avançada idade. Viúvo e pai de filho único, Ramiro, papel de Julio Andrade, que vive longe, Ernesto ressignifica sua vida e os padrões da velhice ao conhecer a jovem Bia, interpretada por Gabriela Poester, que o ajuda, até mesmo a reencontrar um grande amor.
Também estão no elenco: Jorge d’Elia, como Javier, o vizinho de Ernesto; Glória Demassi, que vive Lucía, o amor uruguaio do protagonista; e as participações de Mirna Spritzer, Áurea Baptista, Janaína Kremer, Celina Alcântara e Marcos Contreras.
“Aos Olhos de Ernesto é um filme humanista. A melancolia, o lirismo e o humor fazem parte tanto da condução do drama como na composição das imagens e dos personagens. A mesma melancolia, lirismo e humor presentes na literatura de Mario Benedetti. A companhia fresca e afetiva de Bia faz Ernesto repensar a maneira como ele envelhece. Momentos sombrios são substituídos pelo sol e pela vida. Um filme para se defender que há muito a ser vivido, mesmo aos 78 anos”, comenta a diretora.
Escrito por Ana Luiza, em parceria com Jorge Furtado, o roteiro passou por laboratórios de desenvolvimento e teve consultoria do escritor cubano Senel Paz, autor de Morango e Chocolate. Entre diversos aspectos e processos de criação do filme, a mescla de várias culturas e o uso do portunhol são marcas do projeto. A proximidade cultural entre as cidades do sul do Brasil, Uruguai e Argentina estão presentes na obra através da música, da língua e da literatura.
A história de Ernesto foi inspirada na vida do fotógrafo italiano Luigi Del Re: “O personagem surgiu a partir da história dele, fotógrafo italiano que vivia em Porto Alegre, e que com a idade e avanço da cegueira já não conseguia mais se corresponder com a irmã, que morava na França”, conta a diretora e roteirista. “Em homenagem a Luigi, usamos na direção de arte as suas fotos e equipamentos de filmagem para compor o universo de Ernesto e seu apartamento. Mas Ernesto não é só Luigi: é um pouco de nossos pais, e de nós mesmos”, complementa a cineasta.
Confira o trailer de Aos Olhos de Ernesto, que chega aos cinemas no dia 2 de abril:
Foto: Fabio Rebelo.