Guillermo del Toro comemora com sua equipe o prêmio de melhor filme para A Forma da Água.
Foram anunciados neste domingo, 04/03, em cerimônia apresentada pelo comediante Jimmy Kimmel, os vencedores da 90ª edição do Oscar. A Forma da Água, de Guillermo del Toro, que liderava a lista com treze indicações, levou quatro estatuetas douradas no prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, entre elas, a de melhor filme.
Ainda emocionado por ter ganhado o Oscar de melhor direção, Guillermo del Toro, terceiro mexicano a levar essa estatueta, voltou ao palco com sua equipe para receber o prêmio mais esperado da noite, apresentado por Warren Beatty e Faye Dunaway, que no ano passado, por conta de uma confusão entre os envelopes, acabaram divulgando erroneamente o vencedor nesta mesma categoria: “Quero dedicar esse prêmio a todos os jovens cineastas, essa juventude que está nos mostrando como as coisas são feitas em todos os países do mundo. Quando criança, eu ficava assistindo muitos filmes e nunca imaginei que isso poderia acontecer”, disse.
Sem muitas surpresas entre os premiados, esta edição ficou marcada por discursos inspiradores e empoderados sobre diversidade. Ainda no começo, o apresentador Jimmy Kimmel destacou a presença de Rachel Morrison, de Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississippi, entre os indicados, sendo a primeira mulher a concorrer na categoria de melhor fotografia, e discursou: “Apenas 11% dos filmes são dirigidos por mulheres. O mundo está nos observando e precisamos ser um exemplo”.
As atrizes Ashley Judd, Salma Hayek e Annabella Sciorra apresentaram um vídeo sobre a campanha TIME’S UP, organizada por importantes mulheres da indústria do entretenimento, com a intenção de lutar contra qualquer tipo de abuso e também para abrir um diálogo ainda maior sobre desigualdade de gênero, leis trabalhistas, racismo, falta de representatividade, desigualdade sistêmica, políticas corporativas, entre outros. O discurso dizia: “Este ano, muitas falaram suas verdades e a jornada pela frente é longa, mas lentamente, surgiu um novo caminho. As mudanças que estamos testemunhando estão sendo conduzidas pelo poderoso som de novas vozes, de vozes diferentes, das nossas vozes, juntando-se em um poderoso coro que finalmente diz TIME’S UP. Então, saudamos aqueles espíritos imparáveis que romperam a percepção tendenciosa contra seu gênero, sua raça e sua etnia para contar suas histórias”.
Sam Rockwell, Frances McDormand, Allison Janney e Gary Oldman: atuações premiadas.
Além disso, Frances McDormand, premiada com o Oscar de melhor atriz por Três Anúncios Para um Crime, protagonizou um momento histórico com seu discurso: “Gostaria de ter a honra de ter todas as mulheres indicadas em todas as categorias de pé comigo neste teatro: as atrizes, as cineastas, as produtoras, as roteiristas, as diretoras de fotografia, as compositoras, as figurinistas. Olhem ao redor. Todas nós temos histórias para contar e projetos para serem financiados. Não fale conosco sobre isso, hoje, nas festas. Nos convide para o seu escritório em alguns dias ou vocês podem vir nos nossos, que contaremos tudo sobre essas histórias. Eu tenho duas palavras para deixar com vocês esta noite: inclusion rider [que significa uma cláusula na qual os artistas podem inserir em seus contratos exigindo que as produções tenham diversidade de gênero e raça]”.
Em um palco iluminado com um design de mais de 45 milhões de cristais Swarovski, clipes emocionantes relembraram a história do Oscar e de seus premiados. Também não faltaram piadas sobre Donald Trump e Harvey Weinstein, além de brincadeiras com a plateia e um momento descontraído que aconteceu fora do Dolby Theatre: o apresentador Jimmy Kimmel levou um grupo de celebridades, formado por Margot Robbie, Mark Hamill, Emily Blunt, Guillermo del Toro, Armie Hammer, Lupita Nyong’o, Ansel Elgort e Gal Gadot, para um cinema ao lado do teatro, onde apareceram de surpresa para o público e distribuíram quitutes. Depois desse momento, Jimmy escolheu uma pessoa aleatória para chamar as próximas apresentadoras: Maya Rudolph e Tiffany Haddish; bem humoradas, entraram com os sapatos nas mãos e relembraram a importante questão sobre #OscarsSoWhite, que marcou a premiação, em 2016, por cobrar a inclusão de pessoas negras tanto na cerimônia, como na indústria: “Alguns anos atrás, disseram que o Oscar era branco demais e houve um progresso”, disse Maya.
Elas anunciaram os vencedores nas categorias de curta-metragem de ficção e documentário. Rachel Shenton, atriz e roteirista do curta vencedor The Silent Child, emocionou a plateia ao fazer seu discurso de agradecimento utilizando a linguagem de sinais, cumprindo uma promessa feita à protagonista do filme que é muda.
A equipe de Uma Mulher Fantástica no palco: melhor filme estrangeiro.
Protagonizado por Daniela Vega, cantora e atriz transexual que anunciou a apresentação de Sufjan Stevens, Uma Mulher Fantástica, do cineasta chileno Sebastián Lelio, desbancou o favorito The Square – A Arte da Discórdia, da Suécia, e levou o Oscar de melhor filme estrangeiro; o prêmio foi entregue pela atriz porto-riquenha Rita Moreno, que usou o mesmo vestido da premiação de 1962 quando venceu na categoria de melhor atriz coadjuvante por Amor, Sublime Amor. Jordan Peele também foi muito aplaudido ao receber a estatueta dourada de melhor roteiro original por Corra!, seu primeiro filme: “Eu escrevi vinte vezes esse roteiro e achei que seria impossível realizar esse filme. Obrigado a todos que assistiram, que compraram ingressos e que indicaram para alguém”.
A cerimônia também contou com a presença de Sandra Bullock, que apresentou a categoria de melhor fotografia. O prêmio foi entregue para Roger Deakins, de Blade Runner 2049, que, depois de 14 indicações, finalmente recebeu sua estatueta dourada. A atriz Jennifer Garner subiu ao palco para anunciar o momento in memoriam, que contou com a apresentação do cantor Eddie Vedder, da banda Pearl Jam, que cantou Room at the Top, de Tom Petty. Além disso, a atriz veterana Eva Marie Saint, apresentou a categoria de melhor figurino e relembrou os trajes em que usou em Sindicato de Ladrões, filme de Elia Kazan, que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante em 1955, e Intriga Internacional, de Alfred Hitchcock, em 1959. Ela também homenageou a figurinista Edith Head, vencedora de oito estatuetas, e aos 93 anos, brincou com sua idade: “Sou mais velha que a Academia”.
Jordan Peele: o primeiro negro a receber o Oscar de melhor roteiro original.
O drama Me Chame Pelo Seu Nome, dirigido pelo italiano Luca Guadagnino e produzido pelos brasileiros Rodrigo Teixeira e Lourenço Sant’Anna, da RT Features, estava indicado em quatro categorias e levou o prêmio de melhor roteiro adaptado; o Brasil também aparecia na categoria de melhor animação com O Touro Ferdinando, dirigido pelo carioca Carlos Saldanha, mas perdeu para Viva – A Vida é uma Festa.
Confira a lista completa com os vencedores do Oscar 2018:
MELHOR FILME:
A Forma da Água
MELHOR DIREÇÃO:
Guillermo del Toro, por A Forma da Água
MELHOR ATRIZ:
Frances McDormand, por Três Anúncios Para um Crime
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:
Allison Janney, por Eu, Tonya
MELHOR ATOR:
Gary Oldman, por O Destino de uma Nação
MELHOR ATOR COADJUVANTE:
Sam Rockwell, por Três Anúncios Para um Crime
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL:
Corra!, escrito por Jordan Peele
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO:
Me Chame Pelo Seu Nome, escrito por James Ivory
MELHOR FILME ESTRANGEIRO:
Uma Mulher Fantástica, de Sebastián Lelio (Chile)
MELHOR ANIMAÇÃO:
Viva – A Vida é uma Festa
MELHOR DOCUMENTÁRIO:
Ícaro, de Bryan Fogel
MELHOR FOTOGRAFIA:
Blade Runner 2049, por Roger Deakins
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO:
A Forma da Água, por Paul D. Austerberry, Shane Vieau e Jeffrey A. Melvin
MELHOR FIGURINO:
Trama Fantasma, por Mark Bridges
MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO:
O Destino de uma Nação, por Kazuhiro Tsuji, David Malinowski e Lucy Sibbick
MELHOR EDIÇÃO:
Dunkirk, por Lee Smith
MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL:
A Forma da Água, por Alexandre Desplat
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL:
Remember Me, interpretada por Miguel (Viva – A Vida é uma Festa)
MELHOR EDIÇÃO DE SOM:
Dunkirk, por Richard King e Alex Gibson
MELHOR MIXAGEM DE SOM:
Dunkirk, por Gregg Landaker, Gary Rizzo e Mark Weingarten
MELHORES EFEITOS VISUAIS:
Blade Runner 2049, por John Nelson, Gerd Nefzer, Paul Lambert e Richard R. Hoover
MELHOR CURTA-METRAGEM:
The Silent Child, de Chris Overton
MELHOR CURTA-METRAGEM | DOCUMENTÁRIO:
Heaven Is a Traffic Jam on the 405, de Frank Stiefel
MELHOR CURTA-METRAGEM | ANIMAÇÃO:
Dear Basketball, de Glen Keane
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Fotos: Kevin Winter e Alberto E. Rodriguez.