Bába z ledu
Direção: Bohdan Sláma
Elenco: Zuzana Krónerová, Pavel Nový, Daniel Vízek, Václav Neuzil, Marek Daniel, Tatiana Vilhelmová, Petra Spalková, Alena Mihulová, Tadeás Kalcovský, Lubos Veselý, Josef Jezek, Marie Ludvíková, Bozena Cerná, Katerina Kuczová, Karolína Kuczová, Jirí Kurina, Petr Kocián, Tobias Rimsky, Martin Fridrich, Krystof Bohus, Mariana Chmelarová, Zdenka Sajfertová, Radka Paulová, Michal Sindelár.
Ano: 2017
Sinopse: Hana, 67, continua vivendo sozinha na antiga casa da família desde que seu marido morreu, há alguns anos. Ela pode precisar de alguma ajuda, mas seus filhos são ocupados e egoístas demais. Um dia, Hana encontra um homem, Broňa, flutuando na beira do rio, incapaz de se mover. Ela mergulha e o ajuda a sair da água congelante. Os dois começam uma relação, mas quando ela o apresenta aos filhos, toda a família fica em choque. Hana terá que se reerguer e começar a mudar sua vida.
Crítica do CINEVITOR: Vencedor do prêmio de melhor roteiro no Tribeca Film Festival deste ano, Mãe no Gelo foi escolhido para representar a República Checa na disputa por uma vaga entre os finalistas ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Dirigido por Bohdan Sláma, de Algo como a Felicidade (Stestí) e Four Suns (Ctyri Slunce), o longa conta a história de Hana, uma viúva de 67 anos, que se divide entre os afazeres domésticos, como tentar consertar sozinha o aquecedor da casa, e seus filhos, já casados e com filhos, que a visitam esporadicamente em reuniões familiares. Para Hana, interpretada por Zuzana Krónerová, esses encontros são fundamentais para mantê-los unidos. Logo na primeira cena, vemos a protagonista em frente ao espelho se arrumando para receber seus convidados e também preocupada com a comida no fogão. Talvez ela passe a semana toda se preparando para isso e, quando acontece, se alegra ao ver a casa cheia, com os filhos, netos e noras. Mas, a felicidade dura pouco e o clima fica tenso quando os irmãos começam a se alfinetar durante o almoço. É aqui que o diretor, que também assina o roteiro, começa a construir sua ligação com o público, criando situações comuns que acontecem em qualquer família. Seus personagens, bem construídos, não caem em estereótipos e revelam suas personalidades em pequenas ações cotidianas e em diálogos que conduzem a narrativa de maneira crível. Há um choque de gerações nessa família: os filhos, mesmo já morando fora da casa da mãe, agem com arrogância e egoísmo. Ao redor daquela mesa, se portam como dois garotos mimados e suas atitudes causam consequências desagradáveis em outros membros desse clã, como o filho de um deles, o pequeno Ivánek, interpretado por Daniel Vízek, que não desgruda do celular, renega os pais e prefere ficar com a vó. Neste filme, o afeto entre seus personagens demonstra-se de maneira fria, assim como a neve que cobre as ruas da cidade ou a temperatura gelada dentro da casa da protagonista por conta de um defeito no aquecedor. Mas, é esse mesmo frio que proporciona momentos calorosos em Mãe no Gelo, quando Hana conhece Brona, vivido por Pavel Nový, nas águas congelantes de um rio e logo começam a namorar. O diretor retrata com sensibilidade esse romance, onda há carinho, companheirismo, sexo e planos para o futuro. Ao abordar a questão de um relacionamento na terceira idade, o filme conquista pelo carisma do casal e pela maneira como seus personagem conduzem essa relação. Eles vivem o agora, se divertem, participam juntos de campeonatos de natação, carregam o neto dela de um lado para o outro, comemoram com amigos, convivem com uma galinha carismática e ciumenta (sim, é isso mesmo que você leu), enfrentam os familiares que torcem o nariz para o namoro e resgatam um clima de romance que estava esquecido no passado, junto com a ideia de envelhecer ao lado de alguém. Mãe no Gelo é romântico sem cair no clichê, dramático sem cair no melodrama e cômico na medida certa. É honesto com seus sentimentos retratados na tela e apresenta uma narrativa que corresponde com a realidade. O amor pode proporcionar alegrias e tristezas, mas, definitivamente, não tem idade. (Vitor Búrigo)
*Filme assistido na 41ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Nota do CINEVITOR: