Festival de Málaga 2022: filmes brasileiros são selecionados

por: Cinevitor
Marcélia Cartaxo em A Mãe, de Cristiano Burlan: filme selecionado.

O Festival de Málaga começou em 1998 com o objetivo de favorecer a divulgação da cinematografia espanhola, tornando-se uma referência nacional e internacional com intenção de contribuir para o desenvolvimento de Málaga, que fica no sul da Espanha, como uma cidade aberta e cultural. A programação conta também com produções de outros países e promove um panorama amplo da cultura cinematográfica.

Neste ano, em sua 25ª edição, que acontecerá entre os dias 18 e 27 de março, o cinema brasileiro marca presença com algumas produções, entre elas, A Mãe, de Cristiano Burlan, na Seleção Oficial de longas-metragens. O filme acompanha Maria, interpretada por Marcélia Cartaxo, uma migrante nordestina que vive na periferia de São Paulo e trabalha como camelô no centro da cidade. Após um dia exaustivo, ela volta para casa e não encontra seu filho Valdo. Depois de procurar na vizinhança e na polícia, onde não obtém nenhuma resposta, ela procura o traficante local, que diz que o filho foi assassinado pela polícia. Incrédula, Maria inicia uma busca incessante para descobrir o paradeiro do filho.

O filme é um mergulho intimista na vida e no luto de uma mulher que ao ver a vida de seu filho abreviada, precisa enfrentar a burocracia opressora das grandes metrópoles para poder vê-lo uma última vez. Desde o início do projeto, Cristiano sempre teve em mente o rosto de Marcélia Cartaxo, que reflete a dureza da vida, mas também sua inocência e compaixão. O elenco conta também com Helena Ignez, Dunstin Farias, Henrique Zanoni, Ana Carolina Marinho, Kiko Marques, Hélio Cícero, Mawusi Tulani, Che Mois, Tuna Dwek, Carlos Meceni, Rubinho, Dinho Lima Flor, Gabriela Rabelo, André Luis Patrício, Walter Figueiredo, Eduardo Acaiabe, Gustavo Canovas, Anna Zêpa, Badu Morais, Rodrigo Sanches, Esther Hwuang, Jordan Brigadeirão, entre outros.

Rodado em janeiro de 2020, no centro de São Paulo e no Jardim Romano, o longa dá continuidade ao trabalho desenvolvido por Cristiano Burlan, através de documentários e ficções, para trazer humanidade para as populações periféricas: “Meu irmão foi assassinado pela polícia em 2001. Dois anos depois, fiz o documentário Mataram meu Irmão. Em 2012, minha mãe foi morta pelo namorado e em 2017 fiz Elegia de um Crime. Minha história não é uma exceção. A impunidade, o preconceito, a desigualdade, a mídia e os governos transformam essas vidas em números. Mas por trás das estatísticas existem irmãos, amigos, mães e filhos”, disse o diretor. Clique aqui e assista aos bastidores das filmagens com entrevistas com o diretor e com a protagonista.

Já na competição de documentários, o cinema brasileiro aparece com Memória Sufocada, de Gabriel Di Giacomo. Na trama, por meio de buscas na internet, o passado do Brasil é reconstruído e trazido ao presente. O coronel Carlos Ustra é o único soldado condenado como torturador durante a ditadura brasileira. Hoje, o presidente Jair Bolsonaro o elogia como um herói. Mas qual é a verdade?

Além disso, outros títulos se destacam, como: o curta-metragem Mister Powerful, uma coprodução entre Brasil e Espanha, dirigida pelo cineasta espanhol Oriol Barberà Masats, hoje radicado no Brasil; e Coração Errante, de Leonardo Brzezicki, uma coprodução da brasileira RT Features, com fotografia de Pedro Sotero e protagonizada por Leonardo Sbaraglia.

Para esta 25ª edição, 1.949 títulos foram inscritos; 671 foram dirigidos por mulheres, o que significa 34,4% do total. Enquanto aos selecionados, 69 contam com mulheres na direção; 37% do total. O filme de abertura deste ano será Código Emperador, de Jorge Coira; já o encerramento contará com a exibição de Llenos de gracia, de Roberto Bueso. O espanhol Alcarràs, de Carla Simón, vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim deste ano, será exibido fora de competição.

O júri da Seleção Oficial será formado por: Manuel Gutiérrez Aragón, cineasta e roteirista espanhol; Cecilia Suárez, atriz mexicana; Javier Cercas, escritor espanhol; Marco Muhletaler, diretor do Festival de Cinema de Lima; e a atriz espanhola Marta Nieto.

Como de costume, o festival também homenageará nomes importantes, entre eles: os atores Javier Ambrossi e Javier Calvo, que receberão o Premio Málaga Talent – La Opinión de Málaga; a atriz argentina Mercedes Morán, que receberá o Premio Retrospectiva – Málaga Hoy; a produtora Sol Carnicero, que será honrada com o Premio Ricardo Franco – Academia de Cine; o ator espanhol Miguel Rellán, que receberá a Biznaga Ciudad del Paraíso; o cineasta Carlos Saura, que será homenageado com a Biznaga de honor; e a Academia de Cine, que receberá o Premio Málaga – Sur.

Conheça os filmes selecionados para o 25º Festival de Málaga:

SELEÇÃO OFICIAL | COMPETIÇÃO

A Mãe, de Cristiano Burlan (Brasil)
As Garotas de Cristal, de Jota Linares (Espanha)
Cadejo blanco, de Justin Lerner (Guatemala/EUA/México)
Canallas, de Daniel Guzmán (Espanha)
Cinco lobitos, de Alauda Ruiz de Azúa (Espanha)
Código Emperador, de Jorge Coira (Espanha)
Coração Errante, de Leonardo Brzezicki (Argentina/Brasil/Chile/Holanda)
El test, de Dani de la Orden (Espanha)
La cima, de Ibon Cormenzana (Espanha/França)
La maniobra de la tortuga, de Juan Miguel del Castillo (Espanha/Argentina)
La voluntaria, de Nely Reguera (Espanha/Grécia)
Libre, de Natural Arpajou (Argentina)
Llegaron de noche, de Imanol Uribe (Espanha)
Lo invisible, de Javier Andrade (Equador/França)
Mensajes privados, de Matías Bize (Chile)
Mi vacío y yo, de Adrián Silvestre (Espanha)
Nosaltres no ens matarem amb pistoles, de María Ripoll (Espanha)
The Gigantes, de Beatriz Sanchis (México/EUA)
Utama, de Alejandro Loayza Grisi (Bolívia/Uruguai)

DOCUMENTÁRIO | LONGA-METRAGEM | COMPETIÇÃO

Alter, de Joaquín González Vaillant (Uruguai)
Apuntes desde el encierro, de Franca González (Argentina)
Balika, de Aitor Sánchez Smith e Lander Ibarretxe (Espanha)
Canción a una dama en la sombra, de Carolina Astudillo (Espanha)
De todas las cosas que se han de saber, de Sofía Velázquez (Peru)
Delia, de Victoria Pena Echeverría (Uruguai/Argentina)
Distopia, de Tiago Afonso (Portugal)
El silencio del topo, de Anaïs Taracena (Guatemala)
Francesca y el amor, de Alba Sotorra Clua (Espanha/França)
La visita y un jardín secreto, de Irene M. Borrego (Espanha/Portugal)
Llamarada, de Alejandra Almirón (Argentina/Noruega)
Memória Sufocada, de Gabriel Di Giacomo (Brasil)
Para su tranquilidad, haga su propio museo, de Pilar Moreno e Ana Endara (Panamá)
Robin Bank, de Anna Giralt Gris (Espanha/Alemanha)
Tener tiempo, de Mario Alejandro Arias, Gabriela Alonso Martínez e Nicolás Martin Ruiz (Espanha)
Tolyatti Adrift, de Laura Sisteró (Espanha/França)

*Clique aqui e confira a seleção completa.

Foto: Divulgação/Bela Filmes.

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