Conheça os vencedores do 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

por: Cinevitor
O cineasta Bruno Jorge, de A Invenção do Outro: premiado

Foram anunciados neste domingo, 20/11, no Cine Brasília, os vencedores da 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que ficou marcada por ter premiado um grande número de filmes que debatem identidades não-hegemônicas; o protagonismo do audiovisual preto e periférico brasileiro e um olhar atento às narrativas originárias deram o tom dos títulos consagrados.

O Júri Oficial de longas, formado por Juliano Gomes, Sérgio de Carvalho, Ana Flavia Cavalcanti, Anna Muylaert e Alice Lanari, premiou A Invenção do Outro, de Bruno Jorge, como melhor filme. A obra acompanha a expedição humanitária na Amazônia em busca da etnia isolada dos Korubos, promovida pelo indigenista Bruno Pereira, assassinado ao lado do jornalista britânico Dom Phillips em junho de 2022, durante viagem pelo extremo Oeste do Amazonas. A produção levou também o Troféu Candango de melhor fotografia, edição de som e montagem.

Uma coprodução internacional Ceilândia-Lisboa, Mato Seco em Chamas levou sete Candangos, entre eles, melhor direção para Adirley Queirós e Joana Pimenta. A obra distópica explora os impactos da presença de movimentos extremistas em ambientes de periferia. Rumo, de Bruno Victor e Marcus Azevedo, levou o Prêmio Especial do Júri e cativou o Júri Popular; o filme trata da implementação da política de cotas raciais em universidades brasileiras a partir da experiência pioneira da UnB. Carlos Francisco, consagrado em Marte Um e Bacurau, ganhou seu primeiro Candango de melhor ator por Canção ao Longe, de Clarissa Campolina.

Entre os curtas, o protagonismo de narrativas negras se repetiu num resultado, escolhido pelo júri formado por Carol Almeida, Camilla Shinoda, Ulisses Arthur, Mariana Jaspe e Dandara Ferreira, que premiou Escasso, do coletivo carioca Encruza (Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles) como melhor curta. A dupla levou, também, o prêmio de melhor direção e Clara Anastácia foi consagrada como melhor atriz. O filme se estrutura como falso documentário a narrar os anseios de uma passeadora profissional de pets em busca da casa própria.

Calunga Maior, produção paraibana de Thiago Costa, foi outro grande vencedor do Festival de Brasília, reconhecido por prêmios oficiais e especiais. O filme se inspira na cultura bantu para abordar relacionamentos afetivos e memórias da diáspora africana e levou os Candangos de melhor trilha sonora e de melhor montagem, assinada por Edson Lemos Akatoy, laureado também pela montagem de Nem o mar tem tanta água, de Mayara Valentim. Além desses, foi lembrado por prêmios especiais.

A noite de premiações da Mostra Brasília sagrou campeão o diretor José Eduardo Belmonte. Pelo 24º Troféu Câmara Legislativa, o diretor paulista-brasiliense levou o maior prêmio em dinheiro da noite: 100 mil reais pelo melhor longa-metragem na categoria de Júri Oficial por O Pastor e o Guerrilheiro. O júri da Mostra Brasília foi formado por Andréa Glória, Edileuza Penha de Souza e João Paulo Procópio.

Em cerimônia apresentada pelas atrizes Bárbara Colen e Dandara Pagu, as premiações foram precedidas das exibições do documentário Diálogos com Ruth de Souza, que registra conversas da diretora Juliana Vicente com a atriz que inaugura a existência de atrizes negras nos palcos, TV e cinema brasileiros; e do curta-metragem inédito de Anna Muylaert, O Nosso Pai, que traz à cena três irmãs vividas pelas célebres atrizes Grace Passô, Camila Márdila e Dandara Pagu.

Em 2022, Brasília voltou a pavimentar novos caminhos para o cinema brasileiro e pautar discussões de linguagem, estéticas e de políticas públicas para o audiovisual brasileiro. Sob a direção artística de Sara Rocha, a volta à sala do Cine Brasília após duas edições virtuais comprovou o anseio das mais de 15 mil pessoas que passaram pelo festival, lotando todas as sessões das mostras Competitiva Nacional e Brasília. Foi a prova de que o festival, embora tradicional, mostra-se renovado, dada a ampla adesão da juventude do DF à programação.

A comissão de seleção de longas foi composta por André Dib, Erly Vieira Jr., Rafaella Rezende e Janaina Oliveira. Já os curtas foram selecionados por Adriano Garrett, Bethania Maia, Camila Macedo, Flavia Candida, Julia Katharine e Pedro Azevedo. A comissão de seleção dos filmes da Mostra Brasília contou com Sidiny Diniz, Allyson Xavier, Simônia Queiroz, Péterson Paim e Sérgio Moriconi.

Em 2022, o Prêmio Zózimo Bulbul, concedido em parceria com a Apan, Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro, e o Centro Afrocarioca de Cinema, teve júri formado por Adriana Gomes, Paula Dias e Vitor José. O Prêmio Marco Antônio Guimarães, concedido pelo CPCB, Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, elege o filme que melhor utiliza material de memória, pesquisa e arquivos do cinema brasileiro. O Troféu Saruê, do Correio Braziliense, foi concedido à memória do indigenista Bruno Pereira, documentado em A Invenção do Outro, de Bruno Jorge.

Confira a lista completa com os vencedores do 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro:

MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL | LONGAS-METRAGENS

Melhor Filme: A Invenção do Outro, de Bruno Jorge (SP/AM)
Melhor Filme | Júri Popular: Rumo, de Bruno Victor e Marcus Azevedo (DF)
Melhor Direção: Adirley Queirós e Joana Pimenta, por Mato Seco em Chamas
Melhor Roteiro: Mato Seco em Chamas, escrito por Adirley Queirós e Joana Pimenta
Melhor Atriz: Lea Alves e Joana Darc, por Mato Seco em Chamas
Melhor Ator: Carlos Francisco, por Canção ao Longe
Melhor Atriz Coadjuvante: Andreia Vieira, por Mato Seco em Chamas
Melhor Ator Coadjuvante: para o coro de motoqueiros de Mato Seco em Chamas
Melhor Fotografia: A Invenção do Outro, por Bruno Jorge
Melhor Direção de Arte: Mato Seco em Chamas, por Denise Vieira
Melhor Montagem: A Invenção do Outro, por Bruno Jorge
Melhor Trilha Sonora: Mato Seco em Chamas, por Muleka 100 Kalcinha
Melhor Edição de Som: A Invenção do Outro, por Bruno Palazzo e Bruno Jorge
Prêmio Especial do Júri: Rumo, de Bruno Victor e Marcus Azevedo (DF)

MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL | CURTAS-METRAGENS

Melhor Filme: Escasso, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles (RJ)
Melhor Filme | Júri Popular: Calunga Maior, de Thiago Costa (PB)
Melhor Direção: Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles, por Escasso
Melhor Roteiro: Lugar de Ladson, escrito por Rogério Borges
Melhor Atriz: Clara Anastácia, por Escasso
Melhor Ator: Giovanni Venturini, por Big Bang
Melhor Fotografia: Lugar de Ladson, por Yuji Kodato
Melhor Direção de Arte: Capuchinhos, por Joana Claude
Melhor Montagem: Calunga Maior e Nem o Mar Tem Tanta Água, por Edson Lemos
Melhor Trilha Sonora: Calunga Maior, por Podeserdesligado
Melhor Edição de Som: Lugar de Ladson, por Som de Black Maria (Isadora Maria Torres e Léo Bortolin)
Melhor Filme com Temática Afirmativa: Ave Maria, de Pê Moreira (RJ)

MOSTRA BRASÍLIA | 24º TROFÉU CÂMARA LEGISLATIVA | JÚRI OFICIAL

Melhor Longa: O Pastor e o Guerrilheiro, de José Eduardo Belmonte
Melhor Curta: Levante pela Terra, de Marcelo Cuhexê
Melhor Direção: Thiago Foresti, por Manual da Pós-verdade
Melhor Roteiro: Virada de Jogo, escrito por Juliana Corso
Melhor Atriz: Issamar Meguerditchian, por Desamor
Melhor Ator: Wellington Abreu, por Manual da Pós-verdade
Melhor Fotografia: Manual da Pós-verdade, por Elder Miranda Jr.
Melhor Direção de Arte: Manual da Pós-verdade, por Nadine Diel
Melhor Montagem: Plutão não é tão longe daqui, por Augusto Borges, Nathalya Brum e Douglas Queiroz
Melhor Edição de Som: O Pastor e o Guerrilheiro, por Olivia Hernández
Melhor Trilha Sonora: Capitão Astúcia, por Sascha Kratzer
Menção Honrosa: Ivan Presença e Chiquinho da UnB, personagens do longa Profissão Livreiro
Menção Honrosa: Super-Heróis, de Rafael de Andrade

MOSTRA BRASÍLIA | 24º TROFÉU CÂMARA LEGISLATIVA | JÚRI POPULAR

Melhor longa-metragem: Capitão Astúcia, de Filipe Gontijo
Melhor curta-metragem: Desamor, de Herlon Kremer

PRÊMIOS ESPECIAIS

Prêmio Abraccine (longa-metragem): Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta
Prêmio Abraccine (curta-metragem): Calunga Maior, de Thiago Costa

Prêmio Zózimo Bulbul | Longa-metragem: Rumo, de Bruno Victor e Marcus Azevedo
Prêmio Zózimo Bulbul | Curta-metragem: Calunga Maior, de Thiago Costa

Prêmio Marco Antônio Guimarães: Diálogos com Ruth de Souza, de Juliana Vicente (SP)
Prêmio Canal Brasil de Curtas: Nossos Passos Seguirão os Seus…, de Uilton Oliveira (RJ)
Troféu Saruê: à memória do indigenista Bruno Pereira, documentado em A Invenção do Outro

Foto: PC Cavera.

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