A diretora no Festival de Berlim deste ano, em fevereiro: prêmio honorário.
Morreu na madrugada desta sexta-feira, 29/03, aos 90 anos, a cineasta e fotógrafa Agnès Varda, que ficou conhecida pelos documentários e pela maneira como abordava questões sociais relevantes, como o feminismo, em seus filmes. Segundo informações divulgadas pela família, ela sofria de câncer e morreu em casa.
Agnès Varda nasceu na Bélgica, em 1928, mas foi radicada na França. Sua carreira antecede o início da Nouvelle Vague e era considerada uma voz importante do cinema moderno francês. Realizou seu primeiro filme, o drama La Pointe-Courte, aos 25 anos, e depois disso ganhou destaque ao longo dos anos também por suas fotografias e instalações. Em 1983, fez parte do júri do Festival de Veneza.
No Festival de Cannes de 2017 recebeu o prêmio L’Œil d’or (Olho de Ouro) de melhor documentário por Visages, villages, no qual divide a direção com JR. Mas, Agnès já marcou presença no festival francês outras vezes, sendo homenageada em 2012 com o prêmio Golden Coach e em 2015 com a Palma de Ouro honorária. Além disso, disputou a Palma de Ouro em 1958 com o curta-metragem documental O saisons, ô châteaux e em 1962 com a comédia dramática Cléo das 5 às 7. Em 2005, fez parte do júri da Competição Oficial.
Em novembro de 2017, Varda recebeu o Oscar honorário por sua trajetória nas telonas. Em um discurso divertido, agradeceu aos seus colegas da indústria francesa, sua família e relembrou, com alegria, quando acordava antes do amanhecer, na França, para assistir ao Oscar. No ano seguinte, disputou a estatueta dourada de melhor documentário com Visages, Villages, mas não venceu. Porém, o longa foi consagrado em diversas premiações e festivais, como: Spirit Awards, Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, National Board of Review, Festival de Toronto, entre outros.
Na cerimônia do Oscar honorário, aproveitou a ocasião e dançou com Angelina Jolie no palco.
Premiada em Berlim, Veneza, no prêmio César, Locarno, entre outros, destacam-se em seu currículo: As Duas Faces da Felicidade (1965), As Criaturas (1966), Uma Canta, a Outra Não (1977), Documenteur (1981), Os Renegados (1985), Kung-fu master! (1988), As Cento e Uma Noites (1995), Os Catadores e Eu (2000), Quelques veuves de Noirmoutier (2006), As Praias de Agnès (2008), entre outros.
Na 41ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, em 2017, foi homenageada com o Prêmio Humanidade, entregue, a cada edição do evento, a um cineasta cuja obra reflete questões humanísticas. Seu último trabalho, o documentário Varda par Agnès – Causerie, foi exibido no Festival de Berlim deste ano, no qual recebeu o prêmio honorário Berlinale Camera.
Fotos: Invision/AP e Thomas Niedermueller/Getty Images Europe.