A quarta edição do Curta na Serra – Festival de Cinema ao Ar Livre acontecerá entre os dias 9 e 11 de dezembro no Anfiteatro de Serra Negra, em Bezerros, Pernambuco. Contemplando produções audiovisuais de todo o país, o festival exibirá filmes nas categorias curta-metragem nacional, curta-metragem pernambucano e videoclipe.
Além dos 46 títulos selecionados, entre mostras competitivas e especiais, a quarta edição contará também com atrações culturais e atividades de formação e fomento ao audiovisual no Estado. De acordo com o cineasta Marlom Meirelles, idealizador e produtor executivo do festival, o Curta na Serra inova ao transformar a Serra Negra em uma sala de cinema ao ar livre, com a proposta de ampliar as experiências culturais fora da capital pernambucana: “A quarta edição continua a preencher uma lacuna no campo da difusão na região do Agreste e inova ao proporcionar uma rica experiência de caráter multicultural (cinema, música, gastronomia, artes plásticas e artesanato), tudo isso em conexão com a natureza”, disse Marlom.
A principal novidade desta edição, para o produtor, é a estreia do Curta na Serra como festival: “Pela primeira vez vamos ter filmes concorrendo a prêmios nas mostras competitivas. Outra novidade é que retornamos ao Anfiteatro e ao Polo Cultural de Serra Negra, o que faz o Curta na Serra um evento tão único por estar imerso e em contato com a natureza”, explica Meirelles. Além disso, o Curta na Serra chega em sua quarta edição em formato híbrido, com atividades presenciais e virtuais.
Ao longo de um mês de inscrições, o IV Curta na Serra recebeu quase 500 trabalhos, entre obras de ficção, documentários, experimentais, animações e videoclipes. O cuidadoso trabalho de curadoria de Vitor Búrigo, editor-chefe do site CINEVITOR e membro da Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, selecionou filmes de 18 estados, além do Distrito Federal, com representantes de todas as cinco regiões do país.
Para o curador, o alto número de obras inscritas revela a diversidade de produções realizadas no país ao longo dos últimos anos e aponta para uma maior pluralidade de narrativas: “Recebemos um número impressionante de quase 500 títulos inscritos, entre videoclipes e curtas-metragens. Foram títulos vindos de 25 dos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal, e acredito que isso mostra a potência da produção audiovisual no Brasil. Foram muitas histórias analisadas, personagens carismáticos e narrativas culturais, mostrando um pedacinho de cada região do Brasil. Recebemos filmes com temas muito relevantes, que merecem e devem ser abordados”, disse o curador Vitor Búrigo.
E complementou: “O processo de seleção foi um trabalho árduo, mas também muito gratificante. Porque você vai conhecendo realizadores, histórias e outras culturas. Acho que o cinema proporciona isso, ele nos leva para lugares que não conhecemos. Realizar essa curadoria foi um passeio pelo cinema brasileiro e pelo país”. Ele conta ainda que a escolha dos filmes para as mostras competitivas passou por uma reflexão acerca do diálogo que a obra estabeleceria com o público do festival: “Foi um processo de pensar a maneira com que os filmes iriam atravessar o espectador e fazer com que ele se encante com a magia do cinema”.
Cena do documentário Foi um Tempo de Dor, de Vinícius de Oliveira e Thiago Nunes
Para a primeira mostra competitiva do festival, Vitor Búrigo organizou os curtas-metragens selecionados em três recortes, de acordo com o formato e origem dos trabalhos. São eles: Panorama Nacional, com uma seleção de filmes realizados em diversas regiões do país, apresentando uma imensidão de possibilidades narrativas que retratam diversos Brasis; Panorama Pernambuco, que destaca as diversas narrativas ficcionais, documentais e animadas realizadas no Estado, da capital ao Sertão; e Videoclipes, que amplia a experiência audiovisual ao abraçar potentes narrativas de todo o país que se utilizam da música para contar uma história.
O grande volume de inscrições recebidas, que revela a ampla produção audiovisual contemporânea do país e a alta qualidade dos trabalhos apresentados, levou a curadoria a promover ainda uma Sessão Especial em caráter não competitivo e em formato on-line. Abarcando 14 filmes, a sessão estará disponível gratuitamente no site do festival durante os dias de evento, que continuarão disponíveis por mais 15 dias na plataforma.
A programação do IV Curta na Serra contará ainda com a Sessão Homenagem: Fernando Spencer, que celebra a vida e a obra do jornalista e cineasta pernambucano, considerado um dos mais antigos realizadores do Estado. Conhecido como o autor das três bitolas (Super-8, 16mm, e 35mm), que passou ainda pelo digital ganhando diversos prêmios nacionais e estrangeiros em sua carreira, Fernando Spencer é um dos homenageados desta edição do festival. O autor receberá a homenagem (in memoriam) ao lado da coreógrafa Mileide Santos e seu grupo Folcpopular, e do arte-educador Carlos Marques, do balé popular Papanguarte, que representam as tradições culturais da cidade de Bezerros.
A programação de filmes se completa com a Mostra VerOuvindo, realizada em parceria com o Festival de Filmes com Acessibilidade Comunicacional do Recife. Abrigando filmes com recursos de acessibilidade comunicacional, a mostra exibirá três títulos pernambucanos vencedores do Prêmio VerOuvindo de Serviço de Acessibilidade, com duas animações e um documentário.
Visando fortalecer a construção da identidade cultural da sociedade, através do acesso ao cinema e do estímulo à realização de novos filmes, mostras e festivais independentes em todas as regiões do Estado, o IV Curta na Serra promoverá ainda ações de formação e fomento em sua programação.
O estímulo à participação de realizadores e produtores, sobretudo da região, acontecerá por meio de debates após as sessões e de duas mesas de diálogos: Interiorização e Visibilidade: O Audiovisual na Universidade Pública, realizada em conjunto com a Universidade Federal de Pernambuco – Campus Agreste e mediada pela professora Amanda Mansur; e Caminhos do Audiovisual em Pernambuco. Os encontros visam fortalecer a rede de contatos entre realizadores, produtores e demais integrantes das cadeias produtivas das diferentes regiões do Estado.
O segmento de formação também será contemplado com a Oficina de Produção Executiva, ministrada por Alexandre Soares, que é o idealizador do Curta Taquary e do Criancine. Com objetivo de fomentar novas realizações de projetos culturais no Agreste do estado, a oficina traz conteúdos teóricos, experiências do oficineiro e depoimentos de profissionais da área.
Conheça os filmes selecionados para o IV Curta na Serra:
PANORAMA NACIONAL
A Caixa de Lázaro, de Tereza Duarte e Júlio Castro (RN)
Aqueles que Estamos Esquecendo, de R. B. Lima e Rebeca Linhares (PB)
Dádiva, de Evelyn Santos (SP)
Ela Mora Logo Ali, de Fabiano Barros e Rafael Rogante (RO)
Foi um Tempo de Dor, de Vinícius de Oliveira e Thiago Nunes (DF)
Isso Sempre Acontece, de Lara Koer (SC)
Nazaré: do verde ao barro, de Juraci Júnior (RO)
Nicinha Não Vem, de Muriel Alves (RJ)
Pedro, de Leo Silva (CE)
Quinze Primaveras, de Leão Neto (CE)
PANORAMA PERNAMBUCO
Adeus, Carnaval de Olinda, de Igor Pimentel e Rosielle Machado (Olinda)
desAFETOS, de Marcos Medeiros e José Ruiz (Ipojuca)
Eu Faço a Minha Sambada, de Juliana Lima (Recife)
Jaguamérica, de Bako Machado (Arcoverde)
Lilith, de Nayane Nayse (Afogados da Ingazeira)
Mestre Walter: Minha Arte, Meu Ofício, de Luciano Torres (Caruaru)
Quebra Panela, de Rafael Anaroli (Condado)
Rio Mar, de Coletivo Cinema no Interior (Petrolina)
VIDEOCLIPES
Abaixa que é tiro, de Bloco do Caos e GOG; direção: Rodrigo Rímole (SP)
Chorar, de Karola Nunes & Pacha Ana feat. Curumin; direção: Juliana Segóvia (MT)
Claudio, de Nana Lacrima; direção: Calebe Lopes (BA)
Dorme Pretinho, de Lia de Itamaracá; direção: Lia Leticia (PE)
Kumbayá, de Skarimbó; direção: Babi Baracho (RN)
Lamento de Força Travesti, de Renna feat. Gabi Benedita; direção: Renna Costa (PE)
Não Pode Parar, de Platônicca feat. Barro; direção: Platônicca e Fábio Cavalcante (PE)
Nosso Trato, de Lia Paris; direção: Netrola (SP)
Terra (Remix), de Ciel & Radiola Serra Alta; direção: Paulinho Lima (PE)
Tudo Eu, de Amiri; direção: Elirone Rosa, Fernando Sá e Ione Maria (SP)
SESSÃO ESPECIAL
A Morte do Funcionário, de Guilherme Pau Y Biglia (PR)
Aguado, de Gabriela Miranda e Matheus Brant (AL/SP)
Ave Maria, de Pê Moreira (RJ)
Benzedeira, de Pedro Olaia e San Marcelo (PA)
Cem Pilum – A História do Dilúvio, de Thiago Morais (AM)
Cinemas de Rua de Aracaju, de Eudaldo Monção Jr. e Juliana Vila Nova (SE/BA)
Deus Não Deixa, de Marçal Vianna (RJ)
Essa Terra é Meu Quilombo, de Rayane Penha (AP)
Forrando a Vastidão, de Higor Gomes (MG)
Lado a Lado, de Gleison Mota (SP)
Memórias do Fogo, de Rita de Cássia Melo Santos, Leandro Olímpio e Irineu Cruzeiro Neto (ES/PB/SP)
Mutirão: O Filme, de Lincoln Péricles (LKT) (SP)
O Rio de Cada Um, de Pedro Marchiori (RJ)
Ytwã, de Kian Shaikhzadeh (BA)
SESSÃO HOMENAGEM | FERNANDO SPENCER
Capiba Ontem, Hoje e Sempre, de Fernando Spencer (1984)
MOSTRA VEROUVINDO
A Saga da Asa Branca, de Lula Gonzaga
Da Boca da Noite à Barra do Dia, de Tiago Delácio
Vivências, de Everton Amorim
Foto: Divulgação.