Equipe reunida na coletiva de imprensa.
Na segunda-feira, 10/08, o filme O Último Cine Drive-in foi exibido na telona do Palácio dos Festivais. O longa conta a história de Almeida, interpretado por Othon Bastos, que é dono do último Cine Drive-in de Brasília e insiste em manter vivo um tipo de cinema que já não atrai mais espectadores. Além disso, ele terá que lidar com um reencontro inesperado com seu filho Marlombrando.
No palco para apresentar o filme, o diretor Iberê Carvalho fez um breve discurso de agradecimento: “É uma alegria imensa estar aqui nesse festival. Primeira vez em Gramado. Mandei vários curtas e nunca entraram, agora, o primeiro longa está aqui e é muito bom. Quero agradecer a equipe que veio aqui acompanhar esse dia e dizer que O Último Cine Drive-in é um filme simples, pensado para contar uma história despretensiosa. Eu acho que a gente tá vivendo um momento que o ódio e a intolerância estão cada vez mais exacerbados na nossa sociedade, onde as pessoas parecem não medir esforços para agredir uns aos outros e os nossos personagens fazem justamente o contrário, eles não medem esforços para declarar o seu amor, seja ao outro ou àquilo que ama”.
No palco do Festival de Gramado 2015.
Para falar mais sobre o filme, alguns integrantes da equipe participaram de uma coletiva de imprensa no dia seguinte à exibição. O diretor começou a conversa falando do seu processo de criação: “De fato o filme começou com a proposta de falar de uma família, o cinema veio depois. Tínhamos um argumento onde não existia o cinema e a história se passava numa cidade do interior. Até que um dia eu fui ao Cine Drive-in em Brasília, que é o último em funcionamento no Brasil. Aí me veio o estalo de que essa história podia se passar ali. Aos poucos a história do drive-in foi sendo incorporada junto à minha paixão por cinema. A minha memória afetiva com o espaço e a minha relação com a cidade também foram sendo incorporados ao projeto e deixou de ser simplesmente um cenário”.
Iberê também falou sobre a brincadeira com alguns gêneros cinematográficos: “Desde a concepção do filme a gente já tinha consciência de que ele corria o risco de mudar um pouco de linguagem. Quando a gente estava montando, percebemos que estávamos diante de um desafio. A tentativa foi encontrar um caminho que fosse respeitoso ao projeto. O melodrama não me incomoda. Eu não vejo o melodrama como uma palavra negativa. A questão é como tratar o melodrama para que ele fique crível e que emocione sem cair numa coisa piegas, forçada, apelativa”.
A atriz Fernanda Rocha ao lado do diretor na coletiva.
A atriz Fernanda Rocha, que interpreta a projecionista Paula, falou sobre o seu papel: “A Paula foi um presente. Foi minha primeira personagem escrita pra mim. Desde o início do processo eu já vinha acompanhando os primeiros tratamentos do roteiro. Ela realmente foi sendo criada com tanto carinho, com tanto tempo. Eu sou apaixonada por essa personagem, que foi inspirada no Totò de Cinema Paradiso”.
Breno Nina, que interpreta Marlombrando, comentou sobre a preparação do elenco: “Um trabalho importante que foi feito na preparação foi o trabalho de roteiro com a Amanda Gabriel, que era a preparadora. Ela foi trabalhando com a gente as possibilidades que tinham por trás das cenas que estavam ali. De uma elipse pra outra, o que que tinha se passado, quantas leituras poderiam se fazer do que estava escrito. Foi muito intenso e maravilhoso”.
Os atores Breno Nina e André Deca ao lado de Maira Rocha.
Outro assunto abordado na coletiva foi o trabalho da diretora de arte Maira Rocha: “O drive-in existe e ele tinha acabado de ser reformado. Anos atrás, durante as pesquisas, ele estava perfeito. Mas acontece que a dona reformou e a gente teve que envelhecer para filmar a primeira etapa e depois reformá-lo, deixar tudo lindo, para entregá-lo melhor do que ele tava”, disse Maira.
Questionada sobre os pôsteres de filmes que aparecem no longa, ela revelou: “Os pôsteres são todos meus. Foi um trabalho de referência, buscando quem são esses personagens e o que eles veriam. Por exemplo, a Paula. Quem é essa Paula? A Paula gosta do Curtindo a Vida Adoidado. Então no espaço dela, que é a sala de projeção, buscamos essas referências. Tem o pôster de As Invasões Bárbaras, que tem uma referência muito direta com o filme, assim como O Cinema Paradiso. Tem também o Marlon Brando em O Poderoso Chefão. Eu adoro construir personagens junto com o elenco”.
O montador J. Procópio ao lado da produtora Carol Barboza.
A produtora Carol Barboza falou sobre alguns percalços que aconteceram nos bastidores: “Durante a produção passamos por alguns apertos e sustos porque de fato o Cine Drive-in estava ameaçado de ser demolido. Ele funciona dentro do autódromo de Brasília e existe um grande projeto para aquela área virar um autódromo moderno e o drive-in sair dali. Esperamos que a Secretaria de Cultura consiga agarrar essa briga e manter o espaço”.
Ao final da coletiva, Iberê falou sobre as referências que foram importantes para o seu filme: “As referências foram vindo de uma maneira um tanto quanto caótica. Algumas a gente mantinha, outras a gente ia eliminando. E a busca se deu em duas vertentes; uma em relação ao amor pelo cinema mesmo, pois o Almeida [papel de Othon Bastos] é um cinéfilo e não só um exibidor apaixonado pelo seu espaço. A gente tentou se colocar no lugar dele pra pensar o que será que o Almeida gosta. Também tinham as referências que achávamos interessantes de filmes que tratavam de temas como o nosso, por exemplo, As Invasões Bárbaras“.
Confira um trecho da coletiva em que Breno Nina fala sobre a equipe e sua preparação:
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Texto, fotos e vídeo: Vitor Búrigo.