Equipe de Um Homem Só reunida em Gramado.
O último filme brasileiro exibido na Mostra Competitiva do Festival de Gramado 2015 foi Um Homem Só, dirigido por Claudia Jouvin, que conta a história de Arnaldo, um homem frustrado, preso a um casamento falido e com um trabalho que odeia. Até o dia em que conhece Josie, uma jovem de comportamento excêntrico, que trabalha com a tia em um cemitério de animais. Apaixonado, Arnaldo cria coragem e procura uma clínica clandestina que produz cópias de seres humanos, pois ele acredita que um duplo poderá ser a solução para todos os seus problemas.
Na manhã seguinte à exibição, integrantes da equipe participaram de uma coletiva e falaram com a imprensa sobre o filme: “Eu ficava me perguntando como é que um dia eu vou fazer uma ficção científica no Brasil? Porque as pessoas não fazem. Mas achei que valia arriscar. Vale a pena explorar outros gêneros”, disse a diretora Claudia Jouvin.
Mariana Ximenes, que interpreta a protagonista Josie, falou: “Eu sempre quis ser atriz. Eu sempre quis experimentar. E isso quer dizer correr certos riscos. A Claudinha [diretora] é minha grande amiga e sabe muito dessa minha busca. Ela sabe das minhas tristezas, sabe que eu fico me questionando o tempo inteiro. E na verdade esse filme surgiu dessas minhas lamúrias. Eu queria fazer uma coisa diferente. Eu queria ter uma oportunidade. E eu agradeço muito à Claudinha porque ela ouviu essa minha necessidade de experimentar”.
Mariana Ximenes durante a coletiva.
Sobre o elenco, Claudia falou: “Eu tenho um elenco absolutamente fantástico. Eu gosto muito de estudar o elenco. Ver tudo que eles fizeram, entender do que eles são capazes. E por esse elenco ser excelente, eu sabia que poderia tirá-los da zona de conforto. Faz parte do trabalho da diretora acompanhá-los”.
Vladimir Brichta, que interpreta o protagonista Arnaldo, falou sobre o filme: “Nós tínhamos a proposta de fazer algo mais coerente com a realidade. A gente vive um momento em que a indústria do cinema nacional tem sobrevivido muito bem por causa de um tipo específico de comédia. Acho que a minha escolha em topar fazer esse filme tem a ver com o meu entendimento de que a gente pode fazer vários tipos diferentes de comédia, pois é um gênero amplo”.
Coletiva: Otávio Muller e a diretora Claudia Jouvin.
Otávio Muller falou sobre a presença dos homens no filme: “O que me interessou esse tempo todo foi fazer algo diferente e o cinema brasileiro está crescendo. E nesse filme, é importante o olhar certeiro da Claudinha para um tipo de homem que, na maioria das vezes, está se sentindo perdido. Talvez se fosse um olhar masculino não seria tão interessante”.
Ao final da coletiva, a diretora concluiu: “Todos os personagens, como a gente, têm dois lados. Não acho que seja um filme só sobre esse homem [Arnaldo, papel de Vladimir Brichta]. Acho que é um homem entre duas mulheres. Tantos cineastas já falaram de personagens femininos, por que é que uma cineasta mulher não pode falar de personagens masculinos?”.
Confira um trecho da coletiva e da apresentação do filme no Palácio dos Festivais:
Fotos: Cleiton Thiele e Igor Pires.
Texto e vídeo: Vitor Búrigo.