Diretor: Andrucha Waddington
Elenco: Julio Andrade, Marjorie Estiano, Ícaro Silva, Andréa Beltrão, Stepan Nercessian, Thelmo Fernandes, Álamo Facó.
Ano: 2016
Sinopse: Em um dia bastante tenso, com um cenário típico de guerra, os médicos de um hospital público, acostumados com uma dura realidade, vão ter que enfrentar mais uma tensa decisão quando três pacientes em estado grave precisam de socorro ao mesmo tempo. Com poucos recursos, eles precisam atender a todos e lidar com as pressões sociais daquela situação.
Crítica do CINEVITOR: O cinema brasileiro volta e meia se especializa em um gênero, que logo toma conta das telonas. Foi assim com a pornochanchada, com as comédias e com os filmes de favela, que diga-se de passagem, apresentaram produções excelentes. Recentemente, uma nova leva com dramas, suspenses e cinebiografias tem atraído o grande público. Sob Pressão tem tudo para entrar nesse time. O filme, dirigido por Andrucha Waddington, que transita muito bem pela sétima arte (ele dirigiu Gêmeas, Eu Tu Eles, Casa de Areia, Os Penetras, entre outros), a princípio seria uma série de TV, mas no meio do caminho fez a curva e chegou aos cinemas. Baseado no livro Sob Pressão: A Rotina de Guerra de Um Médico, escrito por Marcio Maranhão, o longa traz uma tensão em sua narrativa do começo ao fim. A história se passa durante um dia em um hospital público com condições precárias. Neste caso, não é mera coincidência com a nossa realidade, e sim um retrato sofrível e verídico da saúde pública do país. Sem um elenco entrosado e uma direção competente, Sob Pressão poderia não funcionar tão bem e passar desapercebido. Mas isso não acontece devido à qualidade da produção, que se preocupa com cada detalhe mostrado na telona. Impossível não lembrar de seriados americanos de plantões médicos, mas Andrucha consegue realizar algo com personalidade própria. A inquieta câmera na mão e a trilha sonora perturbadora contribuem com o ritmo ágil do roteiro. As cenas no centro cirúrgico, as mais tensas por sinal, são muito bem realizadas e se destacam pelo cuidado rigoroso em relação aos termos médicos utilizados nos diálogos e também pelos objetos cênicos, seja um bisturi usado em uma cirurgia ou uma prótese do dorso de um dos personagens. Tudo é muito real e bem construído em Sob Pressão: o caos nas emergências, o desespero em tomar decisões rápidas para tentar salvar uma vida, a falta de estrutura para um atendimento mais delicado, o confronto entre razão e emoção, o sangue. Além disso, é interessante perceber que mesmo se passando em apenas uma locação, com leves referências sobre a vida pessoal de cada um, é possível imaginar como são esses personagens fora do hospital e de que maneira suas angústias, seus medos e seus passados interferem nas decisões profissionais. Sob Pressão deixa o espectador sem fôlego e Andrucha acerta em misturar ação com drama em um filme repleto de atores talentosos que transmitem suas sensações com um olhar ou com apenas um gesto. É frenético e caótico, assim como a realidade. (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR: