Cena de Happy End, de Michael Haneke, que conta com Isabelle Huppert no elenco.
A 41ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo acontecerá entre os dias 19 de outubro e 1º de novembro. A seleção deste ano faz um apanhado do que o cinema contemporâneo mundial está produzindo, além das principais tendências, temáticas, narrativas e estéticas produzidas em todo o mundo.
Serão 394 títulos de 59 países, contando os 30 curtas-metragens inseridos em retrospectiva, apresentação especial e programação de realidade virtual. Os filmes serão apresentados em mais de 30 espaços, entre cinemas, espaços culturais e museus espalhados pela capital paulista, incluindo exibições gratuitas e ao ar livre.
O artista chinês Ai Weiwei, que assina o pôster desta edição, estará presente na abertura do evento, que exibirá seu documentário Human Flow – Não Existe Lar Se Não Há Para Onde Ir. O filme, que fez parte da Competição Internacional do Festival de Veneza, aborda a crise dos refugiados de maneira detalhada e intimista, com cenas e entrevistas que percorreram mais de 22 países. Além disso, a trajetória do artista também será relembrada nesta edição, com a apresentação especial do documentário de Alison Klayman, Ai Weiwei – Sem Perdão, vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Sundance de 2012.
Cena de Human Flow, de Ai Weiwei: filme de abertura.
Como de costume, a seleção de títulos da 41ª Mostra de São Paulo apresenta filmes premiados em festivais internacionais. Do Festival de Cannes, serão exibidos: The Square, de Ruben Östlund, vencedor da Palma de Ouro; Loveless (Nelyubov), de Andrey Zvyagintsev, que levou o Prêmio do Júri; e Esplendor (Hikari), de Naomi Kawase, agraciado pelo Júri Ecumênico do festival francês.
Do Festival de Veneza, destacam-se: Custódia (Jusqu’à la garde), de Xavier Legrand, Leão de Prata de melhor direção; e os premiados na seção Orizzonti, Nico, 1988, de Susanna Nicchiarelli, eleito o melhor filme; Sem Data, Sem Assinatura (Bedoune Tarikh, Bedoune Emza), de Vahid Jalilvand, prêmio de melhor direção; e Os Versos Esquecidos (Los Versos del Olvido), de Alireza Khatami, eleito o melhor roteiro.
Filmes premiados no Festival de Berlim também fazem parte da programação, como: Félicité, de Alain Gomis, vencedor do Grande Prêmio do Júri; O Outro Lado da Esperança (Toivon tuolla puolen), de Aki Kaurismäki, ganhador do Urso de Prata de melhor direção; Noites Brilhantes (Helle Nächte), de Thomas Arslan, que teve Georg Friedrich premiado como melhor ator; 1945, de Ferenc Török, que ficou em terceiro lugar na escolha do público na seção Panorama; e Ana, Meu Amor (Ana, mon amour), de Calin Peter Netzer, vencedor do Urso de Prata de Melhor Contribuição Artística pela edição de Dana Bunescu.
O ator Thomas Gioria em cena de Custódia, de Xavier Legrand.
O vencedor do Festival de Toronto, Três Anúncios Para um Crime, de Martin McDonagh, está presente na seleção, assim como Doce País (Sweet Country), de Warwick Thornton, eleito o melhor filme da Toronto Plataform. De Locarno, esta edição traz 9 Dedos (9 Doigts), de F.J. Ossang, premiado como melhor direção e outros reconhecidos pelo festival, como: Cocote, de Nelson Carlo De Los Santos Arias, melhor filme da mostra Signs of Life; Irmãos do Inverno (Vinterbrødre), de Hlynur Pálmason, que rendeu o prêmio de melhor ator para Elliott Crosset Hove, entre outros; Scary Mother (Sashishi deda), de Ana Urushadze, eleito o melhor primeiro filme; Aqueles que Estão Bem (Dene wos guet geit), de Cyril Schäublin, que recebeu Menção Especial; e Lucky, de John Carroll Lynch, que traz um dos últimos trabalhos do ator Harry Dean Stanton e foi premiado pelo Júri Ecumênico do evento.
A seleção ainda apresenta Livre e Fácil (Free and Easy), de Jun Geng, vencedor do Prêmio Especial do Júri do Festival de Sundance; Tempo de Qualidade (Quality Time), de Daan Bakker, premiado em Roterdã; Mulheres Divinas (Die göttliche Ordnung), de Petra Volpe, consagrado pelo público do Festival de Tribeca como o melhor filme da edição; Inflamar (Kaygi), de Ceylan Özgün Özçelik, premiado no South by Southwest (SXSW); e Com Amor, Van Gogh (Loving Vincent), de Dorota Kobiela e Hugh Welchman, vencedor do Golden Goblet de melhor filme de animação do Shanghai International Film Festival.
Frances McDormand em Três Anúncios Para um Crime: premiado em Veneza e Toronto.
Outros destaques deste ano são: 24 Frames, de Abbas Kiarostami; O Terceiro Assassinato (Sandome no satsujin), de Hirokazu Koreeda, exibido em Veneza; Abrigo (Shelter), de Eran Riklis; Where Has the Time Gone?, produção dos países do BRICS, com Walter Salles, Jia Zhangke, Aleksey Fedorchenko, Madhur Bhandarkar e Jahmil Qubeka na direção dos segmentos; Django, de Etienne Comar, filme de abertura do Festival de Berlim; Emma, de Silvio Soldini, exibido como hors concours no Festival de Veneza; os indicados ao Golden Eye, em Cannes, Napalm, longa sobre a Coreia do Norte dirigido por Claude Lanzmann e Uma Verdade Mais Inconveniente (An Inconvenient Sequel: Truth to Power), de Bonni Cohen e Jon Shenk; e os selecionados para Cannes deste ano: Happy End, de Michael Haneke; O Dia Depois (Geu-hu), de Hong Sang-Soo; Lover For a Day (L’amant d’un jour), de Philippe Garrel; e A Trama (L’atelier), de Laurent Cantet, que será o filme de encerramento da 41ª Mostra de São Paulo e contará com a presença do diretor.
A programação também traz 14 obras já indicadas por seus respectivos países para concorrerem à uma vaga ao Oscar de melhor filme estrangeiro: Zama, de Lucrecia Martel, da Argentina; Happy End, de Michael Haneke, da Áustria; O Motorista de Táxi (Taeksi Woonjunsa), de Hun Jang, da Coreia do Sul; Scary Mother (Sashishi deda), de Ana Urushadze, da Geórgia; Respiro (Nafas), de Narges Abyar, do Irã; Canção de Granito (Song of Granite), de Pat Collins, da Irlanda; A Sombra da Árvore (Undir trénu), de Hafsteinn Gunnar Sigurðsson, da Islândia; Mil Cordas (One Thousand Ropes), de Tusi Tamasese, da Nova Zelândia; Mãe no Gelo (Bába z ledu), de Bohdan Sláma, da República Checa; Loveless (Nelyubov), de Andrey Zvyagintsev, da Rússia; The Square, de Ruben Östlund, da Suécia; Mulheres Divinas (Die göttliche Ordnung), de Petra Volpe, da Suíça; Félicité, de Alain Gomis, do Senegal; e El Inca, de Ignacio Castillo Cottin, da Venezuela.
Cena de Zama, da argentina Lucrecia Martel, que conta com Matheus Nachtergaele no elenco.
A 41ª Mostra vai exibir 64 títulos brasileiros nas seções Apresentação Especial, Competição Novos Diretores e Perspectiva Internacional. Entre os selecionados, destacam-se: Café com Canela, de Ary Rosa e Glenda Nicácio, premiado no Festival de Brasília; A Moça do Calendário, de Helena Ignez; Açúcar, de Renata Pinheiro e Sergio Oliveira, com Maeve Jinkings e Magali Biff; Antes do Fim, de Cristiano Burlan; Antes que Eu Me Esqueça, de Tiago Arakilian, com Mariana Lima e Dedé Santana; António Um Dois Três, de Leonardo Mouramateus, exibido em Roterdã; Aos Teus Olhos, de Carolina Jabor, selecionado para o Festival de Chicago; Arábia, de Affonso Uchoa e João Dumans, grande vencedor do Festival de Brasília; As Boas Maneiras, de Marco Dutra e Juliana Rojas, vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Locarno; o documentário Até o Próximo Domingo, de Evaldo Mocarzel; Berenice Procura, de Allan Fiterman, com Claudia Abreu e Eduardo Moscovis; Cartas para Um Ladrão de Livros, de Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros; Construindo Pontes, de Heloisa Passos; o drama Foro Íntimo, de Ricardo Mehedff, premiado como melhor filme estrangeiro no London Independent Film Awards.
Destacam-se também: Gabriel e a Montanha, de Fellipe Barbosa, premiado na Semana da Crítica, no Festival de Cannes; Homem Livre, de Alvaro Furloni, exibido no 6º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba; Legalize Já!, de Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, que reconta história de amizade que culminou na formação do Planet Hemp; Música para Quando as Luzes Se Apagam, de Ismael Caneppele, premiado em Brasília; Não Devore Meu Coração, de Felipe Bragança, selecionado para o Festival de Sundance; o documentário O Muro, de Lula Buarque, sobre a política nacional; O Nome da Morte, de Henrique Goldman, com Marco Pigossi, Matheus Nachtergaele e Fabiula Nascimento; Paulo Autran – O Senhor dos Palcos, documentário dirigido por Marco Abujamra; Pela Janela, de Caroline Leone, exibido no Festival de Gramado; Querida Mamãe, de Jeremias Moreira, adaptação da peça homônima de Maria Adelaide Amaral, com Selma Egrei e Letícia Sabatella; Severina, de Felipe Hirsch, exibido em Locarno; Soldados do Araguaia, de Belisario Franca; Todas as Razões para Esquecer, comédia dramática de Pedro Coutinho, com Johnny Massaro e Bianca Comparato; Vazante, de Daniela Thomas; entre outros.
Julia Lemmertz em Música para Quando as Luzes Se Apagam, de Ismael Caneppele.
A Mostra vem desenvolvendo nas últimas edições a tradição de trazer para o público um panorama da produção cinematográfica de um país diferente. Neste ano, o recorte escolhido foi a Suíça, com destaque para as homenagens aos diretores Alain Tanner, que terá sete títulos exibidos em retrospectiva no evento, e Georges Schwizgebel, com sete curtas-metragens animados em apresentações especiais, além do filme Ascensão e Queda de uma Pequena Produtora de Cinema que o cultuado diretor Jean-Luc Godard fez para a televisão em 1976, além de uma vasta seleção de longas contemporâneos que passaram por festivais internacionais.
Uma das precursoras da Nouvelle Vague e ícone do feminismo no cinema, a diretora belga Agnès Varda, que será agraciada com um Oscar honorário em novembro, receberá uma homenagem da 41ª Mostra com o Prêmio Humanidade, entregue, a cada edição do evento, a um cineasta cuja obra reflete questões humanísticas. Além disso, sua trajetória será relembrada em uma retrospectiva de 10 longas e também com a exibição de seu último filme, Faces Places (Visages, villages), codirigido pelo muralista JR, que foi premiado em Cannes e eleito o melhor documentário pelo público do Festival de Toronto.
Agnès Varda e JR no documentário Visages, villages.
O veterano diretor francês Paul Vecchiali terá oito longas restaurados exibidos no evento junto de seus três últimos trabalhos lançados no Brasil, além da estreia mundial de Os 7 Desertores (Les sept déserteurs ou La guerre en vrac), do curta inédito Três Palavras de Passagem (Trois mots en passant), de 2015, e do documentário média-metragem Revisitando La Martine, de Pascal Catheland, que registra a filmagem do curta. Também reconhecido por ser o primeiro realizador a vincular homossexualidade e Aids nas telonas, Paul Vecchiali vem a São Paulo para receber o Prêmio Leon Cakoff.
A tradicional programação de exibições gratuitas no Vão Livre do MASP inclui apresentações especiais, como a homenagem aos 80 anos que o cineasta Leon Hirszman completaria no próximo dia 22 de novembro, com a exibição de Eles Não Usam Black-Tie, filme vencedor do Leão de Prata do Festival de Veneza, em 1981. Além disso, a 41ª Mostra também homenageia o ator Paulo José com a entrega do Prêmio Leon Cakoff e apresenta três filmes estrelados por ele: O Homem Nu, de Hugo Carvana, e os clássicos Macunaíma e O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade.
Para ver a lista completa dos filmes selecionados para a 41ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, clique aqui.
Aperte o play e confira os melhores momentos da coletiva de imprensa da 41ª Mostra, que aconteceu neste sábado, 07/10, em São Paulo. No vídeo, Renata de Almeida, diretora da Mostra, fala sobre os homenageados desta edição, liberdade artística, Abbas Kiarostami, filmes dirigidos por mulheres, realidade virtual, Foco Suíça e outros assuntos:
Fotos: Divulgação.