Filho de Saul

por: Cinevitor

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Diretor: László Nemes

Elenco: Géza Röhrig, Levente Molnár, Urs Rechn, Todd Charmont, Jerzy Walczak, Gergö Farkas, Balázs Farkas, Sándor Zsótér, Marcin Czarnik, Levente Orbán, Kamil Dobrowolski, Uwe Lauer, Christian Harting, Attila Fritz, Mihály Kormos, Márton Ágh, Amitai Kedar, István Pion, Juli Jakab, Tamás Polgár, Rozi Székely, Erno Fekete, László Somorjai, Mendy Cahan, Eszter Csépai, Björn Freiberg, Péter Takátsy.

Ano: 2015

Sinopse: Saul Ausländer é um membro húngaro do Sonderkommando, o grupo de prisioneiros judeus que foram isolados do acampamento e são forçados a ajudar os nazistas no maquinário de extermínio em grande escala. Enquanto trabalha em um dos crematórios, Saul descobre o corpo de um menino que ele identifica como sendo de seu filho. Como o Sonderkommando planeja uma rebelião, Saul decide realizar uma tarefa impossível: salvar o corpo da criança das chamas, encontrar um rabino para recitar o Kadish e oferecer ao menino um enterro apropriado.

Crítica do CINEVITOR: É totalmente aceitável e compreensível o sucesso que Filho de Saul tem feito nas premiações. O primeiro longa-metragem do húngaro László Nemes é impactante. Ao contar a história de um judeu obrigado a trabalhar para os nazistas em um crematório de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial, o diretor retrata com tensão e agonia a jornada deste homem, que, ao encontrar o corpo de um menino em meio ao horror da guerra, decide se aventurar para realizar um enterro digno para esta criança. Mas, logo nos primeiros instantes, surge a dúvida: o menino é realmente filho de Saul? Não se sabe e o diretor também nem se preocupa em explicar a ligação entre eles, pois não há necessidade. O que chama a atenção nessa situação é a identificação entre esses dois personagens. Se o corpo for realmente do filho do protagonista, nada mais justo do que um pai aterrorizado querer enterrar seu ente querido; caso o corpo não seja de seu filho, entende-se que Saul encontra nessa criança uma possível representação de sua família e de sua vida antes da guerra e, com isso, justifica-se a ansiedade e a preocupação em enterrar esse corpo, junto com todos os traumas de um horror vivido de perto, para sentir, pelo menos por alguns segundos, um alívio e o gosto da liberdade. As duas opções se encaixam nessa narrativa guiada pelo medo e pela coragem. Com pouco diálogo e muita ação, o diretor acerta ao retratar a crueldade através de imagens que falam mais do que palavras. Com uma câmera inquieta, seguindo um estilo documental, acompanhamos tudo pelo ponto de vista do protagonista, quase como uma câmera subjetiva. Os planos fechados no rosto de Saul também contribuem para a tensão do filme, destacando a atuação primorosa de Géza Röhrig. A linguagem cinematográfica adotada pelo diretor apresenta longos planos-sequência, nos quais o espectador capta a sensação angustiante da trama. Enquanto vemos de perto a reação dos personagens, com a câmera bem próxima, percebemos que, geralmente, tudo que está em segundo plano aparece desfocado, inclusive o som, tanto das vozes como dos ruídos, causando aflição. Filho de Saul é um filme triste, que mostra pessoas e corpos tratados como peças. Seu ponto alto é contar uma história que se passa numa guerra sangrenta com foco em um personagem que, mesmo com os olhos acostumados a ver tamanha brutalidade, busca no fim da linha um pouco de esperança e dignidade. (Vitor Búrigo)

*Filme assistido na 39ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

Nota do CINEVITOR:

nota-4-estrelas

 

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