Soledad Salfate no palco do festival: noite de abertura.
A 27ª edição do Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema começou neste sábado, 05/08, no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza. Neste ano, as produções foram escolhidos dentre mais de mil inscritos, dos quais 260 longas de 17 países e 853 curtas de 25 estados do Brasil, sendo 97 do Ceará. Nesta edição, participam sete longas e 14 curtas.
O chileno Uma Mulher Fantástica, dirigido por Sebastián Lelio, premiado com o Urso de Prata de melhor roteiro e com o Prêmio Teddy no Festival de Berlim deste ano, foi o filme de abertura. A montadora Soledad Salfate subiu ao palco para apresentar o longa e no dia seguinte participou de uma coletiva de imprensa, ao lado de Jean-Thomas Bernardini, da Imovision, distribuidora do filme no Brasil.
Soledad e Jean-Thomas Bernardini no debate.
“O Chile está superando a Argentina, começando a se destacar. Há muitos diretores competentes por lá, com uma cinematografia particular”, disse Bernardini. Soledad, que já havia trabalhado com Sebastián Lelio em outros filmes, como Gloria, de 2013, afirmou: “Ele é um diretor especial. Nos conhecemos muito bem. E esse filme, que passa por diversos gêneros, é diferente. A novidade é que ele não se parece com os trabalhos anteriores do Sebastián”.
Confira os melhores momentos de Soledad Salfate na coletiva de imprensa:
EDIÇÃO E TRILHA SONORA:
Antes de começar a montar, Soledad analisa o roteiro e a maneira como ele se desenvolve para depois fazer um desenho dos personagens. Seu envolvimento também se dá na trilha sonora. “Faço uma maquete da história e dos personagens. A partir disso, começo a pensar nos efeitos e na música. Neste caso, tivemos referências de filmes noir dos anos 1950. E depois entra o trabalho de Matthew Herbert, um compositor de música eletrônica, que faz a junção desses elementos na trilha do filme”.
PROTAGONISTA:
“Daniela Vega tinha feito apenas um trabalho em cinema, uma participação no filme La Visita, de Mauricio López Fernández, em 2014. Na verdade, ela é uma cantora lírica, e em Uma Mulher Fantástica fez sua primeira protagonista. Assim como sua personagem, ela também é transexual e, inicialmente, tinha sido chamada apenas para contar sua história, como uma espécie de consultoria para o diretor. Com o filme, Daniela teve uma grande transformação social e passou a ser aceita pela sociedade chilena. A Variety a colocou em uma lista de possíveis indicadas ao Oscar”.
Daniela Vega: protagonista em cena.
PÚBLICO:
“É importante separar crítica e público. São opiniões bem diferentes. Mas, depois do Festival de Berlim, o filme recebeu críticas muito acolhedoras e teve, aproximadamente, 50 mil espectadores no Chile. Esse número é muito positivo pra nós, levando em conta o tipo de filme que foi apresentado. Numa sociedade pós-Pinochet, pode ser considerado um fenômeno“.
REALIDADE:
“Há muita violência de gênero no Chile com homossexuais e transgêneros. Em Uma Mulher Fantástica, queríamos contar a história de um ser humano e não tratar somente da parte óbvia do assunto. Aqui, abordamos a violência social, que, consequentemente, leva para a violência física“.
Soledad conversa com a imprensa.
IDENTIDADE DE GÊNERO:
“Uma Mulher Fantástica abriu muitas portas e importantes discussões sobre identidade de gênero, assunto que não se falava antes no Chile, por ser considerado tabu. Pessoas de todas as idades foram aos cinemas para assistir, assim como minha vó, por exemplo, que adorou“.
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Fotos: Rogerio Resende/Divulgação.