O brasileiro Regis Myrupu: prêmio de melhor ator.
Foram anunciados neste sábado, 17/08, os vencedores da 72ª edição do Festival de Cinema de Locarno. O Leopardo de Ouro, prêmio máximo do evento, foi entregue para o drama português Vitalina Varela, de Pedro Costa. O júri da Competição Internacional foi presidido pela cineasta francesa Catherine Breillat.
Neste ano, o cinema brasileiro estava representado com quatro produções em competição: A Febre, de Maya Da-Rin, na Competição Internacional; os curtas Carne, de Camila Kater, e Chão de Rua, de Tomás von der Osten, na mostra Pardi di domani, que exibe médias e curtas de cineastas independentes ou estudantes que ainda não realizaram seus longas; e o curta Swinguerra, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, na mostra Moving Ahead, antes chamada de Signs of Life e que mudou de nome em homenagem ao cineasta Jonas Mekas, que morreu em janeiro deste ano, e destaca a inovação da linguagem cinematográfica com a intenção de investigar novas formas narrativas.
Além disso, os filmes brasileiros Abolição, de Zózimo Bulbul (1988), Amor Maldito, de Adélia Sampaio (1984) e Orfeu Negro, de Marcel Camus, coprodução entre França, Brasil e Itália, de 1959, tiveram exibições especiais na mostra Retrospettiva: Black Light.
Depois de receber três minutos de aplauso em sua exibição no festival, o brasileiro A Febre, de Maya Da-Rin, recebeu dois prêmios: melhor ator para Regis Myrupu e melhor filme segundo o júri da FIPRESCI. Primeira experiência de Regis como ator, o longa foi considerado pela Cineuropa como “uma extraordinária oportunidade de observar a riqueza e complexidade de uma cultura”, enquanto o periódico italiano Cinque Quotidiano o aclamou como “um filme extraordinário”.
“Estou muito emocionado com esse prêmio. Nós, povos indígenas, estamos vivendo um momento muito difícil. Não só nós, mas também a nossa casa, a floresta, está sendo destruída. Então, um indígena recebendo um prêmio como esse, mostra a nossa força e capacidade de atuarmos na sociedade não indígena, seja participando de um filme, seja como médicos ou advogados, sem que isso signifique a perda das nossas origens ou o esquecimento da nossa cultura”, disse o ator.
A trama narra à história de Justino, um indígena do povo Desana que trabalha como vigilante em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus. Desde a morte da sua esposa, sua principal companhia é a filha Vanessa, que está de partida para estudar Medicina em Brasília. Como o passar dos dias, Justino é tomado por uma febre forte. Durante a noite, uma criatura misteriosa segue seus passos. Durante o dia, ele luta para se manter acordado no trabalho. Porém, sua rotina do porto é transformada com a chegada de um novo vigia. Nesse meio tempo, seu irmão vem de visita e Justino relembra a vida na aldeia, de onde partiu há mais de vinte anos.
Conheça os vencedores do 72º Festival de Cinema de Locarno:
COMPETIÇÃO INTERNACIONAL
Leopardo de Ouro | Melhor Filme: Vitalina Varela, de Pedro Costa (Portugal)
Prêmio Especial do Júri: Pa-go (Height of the Wave), de Park Jung-Bum (Coreia do Sul)
Melhor Direção: Damien Manivel, por Les Enfants d’Isadora (Isadora’s Children) (França/Coreia do Sul)
Melhor Atriz: Vitalina Varela, por Vitalina Varela
Melhor Ator: Regis Myrupu, por A Febre
Menção Especial: Hiruk-pikuk si al-kisah (The Science of Fictions), de Yosep Anggi Noen (Indonésia/Malásia/França) e Hogar (Maternal), de Maura Delpero (Itália/Argentina)
MOSTRA CINEASTI DEL PRESENTE
Leopardo de Ouro | Melhor Filme: Baamum Nafi (Nafi’s Father), de Mamadou Dia (Senegal)
Prêmio Especial do Júri: Ivana cea Groaznica (Ivana the Terrible), de Ivana Mladenović (Romênia/Sérvia)
Melhor Direção Emergente: Hassen Ferhani, por 143 rue du désert (143 sahara street) (Argélia/França/Qatar)
Menção Especial: Here for Life, de Andrea Luka Zimmerman e Adrian Jackson (Reino Unido)
MOVING AHEAD
Melhor Filme: The Giverny Document (Single Channel), de Ja’Tovia M. Gary (EUA/França)
Menção Especial: Those That, at a Distance, Resemble Another, de Jessica Sarah Rinland (Reino Unido/Argentina/Espanha) e Shān Zhī Běi (Osmosis), de Zhou Tao (China)
PRIMEIRO FILME
Melhor Primeiro Filme: Baamum Nafi (Nafi’s Father), de Mamadou Dia (Senegal)
Prêmio Swatch Art Peace Hotel: La Paloma y el Lobo (The Dove and the Wolf), de Carlos Lenin (México)
Menção Especial: Instinct, de Halina Reijn (Holanda) e Fi Al-Thawra (During Revolution), de Maya Khoury (Síria/Suécia)
PRÊMIO DO PÚBLICO: Camille, de Boris Lojkine (França)
PRÊMIO VARIETY PIAZZA GRANDE: Instinct, de Halina Reijn (Holanda)
PRÊMIO FIPRESCI: A Febre, de Maya Da-Rin (Brasil/França/Alemanha)
PRÊMIO ECUMÊNICO: Hogar (Maternal), de Maura Delpero (Itália/Argentina)
PRÊMIO ECUMÊNICO | Menção Especial: Vitalina Varela, de Pedro Costa (Portugal)
PRÊMIO EUROPA CINEMAS LABEL: Hogar (Maternal), de Maura Delpero
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Foto: Massimo Pedrazzini/Locarno Film Festival.