Cena do curta Babi & Elvis, de Mariana Borges.
A CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte promove a conexão entre o cinema brasileiro e o mercado internacional. Além disso, apresenta-se como instrumento de formação, reflexão, exibição e difusão do audiovisual em diálogo com outros países.
A programação de sua 14ª edição, que acontecerá entre os dias 29 de outubro e 2 de novembro, prevê exibições de filmes nacionais e internacionais, pré-estreias e mostras retrospectivas, além de realizar um programa de formação com a oferta de oficina, laboratórios, debates e painéis. Também promove o fomento ao empreendedorismo, dissemina a informação, produz e difunde conhecimento, cria oportunidades de rede de contatos e negócios e reúne a cadeia produtiva do audiovisual em uma programação abrangente e gratuita.
A 14ª CineBH anunciou a seleção de filmes que integram a mostra temática A Cidade em Movimento. São 16 títulos: médias e curtas independentes realizados na Região Metropolitana de Belo Horizonte e que dialogam com a vivência urbana diante de contextos sociais propostos pela curadoria. A seleção desse ano levou em conta o cenário imposto pela pandemia de Covid-19 para pensar sua temática, definida como Sonhar a cidade. Os filmes poderão ser assistidos entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro no site do evento (clique aqui).
A proposta da curadora Paula Kimo foi de pensar a relação entre a cidade e o sonho a partir dos seguintes questionamentos: qual cinema é produzido quando se parte do sonho, tanto aquele que conduz de forma onírica e inconsciente, quanto aquele que é possível produzir e fabricar na tentativa de imaginar o amanhã? O que o cinema é capaz de produzir quando se é provocado a pensar os desafios da cidade na perspectiva do sonho? Se é impedido de vivenciar a rua, a cidade, como vem acontecendo por conta da pandemia, como é possível experimentá-la através do sonho? Que cidade se pode sonhar, experimentar e debater por meio das imagens?
Diante da seleção dos 16 títulos que vão compor A Cidade em Movimento de 2020, a curadora detectou que a cidade se tornou espaço provisoriamente restrito, o que concentrou a conexão com ambientes domésticos e as redes, sejam virtuais ou psicológicas. “Talvez para a grande maioria de trabalhadores, a vida segue uma falsa normalidade, na qual as máscaras fazem parte do cotidiano e o risco de contrair a doença ameaça, mais uma vez, a população menos favorecida. Ainda nesses tempos, os sonhos passaram a inundar noites e dias, ocupando espaço na arte e na poesia, provocando o trânsito e o encontro mesmo num contexto de confinamento social”, comenta Paula Kimo. “São filmes produzidos na cidade e a partir dela: pessoas, memórias, sonhos, movimentos e forças políticas que fundam a vida cotidiana e projetam pensamentos para algum futuro”.
A curadora definiu quatro sessões, de forma a tematizar diversos aspectos e colocar em debate, nas Rodas de Conversa transmitidas pelo site do evento, as relações e conexões entre os filmes e a temática. A primeira sessão, Pandemia criativa, reúne um conjunto de filmes produzidos nesse cenário de exceção sanitária, na cidade de Belo Horizonte, em sua maioria gravados de forma independente e isolada, mas também em atrito com a cidade e suas subjetividades. Organizados juntos, tais filmes convidam a pensar os limites e as possibilidades de criação audiovisual no contexto da pandemia.
A segunda sessão é intitulada Corpos dissidentes, com filmes que transitam pelo universo LGBTQIA+. Corpos que renunciam aos padrões hétero e cisnormativos buscam falar da diversidade sexual, liberdade, amor e invenção; encontros, olhares e ritos de passagem traduzem gestos políticos de uma comunidade que se coloca e se impõe na dinâmica social e também nas telas do cinema.
Em O teatro em cena, produções que discutem o teatro belo-horizontino e seus desafios diante de uma situação emergencial que fechou as salas de espetáculo e os espaços coletivos onde os artistas se apresentavam, criando um vácuo de incertezas sobre o futuro. Por fim, a quarta sessão se chama A paz é branca ou a resistência tem cor e reúne três curtas-metragens sobre histórias, personagens e obras do cinema negro belo-horizontino, com filmes que tematizam o debate sobre o racismo e seu enfrentamento, por meio da expressão artística e política.
Conheça os filmes selecionados para a 14ª CineBH e a programação completa:
PROGRAMAÇÃO A CIDADE EM MOVIMENTO
(filmes estarão disponíveis de 30 de outubro a 2 de novembro)
SESSÃO 1: PANDEMIA CRIATIVA
Destino, de Matheus Gepeto
Presa, de Joana Bentes
Vem vindo alguém, será?, de Luis Evo (filme convidado)
Aqui, nem eu, de Gustavo Aguiar, Gustavo Koncht, Raiana Viana e Maria Flor de Maio
Cidade sem mar, de Felipe Nepomuceno
O menino e o gato, de Célio Dutra
Submundo, de Adriano Gomez
Vigília, de Rafael dos Santos Rocha
*RODA DE CONVERSA: 30 de outubro, quinta-feira, às 19h
Convidado especial: João Paulo Campos (crítico e pesquisador de cinema)
SESSÃO 2: CORPOS DISSIDENTES
Looping, de Maick Hannder (filme convidado)
Babi & Elvis, de Mariana Borges
Exu matou um pássaro, de Vinicius Sassine
*RODA DE CONVERSA: 31 de outubro, às 19h
Convidada especial: Juhlia Santos (jornalista, performer e produtora)
SESSÃO 3: O TEATRO EM CENA
Ao Teatro, de Rita Clemente
Cenas Curtas 20 Anos: A Festa dos Encontros, de Marcos Coletta e Paula Dante
*RODA DE CONVERSA: 01 de novembro, às 19h
Convidada especial: Marina Viana (atriz e dramaturga)
SESSÃO 4: A PAZ É BRANCA OU A RESISTÊNCIA TEM COR
Kilombo Souza – Memória, história e resistência, de Realização Coletiva
Coragem, de Mel Jhorge
Calmaria, de Catapreta
*RODA DE CONVERSA: 02 de novembro, às 19h
Convidada especial: Maya Quilolo (antropóloga, mestre em Comunicação e realizadora audiovisual)
Vale lembrar que o Brasil CineMundi – 11th International Coproduction Meeting será realizado dentro da programação da 14ª CineBH com 23 projetos para o mercado do cinema brasileiro. Nesse ano, as atividades serão realizadas em plataforma virtual, de forma a respeitar o isolamento social necessário para conter a pandemia de Covid-19.
Foto: Mariana Borges.