Direção: Pedro Coutinho
Elenco: Johnny Massaro, Bianca Comparato, Maria Laura Nogueira, Rafael Primot, Regina Braga, Victor Mendes, Thiago Amaral, Rita Batata, Eduardo Mossri, Marcos Teshima, Paulo Nou, Pedro Betti, Rael Barja, Cadu Batanero, Larissa Ferrara, Marcel Weckx, Isabel Wolfenson, Ricardo Dolla, Mario Surcan, Renata Racy.
Ano: 2018
Sinopse: Ao ver a impossibilidade de controlar seus próprios sentimentos, Antônio passa a boicotá-los para se libertar da lembrança da ex-namorada, usando todos os tipos de medidas paliativas contemporâneas: psicanálise cognitiva, remédios tarja preta e o aplicativo Tinder, entre outras, as quais o levam a passar por inúmeras situações tragicômicas.
Crítica do CINEVITOR: Um casal termina o relacionamento. Um deles sofre mais do que outro. Acompanhamos sua amargura desde o fundo do poço até o grand finale com sua volta por cima e pronto para um novo amor. Sim, você já viu essa história diversas vezes no cinema. E ainda verá muito mais. Porém, cada obra tem sua marca e sua maneira de ser contada. Todas as Razões para Esquecer, primeiro longa de Pedro Coutinho na direção, não traz uma ideia original, mas se consolida como uma comédia dramática bem contada e bem realizada. Aqui, fala-se de solidão e de como se reerguer depois de um término de relacionamento de maneira tragicômica e atual. É o amor nos dias de hoje, nessa era tecnológica de aplicativos e redes sociais. Johnny Massaro, que interpreta o protagonista, é um talento admirável em cena. Longe do caricato, ele constrói um personagem real e carismático que oscila entre o cômico e o drama na medida certa. Além disso, há um entrosamento perfeito com sua colega, Bianca Comparato, outro talento singular. Fato é que Todas as Razões para Esquecer não funcionaria tão bem se não tivesse um elenco talentoso; seus coadjuvantes também se destacam e colaboram para o desenrolar da narrativa, que traz diálogos rápidos e divertidos que poderiam parecer incoerentes se interpretados sem verossimilhança. É notório também que Coutinho coloca diversas referências cinematográficas em seu filme: vemos um pouco de Woody Allen nas externas em São Paulo e até mesmo de Frances Ha, de Noah Baumbach, quando retrata a crise existencial de seu protagonista. Se formos mais perto, podemos relembrar de Amores Urbanos, dirigido por Vera Egito e produzido pela Paranoid, mesma produtora deste longa. Todas as Razões para Esquecer aborda temas simples, só que de maneira diferente sem criar estereótipos ou situações forçadas para arrancar uma sensação premeditada do espectador. Aqui não há mocinha ou vilão; temos o amigo que consola, a terapeuta, o vício em remédios tarja preta para esquecer os problemas, os encontros fracassados marcados por meio de aplicativos de relacionamento, o amigo gay, o telefonema desaforado, entre tantos outros clichês do nosso cotidiano. Mas, Coutinho consegue sair do lugar comum ao deixar o espectador se identificar livremente com qualquer situação que seja. É um filme que fala não só de amor, mas também das descobertas e das necessidades do indivíduo quando se encontra em um momento delicado, melancólico e de renovação pessoal. A vida segue, ou pelo menos tem que seguir, mesmo com o coração dilacerado. (Vitor Búrigo)
Nota do CINEVITOR: