Frances McDormand em Nomadland, de Chloé Zhao: grande vencedor.
Foram anunciados neste domingo, 20/09, os vencedores da 45ª edição do Festival Internacional de Cinema de Toronto. Conhecido como um termômetro para o Oscar, o festival, um dos mais importantes do mundo, entrega o prêmio de melhor filme para o longa mais votado pelo público. Neste ano, o drama Nomadland, de Chloé Zhao, se consagrou como o grande campeão.
Também premiado no Festival de Veneza, com o Leão de Ouro de melhor filme, o longa, protagonizado por Frances McDormand, conta a história de Fern, que parte na estrada com sua van depois de um colapso econômico em uma cidade na zona rural de Nevada. Na estrada, pelo oeste americano, ela passa a explorar a vida fora da sociedade convencional como uma nômade moderna.
Por conta da pandemia de Covid-19, a organização garantiu que as exibições presenciais estariam de acordo com os protocolos de segurança, respeitando o distanciamento social. Nos primeiros cinco dias, os filmes tiveram sessões físicas e a programação também apresentou exibições em drive-in. Pela primeira vez em sua história, o TIFF lançou uma plataforma digital para o festival com novas oportunidades de conexão com o público além de Toronto. Ao longo dos dez dias, a plataforma sediou exibições digitais, além de inúmeras palestras e eventos especiais. Os filmes elegíveis para o Prêmio do Público, tradicional e mais importante honraria do festival, foram exibidos em diversos cinemas drive-in e também de forma on-line.
Sobre a edição deste ano, Cameron Bailey, diretor artístico e codiretor do TIFF, disse: “Foi um ano que não esqueceremos tão cedo. A pandemia atingiu o TIFF fortemente, mas conseguimos manter nossa inspiração original: trazer o melhor do cinema para o público mais amplo possível e transformar a maneira como as pessoas veem o mundo através do cinema. Vimos como o público abraçou a capacidade do cinema de transportá-los através de telas de todos os tamanhos, juntando-se a nós virtualmente de todos o países, algo que nunca teríamos visto em anos anteriores. O TIFF cumpriu sua promessa de fornecer aos frequentadores do festival e à indústria uma programação impactante. Estamos muito orgulhosos”.
A diretora executiva do festival, Joana Vicente, também falou sobre a 45ª edição: “Os filmes e realizadores apresentados no festival deste ano deixaram-nos inspirados e emocionados. Em uma época em que o próprio futuro de nossa amada forma de arte era questionado devido às paralisações de produção, salas de cinema e cancelamentos de festivais, vimos uma tenacidade de espírito. Estamos entusiasmados com o fato de que 46% dos filmes exibidos este ano foram dirigidos, codirigidos ou criados por mulheres. Nos inspiramos na generosidade da indústria, que cedeu seu tempo para estar presente, virtualmente, em apoio ao festival”.
Além disso, o TIFF Tribute Actor Awards foi entregue para a atriz Kate Winslet e para o ator britânico Anthony Hopkins. A cineasta chinesa Chloé Zhao, grande vencedora deste ano, recebeu o TIFF Ebert Director Award, honraria que reconhece e homenageia um ilustre cineasta por sua excelente contribuição ao cinema. A diretora indiana Mira Nair recebeu o Jeff Skoll Award in Impact Media; o trompetista Terence Blanchard foi homenageado com o TIFF Variety Artisan Award; e a cineasta canadense Tracey Deer, de Beans, foi honrada com o TIFF Emerging Talent Award.
Apresentado pela Shawn Mendes Foundation, o Prêmio Changemaker 2020 foi concedido a um filme que abordava questões de mudança social. Enquanto isso, a Canada Goose abraçou a diversidade em todas as suas formas e definições, incluindo técnica e paixão que transporta a narrativa para a tela, e apresentou o Prêmio Amplify Voices aos três melhores filmes de cineastas sub-representados.
Entre os filmes desta edição, o cinema brasileiro estava representado por Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria, que também foi selecionado para a edição especial do Festival de Cannes deste ano. No longa, Antonio Pitanga dá vida a Cristovam, um homem simples do interior que precisa mudar de cidade em busca de melhores condições de vida e trabalho. Porém, ele precisa se adaptar a uma realidade diferente daquela que estava acostumado, sofrendo com a solidão e o preconceito dos moradores locais.
Confira a lista completa com os vencedores do Festival de Toronto 2020:
MELHOR FILME | People’s Choice Award
Nomadland, de Chloé Zhao (EUA)
2º lugar: One Night in Miami, de Regina King (EUA)
3º lugar: Beans, de Tracey Deer (Canadá)
MELHOR DOCUMENTÁRIO | People’s Choice Documentary Award
Inconvenient Indian, de Michelle Latimer (Canadá)
PRÊMIO MOSTRA MIDNIGHT MADNESS | People’s Choice Award
Shadow In The Cloud, de Roseanne Liang (EUA/Nova Zelândia)
PRÊMIO CHANGEMAKER
Black Bodies, de Kelly Fyffe-Marshall (EUA/Canadá)
PRÊMIO AMPLIFY VOICES
Melhor Filme Canadense: Inconvenient Indian, de Michelle Latimer
Melhor Filme: The Disciple, de Chaitanya Tamhane (Índia) e La nuit des rois (Night of the Kings), de Philippe Lacôte (França/Costa do Marfim/Canadá/Senegal)
Menção Especial: Fauna, de Nicolás Pereda (México/Canadá) e Downstream to Kinshasa, de Dieudo Hamadi (Congo/Bélgica/França)
PRÊMIO IMDbPro | CURTA-METRAGEM
Melhor Filme: Dustin, de Naïla Guiguet (França)
Melhor Filme Canadense: Benjamin, Benny, Ben, de Paul Shkordoff
IMDbPro Short Cuts Share Her Journey Award: Sing Me a Lullaby, de Tiffany Hsiung (Canadá/Taiwan)
Menção Honrosa: O Black Hole!, de Renee Zhan (Reino Unido)
PRÊMIO FIPRESCI
Beginning (Dasatskisi), de Dea Kulumbegashvili (Geórgia/França)
PRÊMIO NETPAC
Gaza mon amour, de Tarzan Nasser e Arab Nasser (Palestina/França/Alemanha/Portugal/Qatar)
Foto: Divulgação/Searchlight Pictures.