A décima edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, que acontecerá entre os dias 6 e 14 de outubro, em formato on-line, acaba de anunciar novos títulos em sua programação.
Neste ano, a mostra Exibições Especiais continua com um recorte reduzido, porém muito potente. Sempre contando com filmes de grandes mestres do cinema e buscando a (re)descoberta de títulos, a mostra privilegia o cinema nacional a partir de dois longas-metragens brasileiros e expande os horizontes com um honconguês inédito no Brasil.
Capitu e o Capítulo, exibido no Festival de Roterdã, traz o olhar de Júlio Bressane sobre o romance Dom Casmurro, com Mariana Ximenes, Enrique Diaz, Vladimir Brichta, Djin Sganzerla e grande elenco; o documentário O Bom Cinema, dirigido por Eugenio Puppo e exibido no BAFICI, se propõe a contar a história do surgimento do Cinema Marginal, também conhecido como Cinema Pós-Novo; e Por Trás da Muralha de Tijolos Vermelhos, realizado por um coletivo anônimo conhecido como Documentaristas de Hong Kong, traz um poderoso relato sobre os protestos pró-democracia que aconteceram em novembro de 2019 na Universidade Politécnica de Hong Kong.
Saiba mais sobre os filmes:
Capitu e o Capítulo, de Júlio Bressane (Brasil)
Se os vermes não sabem nada sobre os textos que roem, Júlio Bressane tem intimidade com os seus sabores e faz da obra de Machado de Assis uma companheira inesgotável. Não se trata, como podem sugerir os primeiros respiros, de uma adaptação de Dom Casmurro, mas de uma dança ensaística ritmada por uma singularidade de estilo: a brevidade de capítulos que expandem a figura do narrador e apresentam, na personalidade incisiva de Capitu e nas respostas titubeantes de Bentinho, uma redefinição dos duos habituais da filmografia do eterno abre-alas do cinema de invenção. (Leonardo Bomfim)
O Bom Cinema, de Eugenio Puppo (Brasil)
Há mais de uma década atuando na contramão da política de apagamento que incendeia e assombra a memória do cinema nacional, Eugenio Puppo revisita a formação de uma das mais notórias gerações de cineastas do país, explorando a estreita e inusitada relação entre uma encíclica papal e o surgimento do Cinema Marginal. Composto por um conjunto valioso de imagens de arquivo, o filme se torna uma verdadeira cápsula do tempo, capaz de fazer ecoar no presente (em um aceno direto para o futuro) as provocativas vozes e imagens de Reichenbach, Sganzerla, Mojica e tantos outros. (Camila Macedo)
Por Trás da Muralha de Tijolos Vermelhos (理大圍城), de Hong Kong Documentary Filmmakers (Hong Kong)
Novembro de 2019: depois de seis meses de protestos nas ruas contra novas leis restritivas de liberdades, estudantes de Hong Kong ocupam a universidade politécnica. Durante quatorze dias, vivem ali cercados e isolados pela polícia, no que aos poucos vai quase se transformando em uma prisão. Um filme realizado por cineastas que não se identificam individualmente, focado num grupo de personagens onde o coletivo fala mais alto, numa história que se constrói enquanto é vivida. O cinema como necessidade absoluta de expressão e registro do seu tempo, exibido em todas as suas contradições e incertezas. (Eduardo Valente)
O Olhar de Cinema busca destacar e celebrar o cinema independente produzido no mundo. São propostas estéticas inventivas, envolventes e com comprometimento temático, que abrange desde a abordagem de inquietações contemporâneas acerca do microuniverso cotidiano de relacionamentos, até interpretações e posicionamentos sobre política e economia mundial.
Ao todo, a programação terá sete mostras: Competitiva, Novos Olhares, Outros Olhares, Olhares Brasil, Exibições Especiais, Foco e Mirada Paranaense.
Foto: Divulgação.