Festival de Berlim 2023 exibirá cópia restaurada de A Rainha Diaba; curta brasileiro As Miçangas é selecionado

por: Cinevitor
Milton Gonçalves no longa A Rainha Diaba, de Antonio Carlos da Fontoura

A 73ª edição do Festival de Berlim, que acontecerá entre os dias 16 e 26 de fevereiro, e que terá a atriz e diretora Kristen Stewart como presidente do júri, revelou, nesta sexta-feira, 13/01, novos filmes em sua programação.

Na mostra Berlinale Shorts, vinte curtas-metragens, que disputam o Urso de Ouro, exploram plenamente as muitas possibilidades da narrativa cinematográfica. O cinema brasileiro marca presença com As Miçangas, de Rafaela Camelo e Emanuel Lavor. Na trama, duas jovens se retiram para uma remota casa de férias. Enquanto uma delas faz um aborto, a outro cuida dela silenciosamente. O elenco conta com Pâmela Germano, Tícia Ferraz e Karine Teles; o filme foi contemplado no primeiro Edital Cardume para produção de curtas.

Em comunicado oficial, Anna Henckel-Donnersmarck, diretora responsável pela mostra, disse: “Mesmo tópicos difíceis são abordados com uma leveza de toque revigorante, sem sacrificar nada de sua seriedade. É emocionante ver que tipo de ferramentas artísticas os cineastas estão usando para comunicar suas histórias e ideias. Estamos muito satisfeitos em receber alguns rostos familiares e muitos novos no festival este ano”.

Além disso, o Brasil aparece também na mostra Forum Special, que tem curadoria de Jacqueline Nsiah e Can Sungu, com a cópia restaurada de A Rainha Diaba, de Antonio Carlos da Fontoura, realizado e lançado em 1974, durante a ditadura militar. Protagonizado por Milton Gonçalves, esse clássico do cinema queer brasileiro conta a história do marginal Rainha Diaba, que controla com mão de ferro o crime organizado da cidade. Para evitar que um de seus homens de frente caia nas mãos da polícia, ele encarrega Catitu de inventar um bandido perigoso e entregá-lo à polícia no lugar do homem procurado. Catitu sai pelas ruas e encontra Bereco, um jovem sustentado pela cantora de cabaré Isa. Ele atrai Bereco para uma série de crimes, projetando-o como um perigoso bandido.

O filme, que conta com Odete Lara, Stepan Nercessian, Nelson Xavier e Wilson Grey no elenco, foi premiado no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro nas categorias de melhor ator para Milton Gonçalves e melhor fotografia para José Medeiros; também venceu o Troféu APCA de melhor figurino para Ângelo de Aquino. A restauração do longa foi realizada pela CinemaScópio e Cinelimite.

Pâmela Germano e Tícia Ferraz no curta brasileiro As Miçangas

O Festival de Berlim também anunciou novos títulos na mostra Berlinale Special, uma das seções mais versáteis do evento, que traz obras com debates aprofundados em painéis de discussão com destaque para temas atuais, formatos inusitados e homenagem a personalidades extraordinárias do cinema. “Essa segunda leva de filmes anunciados é um grande exemplo de como o cinema pode ser colorido, vibrante, comprometido, divertido e envolvente”, disse Carlo Chatrian, diretor artístico do festival.

Outra novidade anunciada recentemente foi o filme de abertura: a comédia dramática She Came to Me, de Rebecca Miller, que traz Peter Dinklage, Marisa Tomei, Joanna Kulig, Brian d’Arcy James e Anne Hathaway no elenco, e será exibida fora de competição no Berlinale Palast.

Como já revelado anteriormente, o consagrado cineasta Steven Spielberg será homenageado com o Urso de Ouro honorário e exibirá seu mais recente trabalho, o premiado Os Fabelmans, que é inspirado em sua infância. “Em uma carreira de 50 anos, Steven Spielberg deixou uma marca decisiva e duradoura na arte de contar histórias cinematográficas, enquanto continua a abordar assuntos delicados. Gerações inteiras de cinéfilos entusiastas em todo o mundo cresceram com sua obra”, disse Rainer Rother, diretor artístico do Deutsche Kinemathek e responsável pela homenagem.

Em dezembro também foram anunciados os primeiros títulos da mostra Panorama, que, neste ano, destaca a forte presença do cinema feminista americano e manifesta uma tendência mundial para a produção cinematográfica transnacional, tanto em filmes de ficção quanto em documentários. “Este ano apresentamos impressionantes produções independentes de todo o mundo. As muitas obras de cineastas de todo o mundo que estão usando seus filmes para desafiar a guerra, a perseguição sistemática e a opressão são particularmente impressionantes. A tendência para a realização de filmes transnacionais se reflete nas numerosas e fortes inscrições. Tudo isso cria um rico terreno fértil para um Panorama 2023 amplo e altamente atual”, disse Michael Stütz, diretor da mostra.

O Festival de Berlim também revelou os 204 cineastas, de 67 países, selecionados para o Berlinale Talents. O Brasil aparece com diversos representantes, entre eles, Carlos Segundo e seu novo projeto, Leite em Pó, Lillah Halla, Janaina Wagner, Fernanda Polacow, entre outros. Filmes e instalações das mostras Forum e Forum Expanded também foram revelados.

Conheça os novos filmes selecionados para o 73º Festival Internacional de Cinema de Berlim:

FORUM SPECIAL

A Lover & Killer of Colour, de Wanjiru Kinyanjui (Alemanha) (1988)
A Rainha Diaba, de Antonio Carlos da Fontoura (Brasil) (1973)
Aufenthaltserlaubnis, de Antonio Skármeta (Alemanha) (1978)
Der Kampf um den heiligen Baum, de Wanjiru Kinyanjui (Alemanha) (1995)
Ein Herbst im Ländchen Bärwalde, de Gautam Bora (Alemanha) (1983)
I Heard It through the Grapevine, de Dick Fontaine (EUA) (1982)
Kara Kafa, de Korhan Yurtsever (Turquia) (1979)
Man sa yay, de Safi Faye (Alemanha) (1980)
Mein Vater, der Gastarbeiter, de Yüksel Yavuz (Alemanha) (1995)
Onun Haricinde, İyiyim, de Eren Aksu (Alemanha/Turquia) (2020)
Ordnung, de Sohrab Shahid Saless (Alemanha) (1980)
Oyoyo, de Chetna Vora (Alemanha) (1980)

BERLINALE SHORTS

8, de Anaïs-Tohé Commaret (França)
A Kind of Testament, de Stephen Vuillemin (França)
As Miçangas, de Rafaela Camelo e Emanuel Lavor (Brasil)
Back, de Yazan Rabee (Holanda)
Eeva, de Morten Tšinakov e Lucija Mrzljak (Estônia/Croácia)
From Fish to Moon, de Kevin Contento (EUA)
Happy Doom, de Billy Roisz (Áustria)
It’s a Date, de Nadia Parfan (Ucrânia)
Jill, Uncredited, de Anthony Ing (Reino Unido/Canadá)
La herida luminosa, de Christian Avilés (Espanha)
Les chenilles, de Michelle Keserwany e Noel Keserwany (França)
Marungka tjalatjunu, de Matthew Thorne e Derik Lynch (Austrália)
Mwanamke Makueni, de Daria Belova e Valeri Aluskina (Alemanha)
Nuits blanches, de Donatienne Berthereau (França)
Ours, de Morgane Frund (Suíça)
Qin mi, de Cheng Yu (China)
Terra Mater – Mother Land, de Kantarama Gahigiri (Ruanda/Suíça)
The Veiled City, de Natalie Cubides-Brady (Reino Unido)
The Waiting, de Volker Schlecht (Alemanha)
Wo de peng you, de Zhang Dalei (China)

BERLINALE SPECIAL

Der vermessene Mensch, de Lars Kraume (Alemanha)
Golda, de Guy Nattiv (Reino Unido)
Kill Boksoon, de Byun Sung-hyun (Coreia do Sul)
L’ultima notte di Amore, de Andrea Di Stefano (Itália)
Laggiù qualcuno mi ama, de Mario Martone (Itália)
Ming On, de Soi Cheang (Hong Kong/China)
Sonne und Beton, de David Wnendt (Alemanha)
Talk to Me, de Danny Philippou e Michael Philippou (Austrália)

PANORAMA

Al Murhaqoon, de Amr Gamal (Iêmen/Sudão/Arábia Saudita)
Au cimetière de la pellicule, de Thierno Souleymane Diallo (França/Senegal/Guiné/Arábia Saudita)
El castillo, de Martín Benchimol (Argentina/França)
Hello Dankness, de Soda Jerk (Austrália)
Inside, de Vasilis Katsoupis (Grécia/Alemanha/Bélgica)
Iron Butterflies, de Roman Liubyi (Ucrânia/Alemanha)
La Sirène, de Sepideh Farsi (França/Alemanha/Luxemburgo/Bélgica)
Passages, de Ira Sachs (França)
Perpetrator, de Jennifer Reeder (EUA)
Reality, de Tina Satter (EUA)
Silver Haze, de Sacha Polak (Holanda/Reino Unido)
Stams, de Bernhard Braunstein (Áustria)
Stille Liv, de Malene Choi (Dinamarca)
Transfariana, de Joris Lachaise (França/Colômbia)

FORUM

Concrete Valley, de Antoine Bourges (Canadá)
Dearest Fiona, de Fiona Tan (Holanda)
El juicio, de Ulises de la Orden (Argentina/Itália/França/Noruega)
Horse Opera, de Moyra Davey (EUA)
Llamadas desde Moscú, de Luís Alejandro Yero (Cuba/Alemanha/Noruega)
Mammalia, de Sebastian Mihăilescu (Romênia/Polônia/Alemanha)
Poznámky z Eremocénu, de Viera Čákanyová (Eslováquia/Tchéquia)
This Is the End, de Vincent Dieutre (França)

FORUM EXPANDED

Comrade leader, comrade leader, how nice to see you, de Walid Raad (EUA)
Conspiracy, de Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich (EUA)
Es gibt keine Angst, de Anna Zett (Alemanha)
Last Things, de Deborah Stratman (França/EUA/Portugal)
No Stranger at All, de Priya Sen (Índia)
On this shore, here., de Jasmina Metwaly (Alemanha)
That Day, on the River, de Lei Lei (China)
Un gif larguísimo, de Eduardo Williams (Espanha/Noruega/Grécia)

Fotos: Divulgação.

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