Foram anunciados nesta quarta-feira, 06/07, os filmes selecionados para a 75ª edição do Festival de Cinema de Locarno, que acontecerá entre os dias 3 e 13 de agosto. Com uma programação eclética, o evento é considerado um dos principais festivais de cinema autoral do mundo.
Neste ano, o cinema brasileiro marca presença com diversos títulos, entre eles, Regra 34, de Julia Murat, na Competição Internacional. Na disputa pelo Leopardo de Ouro, prêmio máximo do festival, o longa conta a história de Simone, interpretada por Sol Miranda, uma jovem advogada, negra, que pagou a faculdade de direito com performances on-line de sexo. Ela acabou de passar em um concurso para defensora pública e, sua nova rotina, consiste em aulas em um curso preparatório para defensoria, o acompanhamento de sessões de acolhimento às mulheres vítimas de violência doméstica e aulas de kung fu.
Com o objetivo de despertar novamente o desejo sexual de Simone, Natália, papel de Isabela Mariotto, uma amiga de infância, envia um link de um vídeo de uma mulher negra praticando sadomasoquismo. O vídeo parece provocar em Simone tanto um desejo sexual quanto os seus medos mais profundos, em um misto de nojo e fascinação. Gradualmente, Simone entra em uma jornada de conhecimento das práticas de BDSM (Bondage, Discipline and Sadomasochist) com sua amiga Lucia, vivida por Lorena Comparato, e seu roommate Coyote, papel de Lucas Andrade. Porém, Lucia começa a se sentir desconfortável com a violência, qualificando o desejo de Simone como um reflexo do machismo da sociedade, expondo a contradição que essas práticas tem com o trabalho de defensoria pública em que ela atua. Simone precisa decidir se segue sua busca sozinha, descobrindo os limites entre o risco, o desejo e a obsessão.
Com distribuição da Imovision, o filme conta também com Georgette Fadel, Márcio Vito, Rodrigo Bolzan, Dani Ornellas, Babu Santana, Lucas Gouvêa, Mc Carol, Simone Mazzer, Raquel Karro, Marcos Damigo, Julia Bernat, Marina Merlino, Samuel Toledo, Luiza Rolla e Yakini Kalid no elenco. O roteiro é assinado por Gabriela Capello, Julia Murat, Rafael Lessa e Roberto Winter.
O júri da Competição Internacional será presidido pelo produtor Michel Merkt e contará também com: Prano Bailey-Bond, cineasta galês; Alain Guiraudie, diretor e roteirista francês; William Horberg, produtor americano; e Laura Samani, cineasta italiana.
Giovanni Venturini no curta-metragem Big Bang, de Carlos Segundo.
Na mostra Concorso Cineasti del presente, que traz uma seleção de primeiro e segundo longas-metragens, principalmente estreias mundiais, dirigidos por talentos globais emergentes, o Brasil aparece com a instalação em vídeo É Noite na América, de Ana Vaz, uma coprodução entre Itália e França. O júri da mostra será formado por: Annick Mahnert, produtora suíça; Gitanjali Rao, atriz, animadora e diretora indiana; e Katriel Schory, produtor cinematográfico.
O cinema brasileiro aparece também na mostra Pardi di domani, território de experimentação expressiva e poesia formal inovadora, que exibe curtas e médias-metragens em estreia mundial ou internacional. A seção consiste em três concursos: Concorso internazionale, com trabalhos de cineastas emergentes de todo o mundo; Concorso nazionale, para produções suíças; e Concorso Corti d’autore, com curtas obras de diretores consagrados.
O curta-metragem Big Bang, de Carlos Segundo, uma coprodução entre Brasil e França, ganha destaque na Concorso Corti d’autore. Com Giovanni Venturini e Aryadne Amâncio no elenco, o filme se passa em Uberlândia, Minas Gerais, e mostra Chico, que ganha a vida consertando fornos, nos quais entra facilmente graças ao seu pequeno tamanho. Diante do desprezo de um sistema que o relega às fileiras dos marginalizados, ele gradualmente entra em resistência. O júri da Pardi di domani será formado por: Walter Fasano, montador italiano; Azra Deniz Okyay, cineasta turca; e Ada Solomon, produtora romena.
Na mostra Open Doors Screenings, que destaca talentos e filmes de países onde o cinema independente é mais frágil, o Brasil aparece em coprodução com Cuba e Colômbia com o longa La opción cero, do cineasta cubano Marcel Beltrán.
Além dos filmes, o festival também presta diversas homenagens a grandes nomes das artes. Neste ano, a cineasta norte-americana Kelly Reichardt receberá o Pardo d’onore Manor; o diretor Costa Gavras será honrado com o Pardo alla carriera Ascona-Locarno; o ator e cineasta americano Matt Dillon será homenageado com o Lifetime Achievement Award; a artista experimental Laurie Anderson receberá o Vision Award Ticinomoda; o produtor cinematográfico Jason Blum será honrado com o Prêmio Raimondo Rezzonico; e a diretora e animadora Gitanjali Rao será homenageada com o Locarno Kids Award la Mobiliare.
Conheça os filmes selecionados para o Festival de Locarno 2022:
COMPETIÇÃO INTERNACIONAL
Ariyippu, de Mahesh Narayanan (Índia)
Balıqlara xütbə (Sermon to the Fish), de Hilal Baydarov (Azerbaijão/México/Suíça/Turquia)
Bowling Saturne (Saturn Bowling), de Patricia Mazuy (França/Bélgica)
De noche los gatos son pardos, de Valentin Merz (Suíça)
Gigi la legge (The Adventures of Gigi the Law), de Alessandro Comodin (Itália/França/Bélgica)
Hikayat elbeit elorjowani (Tales of the Purple House), de Abbas Fahdel (Líbano/Iraque/França)
Human Flowers of Flesh, de Helena Wittmann (Alemanha/França)
Il Pataffio, de Francesco Lagi (Itália/Bélgica)
Matter Out of Place, de Nikolaus Geyrhalter (Áustria)
Nação Valente (Tommy Guns), de Carlos Conceição (Portugal/França/Angola)
Piaffe, de Ann Oren (Alemanha)
Regra 34, de Julia Murat (Brasil/França)
Serviam – Ich will dienen (Serviam – I Will Serve), de Ruth Mader (Áustria)
Skazka (Fairytale), de Alexander Sokurov (Bélgica/Rússia)
Stella est amoureuse (Stella in Love), de Sylvie Verheyde (França)
Stone Turtle, de Ming Jin Woo (Malásia/Indonésia)
Tengo sueños eléctricos, de Valentina Maurel (Bélgica/França/Costa Rica)
CONCORSO CINEASTI DEL PRESENTE
A Perfect Day for Caribou, de Jeff Rutherford (EUA)
Arnon pen nakrian tuayang (Arnold Is a Model Student), de Sorayos Prapapan (Tailândia/Singapura/França/Holanda/Filipinas)
Astrakan, de David Depesseville (França)
Before I Change My Mind, de Trevor Anderson (Canadá)
Den siste våren (Sister, What Grows Where Land Is Sick?), de Franciska Eliassen (Noruega)
É Noite na América, de Ana Vaz (Itália/França/Brasil)
Fragments From Heaven, de Adnane Baraka (Marrocos/França)
Love Dog, de Bianca Lucas (Polônia/México/EUA)
Matadero, de Santiago Fillol (Argentina/Espanha/França)
Nossa Senhora da Loja do Chinês, de Ery Claver (Angola)
Petites (Little Ones), de Julie Lerat-Gersant (França)
Petrol, de Alena Lodkina (Austrália)
Sigurno mjesto (Safe Place), de Juraj Lerotić (Croácia)
Svetlonoc (Nightsiren), de Tereza Nvotová (Eslováquia/República Checa)
Yak Tam Katia? (How is Katia?), de Christina Tynkevych (Ucrânia)
PARDI DI DOMANI | Corti d’autore
Asterión, de Francesco Montagner (República Checa/Eslováquia)
Au crépuscule (At Dusk), de Miryam Charles (Canadá)
Big Bang, de Carlos Segundo (Brasil/França)
Chant pour la ville enfouie (Song for the Buried City), de Nicolas Klotz e Elisabeth Perceval (França)
Il faut regarder le feu ou brûler dedans (Watch the Fire or Burn Inside It), de Caroline Poggi e Jonathan Vinel (França)
Paradiso, XXXI, 108, de Kamal Aljafari (Palestina/Alemanha)
Poitiers, de Jérôme Reybaud (França)
Rien ne sera plus comme avant (Nothing Will Be the Same Again), de Elina Löwensohn (França)
Songy Seans (Last Screening), de Darezhan Omirbaev (Quirguistão/Cazaquistão)
Tako se je končalo poletje (That’s How the Summer Ended), de Matjaž Ivanišin (Eslovênia/Hungria/Itália)
PIAZZA GRANDE
Alles über Martin Suter. Ausser die Wahrheit. (Everything About Martin Suter. Everything but the Truth.), de André Schäfer (Suíça/Alemanha)
Annie Colère (Angry Annie), de Blandine Lenoir (França)
Crime no Carro Dormitório (Compartiment tueurs), de Costa-Gavras (França)
Delta, de Michele Vannucci (Itália)
Home of the Brave, de Laurie Anderson (EUA)
Imitação da Vida (Imitation of Life), de Douglas Sirk (EUA)
Last Dance, de Delphine Lehericey (Suíça/Bélgica)
Medusa Deluxe, de Thomas Hardiman (Reino Unido)
My Neighbor Adolf, de Leon Prudovsky (Israel/Polônia/Colômbia)
Paradise Highway, de Anna Gutto (EUA/Alemanha/Suíça)
Piano Piano, de Nicola Prosatore (Itália)
Printed Rainbow, de Gitanjali Rao (Índia)
Semret, de Caterina Mona (Suíça)
Trem-Bala (Bullet Train), de David Leitch (EUA)
Une femme de notre temps (A Woman), de Jean Paul Civeyrac (França)
Vous n’aurez pas ma haine (You Will Not Have My Hate), de Kilian Riedhof (Alemanha/França/Bélgica)
Where the Crawdads Sing, de Olivia Newman (EUA)
FUORI CONCORSO
Candy Land, de John Swab (EUA)
ERICA JONG – breaking the wall, de Kaspar Kasics (Suíça)
La dérive des continents (au sud), de Lionel Baier (Suíça/França)
LOLA, de Andrew Legge (Irlanda/Reino Unido)
Nuit obscure – Feuillets sauvages (Les brûlants, les obstinés) (Obscure night – Wild leaves (The burning ones, the obstinate)), de Sylvain George (França/Suíça)
Objectos de Luz (Love Lights), de Acácio de Almeida e Marie Carré (Portugal)
Onde Fica Esta Rua? ou Sem Antes Nem Depois, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata (Portugal/França)
Prisma (episódio 1 e 2), de Ludovico Bessegato (Itália)
Prologos, de Mantas Kvedaravičius (Lituânia/Grécia)
W, de Anna Eriksson (Finlândia)
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Fotos: Divulgação.