Foram anunciados neste sábado, 22/04, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, os vencedores do 28º É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, principal evento dedicado ao audiovisual não ficcional na América Latina, fundado e dirigido por Amir Labaki.
A programação exibiu, de forma gratuita, um total de 72 títulos, de 34 países, entre longas e curtas-metragens, em salas de cinema de São Paulo e do Rio de Janeiro, além de uma seleção especial nas plataformas de streaming Sesc Digital e Itaú Cultural.
O júri das competições brasileiras foi composto pela diretora, atriz e produtora Ana Petta; pelo jornalista, tradutor e crítico de cinema José Geraldo Couto; e pelo diretor Paulo Henrique Fontenelle. Dirigido por Eliza Capai, Incompatível com a Vida foi escolhido o vencedor da Competição Brasileira de Longas ou Médias-Metragens e recebeu como prêmio R$ 20.000,00 e o Troféu É Tudo Verdade. A partir da gravidez da diretora, o filme reflete temas universais: vida, morte, luto e políticas públicas que nos afetam. A justificativa do júri diz: “Pela coragem de mergulhar de maneira pessoal e poética num tema delicado e urgente, trazendo à luz a realidade de muitas mulheres e a urgência da discussão sobre direitos reprodutivos no Brasil”.
Além disso, o júri concedeu Menção Honrosa a Morcego Negro, de Chaim Litewski e Cleisson Vidal: “Pela consistência do trabalho de pesquisa e articulação de um rico material que nos ajuda a compreender a história recente do país”. Vale destacar que os ganhadores dos prêmios de melhor longa e curta-metragem brasileiro e internacional terão novas exibições no dia 23 de abril no NET Botafogo, no Rio de Janeiro, e na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.
Já o prêmio de melhor curta-metragem brasileiro foi para Mãri hi: A Árvore do Sonho, de Morzaniel Ɨramari, que recebeu como prêmio R$ 6.000,00 e o Troféu É Tudo Verdade. Segundo os jurados: “O filme foi premiado por nos proporcionar um olhar imersivo e poético no imaginário do povo yanomami e sua relação com a natureza”. A obra ficará disponível no Itaú Play entre 0h do dia 24 de abril até 23h59 do dia 25 de abril. Foi outorgada Menção Honrosa para Ferro’s Bar, de Aline A. Assis, Fernanda Elias, Nayla Guerra e Rita Quadros, “por resgatar um momento decisivo na história do movimento lésbico brasileiro, em especial no atual contexto de recrudescimento da intolerância”, disse o júri.
Para as competições internacionais, o time de jurados foi formado pela documentarista dinamarquesa Camilla Nielsson; pelo diretor, fotógrafo e produtor polonês Pawel Lozinski; e pela premiada cineasta argentina Virna Molina. O grande vencedor da Competição Internacional de longas ou médias foi Confiança Total, de Jialing Zhang, que explora as mudanças de comportamentos sociais causadas por uma sociedade que tudo vê e a luta das pessoas contra o abuso do poder estatal.
A justificativa diz: “Através de uma poderosa narrativa observacional, o filme nos leva a um sistema sufocante de controle, onde tecnologia e ideologia constroem um ‘mundo perfeito’, no qual segurança e ordem estão acima da vida humana. O filme apresenta cenas de um valor documental dramático único, mas sem jamais perder o respeito por seus protagonistas e preservando sua dignidade humana diante da câmera. ‘As consciências podem ser seduzidas e obscurecidas novamente, até mesmo as nossas consciências’, disse Primo Levi, sobrevivente de Auschwitz, e este documentário é um testemunho disso”. O longa recebe R$ 12.000,00 e o Troféu É Tudo Verdade.
O júri concedeu Menção Honrosa ao polonês Pianoforte, de Jakub Piatek: “Nos encantou com sua forma cinematográfica e composição precisa. O talentoso diretor, através de retratos íntimos de vários jovens pianistas, nos permitiu entrar no fechado mundo do esforço musical para contar uma história sobre paixão, esperança e amor pela música. Essa maratona de piano não se arrasta nem por um momento sequer. Acompanhamos a luta interior dos personagens com emoção, de modo que, ao final, sentimos que às vezes uma derrota pode significar uma verdadeira vitória”, disse a justificativa.
Ptitsa, dirigido por Alina Maksimenko, foi escolhido como o melhor curta-metragem internacional e recebeu R$ 6.000,00 e o Troféu É Tudo Verdade. O filme é um retrato íntimo de uma separação entre mãe e filha, explorado de diferentes perspectivas. A justificativa diz: “Pela sensibilidade cinematográfica na construção da história. Por transformar um retrato da vida mãe e filha durante a pandemia em uma reflexão profunda sobre a existência humana. Por capturar a beleza da simplicidade em sua estreia no cinema”.
Na cerimônia desta 28ª edição também foram anunciados alguns prêmios paralelos, como o Prêmio Canal Brasil de Curtas no valor de quinze mil reais; o vencedor, escolhido pelo júri formado por Célio Silva, Daniel Schenker, Janda Montenegro, Katiuscia Vianna e Vitória Pratini, foi Vãnh Gõ Tõ Laklãnõ, de Barbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá. E mais: o Prêmio Mistika, no valor de R$ 8.000,00 em serviços de pós-produção digital, foi anunciado junto ao prêmio oficial de melhor curta-metragem brasileiro; e teve também o Prêmio EDT, da Associação de Profissionais de Edição Audiovisual, para a melhor montagem de um curta e um longa.
Reconhecido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA como um festival classificatório para o Oscar, o É Tudo Verdade qualifica automaticamente as produções vencedoras nas competições brasileira e internacional de longas e médias e também de curtas-metragens para inscrição direta visando a disputa das estatuetas douradas.
Conheça os vencedores do É Tudo Verdade 2023:
COMPETIÇÃO BRASILEIRA | JÚRI OFICIAL
MELHOR DOCUMENTÁRIO | LONGA OU MÉDIA-METRAGEM
Incompatível com a Vida, de Eliza Capai
MENÇÃO HONROSA
Morcego Negro, de Chaim Litewski e Cleisson Vidal
MELHOR DOCUMENTÁRIO | CURTA-METRAGEM
Mãri hi: A Árvore do Sonho, de Morzaniel Ɨramari
MENÇÃO HONROSA
Ferro’s Bar, de Aline A. Assis, Fernanda Elias, Nayla Guerra e Rita Quadros
COMPETIÇÃO INTERNACIONAL | JÚRI OFICIAL
MELHOR DOCUMENTÁRIO | LONGA OU MÉDIA-METRAGEM
Confiança Total (Total Trust), de Jialing Zhang (Alemanha/Holanda)
MENÇÃO HONROSA
Pianoforte, de Jakub Piątek (Polônia)
MELHOR DOCUMENTÁRIO | CURTA-METRAGEM
Ptitsa, de Alina Maksimenko (Polônia/Ucrânia)
PREMIAÇÕES PARALELAS
PRÊMIO CANAL BRASIL DE CURTAS
Vãnh Gõ Tõ Laklãnõ, de Barbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá
PRÊMIO EDT (Associação de Profissionais de Edição Audiovisual)
Melhor Montagem | Longa: Incompatível com a Vida, por Daniel Grinspum
Melhor Montagem | Curta: Todavia Sinto, por Evelyn Santos
Foto: Divulgação.