Meu Amigo Hindu

por: Cinevitor

hinduposterDiretor: Hector Babenco

Elenco: Willem Dafoe, Maria Fernanda Cândido, Selton Mello, Bárbara Paz, Guilherme Weber, Reynaldo Gianecchini, Denise Weinberg, Maitê Proença, Dan Stulbach, Vera Valdez, Stella Schnabel, Phil Miler, Daniela Galli, Dalton Vigh, Clara Choveaux, Rio Adlakha, Michael Wade, Barry Baker, Soren Hellerup, Henry Sobel, Ary Fontoura, Ana Clara Fischer, Tuna Dwek, Ondina Clais, Roney Facchini, Cristina Mutarelli, Fabiana Gugli, Ju Colombo, Hugo Moss, Charles Paraventi, Tania Khalill, Lucia Segall, Matheus Kronemberger, Aída Leiner, Christine Fernandes, Amanda Sobel, Lilian Blanc, Paulo Contier, Helder da Rocha, Helena Cerello, Juan Alba, Charly Braun, Gilda Nomacce, Daniella Pinfildi, Berenice Haddad, Marília Moreira, Jason Bermingham, Otavio Zobaran, Sagar, Luana Tanaka, Guilherme Quintella, Abrão Zweiman, Bim de Verdier, Vinicius Zinn, Lucas Colombo, Dionisio Neto.

Ano: 2015

Sinopse: Diego é um diretor de cinema que, ao saber que sofre de uma doença que pode ser fatal, casa-se com sua mulher de muitos anos, despede-se de seus amigos e entra numa rotina de longas jornadas em um hospital. Lidando com a dor e conversando com a morte, conhece um menino hindu que se torna seu mais novo amigo. Um dia ele não aparece mais. Diego recebe alta, mas sua vida nunca mais será a mesma. Seu casamento acaba e, solitário, chega a se questionar se ele não estaria morrendo e ninguém lhe diz nada, até que conhece uma nova mulher.

Crítica do CINEVITOR: Falar de Hector Babenco é também falar da história do cinema. Sua trajetória pela sétima arte é marcada por filmes importantes, que ganharam destaque por aqui e ao redor do mundo. Em 1986, por exemplo, foi indicado ao Oscar de melhor direção pelo filme O Beijo da Mulher Aranha, que teve uma carreira internacional de sucesso. No Brasil, Babenco já foi premiado no Festival de Gramado, na Mostra de Cinema em São Paulo e no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Depois de tantas consagrações, agora, aos 70 anos, o cineasta argentino, que se naturalizou brasileiro na década de 1970, volta aos cinemas com uma história pessoal, com traços autobiográficos. Logo no início de Meu Amigo Hindu, vemos uma mensagem do diretor na telona: “O que você vai assistir é uma história que aconteceu comigo e a conto da melhor forma que eu sei”. Ao apresentar Diego, um diretor de cinema bem sucedido, interpretado por Willem Dafoe, já percebemos as semelhanças com o criador da história, que traz personagens e situações inspirados na vida de Babenco. O ator americano representa, nesse contexto, o alter ego do diretor, e com isso, nos conduz a uma narrativa repleta de referências ao cinema que mistura realidade com ficção. O protagonista, presente em quase todas as cenas, negocia com a morte o tempo todo, a fim de conseguir mais uma chance para realizar seu último filme. A semelhança com a vida real não é mera coincidência e Babenco utiliza de sua história pessoal para engrandecer o enredo. É nesse ponto que o filme perde um pouco a sua força. As cenas que se passam no hospital ocupam grande parte da história e com isso, momentos mais interessantes, como a festa de casamento, que poderia render situações mais atraentes e ágeis ao roteiro, são reduzidas e passam muito rápido. Sem contar o elenco coadjuvante pouco explorado. Grandes atores aparecem e somem rapidamente, sem tempo de ambientar o público às suas participações. Apesar disso, a fotografia de Mauro Pinheiro Jr. se destaca ao enquadrar com sutileza as emoções dos personagens, proporcionando belas imagens por meio de uma paleta de cores sóbrias. A cena final, com Bárbara Paz na piscina e depois dançando na chuva (uma homenagem ao musical Cantando na Chuva, de 1952, protagonizado por Gene Kelly) é uma das mais lindas e emocionantes do filme. Meu Amigo Hindu é uma catarse do diretor ao expor seus sentimentos e suas intimidades para o público. É também uma homenagem de Babenco para ele mesmo, com uma história que fala de amor, morte e dor, na qual fatos de sua vida são reconstruídos em um autorretrato com traços de ficção, que se misturam à trajetória de um homem que se dedica ao cinema há tantos anos. (Vitor Búrigo)

Nota do CINEVITOR:

nota-3,5-estrelas

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