A diretoria da Biennale di Venezia anunciou nesta quarta-feira, 04/05, que o cineasta e roteirista norte-americano Paul Schrader receberá o Leão de Ouro honorário na 79ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza, que acontecerá entre os dias 31 de agosto e 10 de setembro. A homenagem foi proposta por Alberto Barbera, diretor do festival.
Em comunicado oficial, Paul declarou: “Estou profundamente honrado. Veneza é o Leão do meu coração”. Sobre a homenagem, Alberto Barbera disse: “Paul Schrader é uma figura chave da Nova Hollywood que, a partir do final dos anos 1960, revolucionou a imaginação, a estética e a linguagem do cinema americano. Não é exagero afirmar que ele é um dos cineastas americanos mais importantes de sua geração, um diretor profundamente influenciado pelo cinema e pela cultura europeia e um roteirista teimosamente independente que, no entanto, sabe trabalhar por encomenda e se mover com confiança dentro do sistema de Hollywood. A ousada estilização visual que exibe em todos os seus filmes o coloca entre os expoentes mais atuais de um cinema inconciliável e que investiga sutilmente a contemporaneidade. Schrader se compara a essa contemporaneidade não apenas com incansável curiosidade intelectual e compassiva, mas também com uma surpreendente capacidade de navegar na evolução tecnológica do cinema, bem como em seus sistemas de produção e distribuição. Graças a essa ousadia (que poucos cineastas de seu calibre estão dispostos a tentar, na fase madura de suas carreiras), Schrader não apenas continua trabalhando, mas nos últimos anos ele também nos deu alguns de seus filmes mais bonitos”.
O presidente da Biennale di Venezia, Roberto Cicutto, acrescentou: “O 79º Festival Internacional de Cinema de Veneza traz consigo um aniversário muito importante. Corria o ano de 1932 quando se realizou no terraço do Hotel Excelsior a primeira edição do festival de cinema mais antigo do mundo. Assim, este ano, o Festival de Cinema de Veneza celebra seu 90º aniversário. Acontecimentos da história roubaram onze deles se contarmos o número de edições que aconteceram. Mas este aniversário é mais um presente que o Festival de Cinema de Veneza oferece ao Leão de Ouro Paul Schrader, o multifacetado autor do cinema”.
Nascido em 1946, em Grand Rapids, Michigan, nos Estados Unidos, Paul vem de uma rigorosa família calvinista holandesa. Ao longo de sua carreira, escreveu ou dirigiu mais de trinta filmes. Na vida acadêmica, obteve seu bacharelado no Calvin College e depois seu mestrado na UCLA Film School. Posteriormente, participou da aula inaugural do American Film Institute.
Depois de atuar como crítico, entrou para a cena cinematográfica com seus roteiros inovadores, deixando uma marca duradoura em filmes de diretores como Sidney Pollack (Operação Yakuza, de 1974) e Brian De Palma (Trágica Obsessão, de 1976), incluindo quatro colaborações com Martin Scorsese: Taxi Driver, que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1976, e foi indicado ao Oscar em quatro categorias; Touro Indomável; A Última Tentação de Cristo, que foi exibido no Festival de Veneza, em 1988; e Vivendo no Limite.
Sua estreia na direção aconteceu em 1978 com o drama policial Vivendo na Corda Bamba, protagonizado por Richard Pryor e Harvey Keitel, baseado em um roteiro que escreveu com seu irmão Leonard sobre trabalhadores de fábricas de automóveis que tentam escapar de sua rotina socioeconômica através do roubo e da chantagem. No mesmo ano, escreveu e dirigiu o filme autobiográfico Hardcore: No Submundo do Sexo, que foi exibido no Festival de Berlim. Depois realizou Gigolô Americano, com Richard Gere no elenco, e o terror A Marca da Pantera, ambos indicados ao Globo de Ouro.
Com o drama biográfico Mishima: Uma Vida em Quatro Tempos, sobre o escritor japonês Yukio Mishima, foi premiado no Festival de Cannes, em 1985; o filme teve produção executiva de Francis Ford Coppola e George Lucas. Ainda na década de 1990, dirigiu Uma Estranha Passagem em Veneza e O Dono da Noite, exibido em Berlim. Com Temporada de Caça, foi aclamado pela crítica; o filme foi indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator para Nick Nolte e melhor ator coadjuvante para James Coburn.
Em 2019, Schrader foi indicado ao Oscar de melhor roteiro original pelo suspense dramático Fé Corrompida, no original First Reformed, estrelado por Ethan Hawke e Amanda Seyfried, que foi exibido no Festival de Veneza em 2017 e aclamado pela crítica. Com o drama policial The Card Counter, protagonizado por Oscar Isaac e Tiffany Haddish, também passou por Veneza, em 2021.
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