IndieLisboa 2022: conheça os vencedores; filmes brasileiros são premiados

por: Cinevitor
Cena de Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta: três prêmios.

Foram anunciados neste domingo, 08/05, os vencedores da 19ª edição do IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema, conhecido por promover filmes independentes e apoiar a divulgação destes títulos na capital portuguesa, sendo considerado o maior festival português de cinema. 

Neste ano, o grande vencedor foi o longa de ficção com cunho documental Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta, uma coprodução entre Brasil e Portugal. Com Joana Darc, Léa Alves e Andreia Vieira no elenco, a trama se passa em Ceilândia, na periferia de Brasília. O título recebeu o Grande Prêmio Cidade de Lisboa de melhor longa-metragem: “Um filme com uma construção e força intrincadas das personagens e a complexidade da estrutura e do cenário. A atmosfera magnética ao longo de todo o filme transforma-o numa verdadeira epopeia do século XXI”, disse a justificativa do júri, que foi formado por Ada Solomon, Marcin Pieńkowski e Patrícia Portela.

Mato Seco em Chamas também foi eleito o melhor filme português na Competição Nacional: “Este filme de carga social e política mergulha-nos num transe fascinante do princípio ao fim. É um filme magnífico e hipnótico que explora brilhantemente o papel ativo deste grupo de mulheres fortes que lutam pela sua sobrevivência e a resistência de uma comunidade”, disse a justificativa do júri, que foi formado por Garbiñe Ortega, Massimo Causo e Uli Ziemons. Além disso, o longa também recebeu o Prêmio Universidades: “Pela sua capacidade de nos confrontar com realidades tão distantes e de provocar discussões que vão para além da sala de cinema”, disse o júri formado por alunos de diversas faculdades.

Ainda na Competição Internacional, Medusa, de Anita Rocha da Silveira, recebeu o Prêmio Especial do Júri, que garante a aquisição dos direitos do filme para Portugal: “Para a abordagem surpreendente e atraente de um tema atual e perturbador, o uso de cores fortes, bem como o uso original de referências da cultura pop como ferramenta de narração de histórias num cenário invulgar”, disse a justificativa.

Entre os curtas-metragens, o brasileiro Escasso, de Gabriela Meirelles e Clara Anastácia, foi eleito o melhor filme de ficção da Competição Internacional: “O filme é cativante e comovente. É hilariante, excessivo e excêntrico na sua teatralidade e, ao mesmo tempo, revela uma escassez, uma imensa fragilidade. E tudo isso sem nunca perder o sentido de humor. Através da personagem exuberante Rose, mostra um Brasil radicalmente desigual, onde ecoa o estigma repetido do colonialismo e da sua forma de operar: a exploração de uma extensa população por um pequeno grupo de privilegiados. Escasso é um filme de rebeldia. É uma ficção tão genuína ao ponto de se tornar um documentário”, disse a justificativa do júri, que foi formado por Cláudia Galhós, Jérémy van der Haegen e Laura Walde.

O filme Urban Solutions, de Arne Hector, Luciana Mazeto, Minze Tummescheit e Vinícius Lopes, uma coprodução entre Alemanha e Brasil, foi eleito o melhor curta documental da Competição Internacional: “Um filme que é, ao mesmo tempo, profundamente perturbador e maravilhosamente lúdico. Utilizando várias fontes de material de imagem e texto e momentos performativos, é ao mesmo tempo visualmente espetacular e urgente na sua política ao ligar o passado colonial brasileiro à sociedade contemporânea de duas classes do país. Aproveita ao máximo a capacidade do cinema para atordoar e agitar, para contemplar e envolver, para cobrar e não simplesmente julgar”, disse a justificativa do júri.

O curta também recebeu o Prêmio Amnistia Internacional: “Pela abordagem atual e relevante do tema do filme, pelo paralelismo entre o passado colonial e o presente, e pela abordagem de encenação escolhida. Devido ao destaque dado às diferenças entre classes e aos contrastes entre o privilégio da segurança de uma elite rica e outros direitos humanos de todas as pessoas. Os ricos morrem de fome e medo sem os ‘invisíveis’. Mas também, por causa do poder da força coletiva para fazer a mudança. É possível saltar para fora do quadro”, disse a justificativa do júri, que foi formado por João Vicente, Maria do Rosário Vieitas Pires e Sofia Branco.

Confira a lista completa com os vencedores do IndieLisboa 2022:

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL | LONGA-METRAGEM

Grande Prêmio Cidade de Lisboa: Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta (Brasil/Portugal)
Prêmio Especial do Júri: Medusa, de Anita Rocha da Silveira (Brasil)
Menção Especial: El gran movimiento, de Kiro Russo (Bolívia/Qatar/França/Suíça/Reino Unido)

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL | CURTA-METRAGEM

Grande Prêmio: Mistida, de Falcão Nhaga (Portugal) e The Parent’s Room, de Diego Marcon (Itália)
Melhor Curta de Animação: The Parent’s Room, de Diego Marcon (Itália)
Melhor Curta Documentário: Urban Solutions, de Arne Hector, Luciana Mazeto, Minze Tummescheit e Vinícius Lopes (Alemanha/Brasil)
Melhor Curta Ficção: Escasso, de Gabriela Meirelles e Clara Anastácia (Brasil)

COMPETIÇÃO NACIONAL

Melhor Filme Português: Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta (Brasil/Portugal)
Melhor Direção: Rita Azevedo Gomes, por O Trio em Mi Bemol
Melhor Direção | Menção Especial: Paulo Carneiro, por Périphérique Nord
Melhor curta-metragem português: Domy + Ailucha, Cenas Kets!, de Ico Costa (França/Portugal)
Prêmio Novo Talento: Um Caroço de Abacate, de Ary Zara (Portugal)

COMPETIÇÃO NOVÍSSIMOS

Prêmio Novíssimos Betclic: Tindergraf, de Júlia Barata (Portugal/Argentina)
Menção Especial: Mapa, de Lourenço Crespo (Portugal)

MOSTRA SILVESTRE

Melhor longa-metragem: Cette maison, de Miryam Charles (Canadá) e Nous, étudiants!, de Rafiki Fariala (República Centro-Africana/França/República Democrática do Congo/Arábia Saudita)
Melhor curta-metragem: Constant, de Sasha Litvintseva e Beny Wagner (Alemanha/Reino Unido)
Menção Honrosa: Churchill, Polar Bear Town, de Annabelle Amoros (França)

MOSTRA INDIEMUSIC

Prêmio IndieMusic: Love, Deutschmarks and Death, de Cem Kaya (Alemanha)
Menção Especial: Sonosfera Telectu, de Carlos Mendes, Ilda Teresa Castro, Vítor Rua e Vasco Bação (Portugal)

PRÊMIO DO PÚBLICO

Longa-metragem: Cesária Évora, de Ana Sofia Fonseca (Portugal)
Curta-metragem: Um Caroço de Abacate, de Ary Zara (Portugal)
IndieJúnior: Luce e o Rochedo, de Britt Raes (Bélgica/França/Holanda)

OUTROS PRÊMIOS

Prêmio Árvore da Vida | Melhor filme português: Viagem ao Sol, de Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias
Prêmio Árvore da Vida | Menção Especial: Águas do Pastaza, de Inês T. Alves
Prêmio Amnistia Internacional: Urban Solutions, de Arne Hector, Luciana Mazeto, Minze Tummescheit e Vinícius Lopes (Alemanha/Brasil)
Prêmio Escolas: By Flávio, de Pedro Cabeleira (Portugal/França)
Prêmio Escolas | Menção Especial: Um Caroço de Abacate, de Ary Zara (Portugal)
Prêmio Universidades: Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta (Brasil/Portugal)
Prêmio Universidades | Menção Especial: Águas do Pastaza, de Inês T. Alves

Foto: Divulgação/Cinco da Norte e Terratreme Filmes.

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