Dirigido por Margarita Hernández, Che, Memórias de um Ano Secreto ganha exibição especial no 28º Cine Ceará

por: Cinevitor

checineceara1A diretora Margarita Hernández apresenta o filme no palco do Cine Ceará.

Dirigido por Margarita Hernández, Che, Memórias de um Ano Secreto teve exibição especial durante o 28º Cine Ceará nesta quarta-feira, 08/08, no Cineteatro São Luiz. O documentário conta a história do misterioso desaparecimento de Ernesto Che Guevara em dezembro de 1965, no auge da Guerra Fria.

O guerrilheiro esconde-se em alguns lugares, aguardando que o serviço de inteligência cubano prepare seu próximo destino. Três ex-agentes secretos que o acompanharam nesse trajeto revelam pela primeira vez os detalhes da operação.

No dia seguinte à exibição, Margarita participou de uma coletiva de imprensa ao lado de Enrique Hernández, que colaborou na pesquisa para a realização do documentário. Confira os melhores momentos da conversa:

O COMEÇO:

“A primeira ideia era fazer um filme sobre o dentista [um dos personagens do filme]. Quando teve uma mostra sobre o Che aqui no Cine Ceará, em 2009, eu vi todos os filmes. Inclusive o do Steven Soderbergh, Che 2: A Guerrilha, que abriu o festival. Logo, começaram a aparecer coisas interessantes que não estavam em outros filmes e acabei lendo todas as biografias. Com isso, Enrique [Hernández] fez a pesquisa”, revelou a diretora.

“A Margarita fez uma grande busca na internet e descobriu muita coisa. Eu fiz uma cobertura no final. Tem muito arquivo fotográfico que apareceu bem disperso. Mas tínhamos que encontrar aquilo que fosse fundamental para contar a história”, disse Enrique.

checineceara2Enrique Hernández e Margarita Hernández na coletiva de imprensa.

ARQUIVO:

“As fotos até estão em outros filmes, mas com uma qualidade muito ruim. Então, o Instituto Che fez um livro sobre o Congo, restaurou as fotos e eu restaurei em cima da restaurada. Agora está muito boa [a foto no Congo], que não tem autor. Ninguém sabe quem fez”, revelou Margarita.

OS PERSONAGENS:

“Essas pessoas não têm acesso fácil. Eu só consegui acesso a duas pessoas, o resto dos personagens foi através de uma negociação oficial com o Itamaraty. Um coronel ou um comandante não vão me dar entrevista se eu chegar e bater na porta deles. Tive que fazer uma negociação demoradíssima com a Embaixada de Cuba, Itamaraty, Ministério das Relações Exteriores de Havana e Comitê Central do Partido”, contou a diretora.

“O Benicio Del Toro [que interpretou Che Guevara nos filmes de Soderbergh] me deu uma entrevista muito boa, mas acabou não entrando no filme. Eu descartei tanta coisa boa! Por isso, quero fazer uma série, pois tem muita coisa, principalmente do Congo. Espero que alguma televisão tope”.

EQUIPE:

“A trilha sonora é do cubano José María Vitier, que tem uma brilhante carreira e formação clássica. Inclusive ele foi premiado no Festival de Veneza com o filme Un señor muy viejo con unas alas enormes [de Fernando Birri]. Ele é um grande músico”.

“Eu tive dois grandes montadores comigo: uma foi a Leyda Nápoles, que é formada em História, é cubana e é uma pessoa muito crítica. E tinha também o Mair Tavares, um dos melhores montadores do cinema brasileiro. Então, nós três ficávamos debatendo e exercendo esse trabalho de montador, que é tirar coisas, botar, enxergar e limar até chegar no ponto”, contou Margarita.

checineceara3A equipe do filme no palco do Cineteatro São Luiz, em Fortaleza.

FAMÍLIA:

“Se a Aleida [March, viúva de Che] desse entrevista pra mim, eu ficaria muito feliz. Mas ela não quis. Ela escreveu um livro e falou o que tinha que falar nesse livro e pronto. Ela também pediu pra eu não usar suas fotos porque fica com ciúmes dessa história e não aceita nenhuma outra coisa que saia da forma como ela vê tudo isso. A família precisa entender que o Che é do mundo. Então a relação com eles é delicada”, revelou a diretora.

LANÇAMENTO:

“A distribuidora do filme é a ArtHouse, do Rio de Janeiro, e ainda não temos o dinheiro para a distribuição. Agora que vamos entrar num edital de comercialização para fazer o lançamento. Porém, tudo demora muito. Eu gostaria muito que esse filme fosse pra Havana e tenho convite pra ir para dois festivais na República Checa”.

“Eu comecei a fazer qualquer coisa com o filme depois do É Tudo Verdade [festival de documentários] e agora que vamos pensar como vai ser lançado. Tomara que as pessoas assistam, não somente aquelas interessadas em política, em história. Quero que as pessoas possam se entreter com esse tipo de filme”, finalizou Margarita.

*O CINEVITOR está em Fortaleza e você acompanha a cobertura do 28º Cine Ceará por aqui e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Fotos: Thiago Gaspar.

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