Call Me by Your Name
Direção: Luca Guadagnino
Elenco: Timothée Chalamet, Armie Hammer, Michael Stuhlbarg, Amira Casar, Esther Garrel, Victoire Du Bois, Vanda Capriolo, Antonio Rimoldi, Elena Bucci, Marco Sgrosso, Andre Aciman, Peter Spears.
Ano: 2017
Sinopse: Verão de 1983, norte da Itália. Elio Perlman, um jovem ítalo-americano de 17 anos, passa seus dias na vila de sua família, um antigo casarão do século XVII. Seus dias são repletos de composições ao piano e flertes com sua amiga Marzia. Um dia, Oliver, um charmoso homem de 24 anos, chega para ajudar o pai de Elio em sua pesquisa sobre cultura greco-romana. Sob o sol do verão italiano, Elio e Oliver descobrem a beleza do despertar de novos desejos que irão mudar as suas vidas para sempre. Baseado no livro homônimo de André Aciman.
Crítica do CINEVITOR: Dirigido pelo italiano Luca Guadagnino, de 100 Escovadas Antes de Dormir e Um Sonho de Amor, e produzido pelos brasileiros Rodrigo Teixeira e Lourenço Sant’Anna, da RT Features, Me Chame Pelo Seu Nome é baseado no livro homônimo do escritor egípcio André Aciman. Desde sua estreia no circuito de festivais, começando por Sundance, o longa tem sido aclamado pela crítica e pelo público. Nessa temporada de premiações, o sucesso se repete. Foi eleito pelos críticos de Los Angeles como o melhor filme do ano, está na lista do American Film Institute, levou o prêmio de melhor roteiro adaptado no Critics’ Choice Awards, foi indicado ao Globo de Ouro e ao BAFTA e deve aparecer nas principais categorias do Oscar, que revelará seus concorrentes no dia 23 de janeiro. A história, que se passa no verão de 1983 em algum lugar do norte da Itália, mostra o cotidiano de uma família poliglota que recebe o americano Oliver, vivido por Armie Hammer, em sua residência. O motivo da visita é uma pesquisa sobre cultura greco-romana na qual o hóspede foi selecionado para estudar com o Sr. Perlman, interpretado por Michael Stuhlbarg. Porém, além disso, há momentos de sobra para descontração e é aqui que entra Elio, papel de Timothée Chalamet, o filho dos anfitriões. Ao longo dos 132 minutos, Guadagnino passeia por belíssimas paisagens e constrói uma obra sublime sobre o amor ao retratar o relacionamento entre Elio e Oliver. Em meio a um jogo de sedução e indiretas, os personagens se aproximam delicadamente e o desejo latente que exala em seus poros ganha forma de maneira sensível e encantadora. Para Elio, um jovem de dezessete anos, há uma certa ingenuidade nessa relação; uma necessidade de se descobrir e de se entregar para o novo. Me Chame Pelo Seu Nome fala do amadurecimento desse rapaz e do seu despertar para o amor e mostra esse processo com afeição e graciosidade. Aqui, nada é por acaso. Tudo o que está em cena corresponde perfeitamente à narrativa: desde os figurinos coloridos da época, o sol radiante e a comovente trilha sonora. Com isso, pequenos gestos ganham muita importância, como uma troca de olhares, uma mão no ombro, uma olhada desconfiada por cima do óculos, um sorriso no canto do rosto; sempre enquadrados com sutileza, assim como os objetos: um relógio, um pêssego, uma partitura ou um slide de uma estátua. Há uma conexão e um motivo para que esses elementos estejam ali detalhados. Todas essas imagens revelam algo sobre esse amor e Guadagnino desenvolve a relação com profundidade. É válido observar a maneira como os espaços frequentados por seus protagonistas são bem aproveitados. Ainda que a casa esteja lotada ou que as ruas da pequena cidade estejam movimentadas, o foco principal da narrativa não se perde. Elio e Oliver estão sempre em destaque. Não por acaso, algumas cenas reveladoras, como uma sutil declaração, por exemplo, acontecem em lugares públicos ou com pessoas ao redor e, mesmo assim, acompanhamos o entrosamento dos personagens em evidência. Com roteiro escrito por James Ivory, Me Chame Pelo Seu Nome traz diálogos intrínsecos, mas também consegue contar sua história com gestos e olhares, sem dar brecha para o melodrama. Vale aqui destacar a brilhante atuação de Timothée Chalamet, que realiza um trabalho impecável em cena: a maneira como se movimenta, como conversa, como sorri ou até mesmo quando olha ansioso para seu relógio de pulso, são representadas com perspicácia e serenidade. Fato é que o filme fala muito mais sobre Elio e suas descobertas do que sobre os outros, sem desmerecer seus importantes coadjuvantes, peças fundamentais para o desenrolar da trama. Para imprimir os sentimentos de seu protagonista, Guadagnino traz esse amor de verão, que marcará para sempre não só a vida de Elio, mas de todos os personagens, com uma elegância que comove e apaixona. Há também uma sensualidade presente em todos os cantos, que embeleza e acolhe; seja numa pista de dança, nos corpos suados pelo verão escaldante, nos pequenos trajes ou até mesmo nas esculturas greco-romanas analisadas. Me Chame Pelo Seu Nome é tão afetuoso e visceral porque constrói uma relação com verossimilhança e apresenta uma importante e necessária compreensão ao outro. Guadagnino fala com sensibilidade sobre desejo, amor, amizade, sexualidade, família, paixão e sedução em uma obra que desdobra a essência de seus personagens da maneira mais bela e apaixonante que se possa apreciar. (Vitor Búrigo)
*Clique aqui e assista ao programa especial do Oscar 2018 sobre Me Chame Pelo Seu Nome.
*Filme assistido no 25º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade.
Nota do CINEVITOR: