Diretor: Daniel Ribeiro
Elenco: Ghilherme Lobo, Fabio Audi, Tess Amorim, Selma Egrei, Eucir de Souza, Lucia Romano, Isabela Guasco.
Ano: 2014
Sinopse: Leonardo é um garoto cego que tem como melhor amiga a divertida Giovana. Com a chegada de Gabriel, novos sentimentos se despertam neles e o trio passa a conviver com seus dilemas e suas descobertas.
Comentários do CINEVITOR: Antes de lançar seu primeiro longa, Daniel Ribeiro já tinha realizado dois ótimos curtas (Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho). Se continuasse no mesmo caminho dos trabalhos anteriores, seu novo filme teria tudo para ser tão marcante quanto os outros. Hoje Eu Quero Voltar Sozinho superou as expectativas e foi além do esperado. A história de Leo, Gabriel e Giovana já tinha sido contada no curta Eu Não Quero Voltar Sozinho, mas ganhou uma versão estendida para as telonas e com isso o diretor conseguiu se aprofundar ainda mais no universo desses adolescentes, expondo seus dilemas, suas dificuldades e seus desejos de uma maneira suave e delicada, sem esconder nada. Ghilherme Lobo interpreta Leonardo, um menino cego que tem como fiel escudeira e confidente a divertida Giovana, papel de Tess Amorim, que merece muitos aplausos por sua carismática atuação. O triângulo amoroso se completa com a chegada de Gabriel (Fabio Audi) e, a partir desse momento, novos sentimentos surgem entre eles. Não pense em um triângulo amoroso cheio de malícias como estamos acostumados a ver nas telenovelas brasileiras. Entenda pelo lado mais sensível e delicado da situação, em que três amigos que se gostam muito começam a amadurecer juntos e percebem que certas mudanças em suas vidas podem ser bem vindas. Ao mesmo tempo em que Leo demonstra saber lidar com sua deficiência visual, já que nasceu cego, ele também compreende que às vezes nem tudo é tão fácil como gostaria que fosse. Não por ele, mas sim pelos outros. Em uma conversa com Giovana ele desabafa: “O problema não sou eu”, dando a entender que a busca pela sua independência é o caminho mais certo a seguir, mesmo que a opção seja aprender a ser feliz longe daqueles que o protegem. Típico dilema adolescente em que o único objetivo é conseguir seu lugar ao sol, longe dos “problemas”. A trilha sonora também ganha destaque no longa e tem um papel importante em várias situações. Sem a música, talvez algumas cenas perderiam seu brilho e não valeriam as emoções. There’s Too Much Love, de Belle and Sebastian e Vagalumes Cegos, do cantor carioca Cícero, parecem ter sido feitas para o filme de tão perfeitas que se encaixam no contexto. O filme é encantador, leve e suave e aborda um tema já conhecido no cinema, a homossexualidade. Poderia ser clichê, ter cenas picantes ou até personagens caricatos. Mas segue um caminho totalmente oposto, mostrando jovens e suas descobertas de uma maneira simples e normal, como deveria ser fora das telonas (embora ainda não seja para a maioria). Mas o longa vai além disso e fala de amor, de carinho, de amizade. A história é tão bonita e envolvente que a delicadeza é explícita tanto nos diálogos quanto nas atuações. Um exemplo disso é o personagem Gabriel, um menino ingênuo que, ao mudar de cidade, tenta se adaptar em sua nova vida. A atuação de Fabio Audi é tão verdadeira que deixa o público com vontade de ser seu amigo na vida real. A sensação ao assistir Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é a de que somos próximos desses personagens devido ao envolvimento, como espectador, na história. Méritos do diretor que consegue captar as verdadeiras emoções (nos mínimos detalhes) e repassá-las de uma maneira delicada, seja por sua direção ou pelo roteiro tão bem escrito. Como diz a canção de Belle and Sebastian: there’s too much love (há muito amor) por aqui. (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR: