Marte Um, de Gabriel Martins, é escolhido para representar o Brasil no Oscar 2023

por: Cinevitor
Nos cinemas: Cícero Lucas em cena.

A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais anunciou na manhã desta segunda-feira, 05/09, o filme selecionado para representar o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar 2023

Escolhido pela Comissão de Seleção independente, em reunião virtual, o longa Marte Um, de Gabriel Martins, de Minas Gerais, vai disputar uma indicação na categoria de melhor filme internacional na 95ª edição do Oscar, premiação anual promovida pela Academy of Motion Picture Arts and Sciences, que acontecerá no dia 12 de março de 2023.

Presidida por Bárbara Cariry, a Comissão de Seleção deste ano foi formada por 19 membros: André Pellenz, Barbara Cariry, Cavi Borges, David França Mendes, Eduardo Ades, Guilherme Fiúza Zenha, Jeferson De, João Daniel Tikhomiroff, João Federici, José Geraldo Couto, Juliana Sakae, Marcelo Serrado, Maria Ceiça de Paula, Patricia Pillar, Petra Costa, Renata Almeida, Talize Sayegh, Waldemar Dalenogare Neto e Zelito Viana.

Marte Um disputou a vaga com outros 27 longas inscritos e habilitados e, na semana passada, passou para o segundo turno com outros cinco títulos: A Mãe, de Cristiano Burlan; A Viagem de Pedro, de Laís Bodanzky; Carvão, de Carolina Markowicz; Pacificado, de Paxton Winters; e Paloma, de Marcelo Gomes

Em comunicado oficial, Bárbara Cariry, presidente da comissão, disse: “A escolha de Marte Um para representar o Brasil no Oscar 2023 foi uma decisão democrática e importante do júri. O filme trata de afeto e de esperança, da possibilidade de seguir sonhando em meio a tantas dificuldades econômicas e políticas. O longa sintetiza bem o cinema brasileiro, com qualidade narrativa e técnica, que vem sendo realizado hoje, representando a diversidade do país”.

O filme é o segundo longa do cineasta mineiro (o primeiro solo, sem a parceria de Maurilio Martins, com quem fez No Coração do Mundo), e tem como um de seus temas centrais a realização de um sonho infantil. A trama apresenta o cotidiano de uma família periférica, nos últimos meses de 2018, pouco depois das eleições presidenciais.

O garoto Deivid, interpretado por Cícero Lucas, o caçula da família Martins, sonha em ser astrofísico, e participar de uma missão que em 2030 irá colonizar o planeta vermelho. Morando na periferia de um grande centro urbano, não há muitas chances para isso, mas mesmo assim, ele não desiste. Passa horas assistindo vídeos e palestras sobre astronomia na internet.

O pai, Wellington, papel de Carlos Francisco, é porteiro em um prédio de elite e há um bom tempo está sem beber, uma informação que compartilha com orgulho em sessões do AA. Tércia, vivida por Rejane Faria, é a matriarca que, depois um incidente envolvendo uma pegadinha de televisão, acredita que está sofrendo de uma maldição. Por fim, a filha mais velha é Eunice (Camilla Damião), que pretende se mudar para um apartamento com sua namorada (Ana Hilário), mas não tem coragem de contar aos pais.

Marte Um teve sua estreia mundial no Festival de Sundance, em janeiro passado, onde foi bem recebido pelo público. Depois disso, foi exibido em 35 festivais internacionais, ganhando prêmios de melhor longa no Outfest Los Angeles LGBTQ Film Festival, no Black Star e no San Francisco Film Festival. Em Gramado, além do kikito de melhor filme pelo voto popular, foi consagrado também nas categorias de melhor roteiro, trilha musical por Daniel Simitan e Prêmio Especial do Júri. Produzido pela Filmes de Plástico, em coprodução com o Canal Brasil, Marte Um segue em cartaz nos cinemas.

Na última edição do Oscar, o Brasil esteve na disputa com o drama Deserto Particular, de Aly Muritiba, mas não conseguiu uma vaga na premiação. Vale lembrar que a última vez que o país concorreu na categoria de melhor filme internacional (antes chamada de filme estrangeiro) foi em 1999, com Central do Brasil; e em 2008, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, ficou entre os nove semifinalistas.

A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais é a única entidade responsável pela seleção do filme brasileiro que irá concorrer a uma vaga entre os indicados ao prêmio de melhor longa-metragem internacional no Oscar, sem qualquer tutela do governo que esteja no poder.

Foto: Divulgação/Filmes de Plástico.

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