Foram anunciados nesta terça-feira, 07/05, em uma coletiva de imprensa, os filmes selecionados para a 13ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, que acontecerá entre os dias 12 e 20 de junho. A programação conta com títulos das mais diversas linguagens, formatos e temáticas, mantendo sua principal característica de instigar a curiosidade do espectador e propor novas abordagens cinematográficas.
O evento, que já havia divulgado algumas de suas mostras pelas redes sociais, agora anuncia os longas e curtas-metragens que disputam diversos prêmios pelo Júri Oficial. O público ainda tem parte essencial nas premiações, uma vez que definirá os vencedores por meio de votação popular.
A Mostra Competitiva Brasileira é composta por 16 produções inéditas, sendo oito curtas e oito longas-metragens. Já a Mostra Competitiva Internacional é composta por 14 produções de diferentes nacionalidades, como Suíça, Alemanha, Haiti, Palestina, Hungria, França, entre outros.
Em comunicado oficial, Antonio Gonçalves Junior, diretor do festival, disse: “O Olhar de Cinema de 2024 contará com estreias mundiais, reunindo produções vindas de diferentes países, além de filmes brasileiros que chegam às telonas pela primeira vez, e abordam diferentes temas, propondo um novo olhar direcionado à sétima arte”.
Neste ano, o filme de abertura, que será exibido na Ópera de Arame, será Retrato de um Certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes, que fez parte da programação do Festival de Roterdã. No longa, dois irmãos católicos, Emilie e Emir, em 1949 partem de um Líbano na iminência da guerra em busca de uma nova vida em território estrangeiro, numa viagem rumo a um Brasil desconhecido. Quando Emilie se apaixona por Omar, um comerciante muçulmano residente em Manaus, o ciúme do irmão terá graves consequências. Neste épico íntimo, baseado em romance de Milton Hatoum, o encontro entre culturas distantes entrelaça questões coletivas de memória, tradição e pertencimento, num relato ao rés da pele que lança um olhar cuidadoso às histórias fundacionais de imigrantes no país.
Já o encerramento contará com Salão de Baile, de Juru e Vitã. No clima ballroom, este vibrante documentário apresenta a cultura das Houses fluminenses, que se apropriam de influências estrangeiras e de elementos reconhecidamente brasileiros para construir um universo que mistura dança, música, moda e performance a partir das experiências queer periféricas e racializadas. Um mosaico de vozes, corpos, movimentos, poses e presenças nos mostra que, entre o baile e as vidas íntimas de algumas de suas importantes figuras.
A Mostra Foco do Olhar de Cinema 2024 se dedica pela primeira vez a um conceito norteador, ao invés de apresentar filmes de realizadores ou regiões de origem em específico. Sob o título Cinema de Luta, a seleção traz quatro longas brasileiros recentes que, através de uma relação imediata e frontal com a atuação de pessoas envolvidas em movimentos sociais, fazem de suas práticas audiovisuais partes integrantes de uma luta para produzir mudanças efetivas no seu entorno. Esta é uma mostra que diz respeito, portanto, ao que é representado nos filmes, mas também à maneira como representam: por uma forma de ação direta, tanto da parte de quem está na frente mas também de quem está atrás das câmeras, num movimento que se complementa e às vezes se confunde.
Sobre a mostra Olhar Retrospectivo desta edição: em outubro de 2023, a família de Hou Hsiao-Hsien confirmou a notícia de que o cineasta estava se afastando da direção cinematográfica aos 76 anos de idade devido ao avanço de sua condição com o Alzheimer. Com isso, foi interrompida ainda em vida a trajetória de um dos mais influentes cineastas que o mundo viu nos últimos 40 anos. Nascido na China continental em 1947, mas mudando com sua família para Taiwan já no ano seguinte, Hou Hsiao-Hsien é uma das principais vozes daquele que se convencionou chamar o Novo Cinema Taiwanês, movimento que tomou o cenário internacional dos festivais de cinema a partir dos anos 80.
Dentre os cineastas oriundos daquele momento, ele foi o que teve a carreira mais longeva e reconhecida, tendo todos os seus filmes a partir do final daquela década sido exibidos em algum dos principais festivais do mundo, e reconhecidos por prêmios como o Leão de Ouro em Veneza, melhor direção em Cannes, entre outros. O Olhar de Cinema aproveita essa oportunidade de celebrar, ainda em vida, a trajetória artística finalizada de um dos grandes mestres do cinema contemporâneo, e exibirá oito de seus dezoito longas, passando por três fases distintas de sua carreira: o estabelecimento de sua visão de mundo e cinema nos anos 1980, a consolidação de seu estilo e o reconhecimento mundial nos anos 1990, e algumas de suas “obras de maturidade”, já no século XXI.
Conheça os filmes selecionados para o Olhar de Cinema 2024:
FILME DE ABERTURA
Retrato de um Certo Oriente, de Marcelo Gomes (Brasil)
FILME DE ENCERRAMENTO
Salão de Baile, de Juru e Vitã (Brasil)
COMPETITIVA BRASILEIRA | LONGAS
A Mensageira, de Cláudio Marques
Greice, de Leonardo Mouramateus
O Rancho da Goiabada, ou Pois é Meu Camarada Fácil, Fácil Não é a Vida, de Guilherme Martins
O Sol das Mariposas, de Fábio Allon
Praia Formosa, de Julia De Simone
Quem É Essa Mulher?, de Mariana Jaspe
Tijolo por Tijolo, de Victoria Alvares e Quentin Delaroche
Um Dia Antes de Todos os Outros, de Fernanda Bond e Valentina Homem
COMPETITIVA BRASILEIRA | CURTAS
Capturar o Fantasma, de Davi Mello
Caravana da Coragem, de Pedro B. Garcia
Cavaram uma Cova no Meu Coração, de Ulisses Arthur
O Lado de Fora Fica Aqui Dentro, de Larissa Barbosa
Povo do Coração da Terra (Ava Yvy Pyte Ygua), de Coletivo Guahu’i Guyra
Rinha, de Rita M. Pestana
Se Eu Tô Aqui é por Mistério, de Clari Ribeiro
Viventes, de Fabrício Basílio
COMPETITIVA INTERNACIONAL | LONGAS
As Noites Ainda Cheiram a Pólvora, de Inadelso Cossa (Moçambique/França/Alemanha/Portugal)
Caminhos Cruzados (Crossing), de Levan Akin (Suécia/Dinamarca/França)
Eu Não Sou Tudo Aquilo que Quero Ser (Ještě Nejsem, Kým Chci Být), de Klára Tasovská (República Tcheca/Eslováquia/Áustria)
Ivo, de Eva Trobisch (Alemanha)
Os Paraísos de Diane (Les Paradis de Diane), de Carmen Jaquier e Jan Gassmann (Suíça)
Pepe, de Nelson Carlo De Los Santos Arias (República Dominicana/Namíbia/Alemanha/França)
COMPETITIVA INTERNACIONAL | CURTAS
Caindo (Falling), de Anna Gyimesi (Hungria/Bélgica/Portugal)
Contrações (Contractions), de Lynne Sachs (EUA)
Desde Então, Estou Voando (O Gün Bu Gündür, Uçuyorum), de Aylin Gökmen (Suíça)
Mamántula, de Ion de Sosa (Espanha/Alemanha)
Minha Pátria (Mawtini), de Tabarak Abbas (Suíça)
Nossas Ilhas (Nos Îles), de Aliha Thalien (França/Martinica)
Sonhos como Barcos de Papel (Des Rêves en Bateaux Papiers), de Samuel Suffren (Haiti)
Uma Pedra Atirada (رجح†ىمرم†ىلع†), de Razan AlSalah (Palestina/Líbano/Canadá)
NOVOS OLHARES
Caixa de Areia (Bac A Sable), de Lucas Azémar (França)
Entre Vênus e Marte, de Cris Ventura (Brasil)
Geração Ciborgue (Cyborg Generation), de Miguel Morillo Vega (Espanha)
Idade da Pedra, de Renan Rovida (Brasil)
Jean Genet Agora (Jean Genet Ahora), de Miguel Zeballos (Argentina)
Perdendo a Fé (Die Ängstliche Verkehrsteilnehmerin), de Martha Mechow (Áustria/Alemanha)
EXIBIÇÕES ESPECIAIS
A Transformação de Canuto, de Ariel Ortega e Ernesto de Carvalho (Brasil)
Do Tempo que Eu Comia Pipoca, de Heloísa Passos e Catherine Agniez (2001) (Brasil)
Lista de Desejos para Superagüi, de Pedro Giongo (Brasil)
Mário, de Billy Woodberry (Portugal/França)
Mário de Andrade, O Turista Aprendiz, de Murilo Salles (Brasil)
O Patinador, a Vida, a Luta (The Roller, The Life, The Fight), de Elettra Bisogno e Hazem Alqaddi (Bélgica)
Osório, de Heloísa Passos e Tina Hardy (2008) (Brasil)
Viva Volta, de Heloísa Passos (2005) (Brasil)
MIRADA PARANAENSE | LONGA
A Cápsula, de Ribamar Nascimento
MIRADA PARANAENSE | CURTAS
Adam, de Ana Catarina
Baobab, de Bea Gerolin
Esse Navio Vai Afundar, de Luc da Silveira
Jacu Herói, de Pedro Carregã
Nada Ficou no Lugar, de Stefano Lopes
Prontuário Nº415361, de Vino Carvalho
Quarto Vazio, de Julia Vidal
Terra Incógnita, de Waleska Antunes
OLHAR RETROSPECTIVO
A Assassina (Cike Nie Yin Niang), de Hou Hsiao-Hsien (2015) (Taiwan)
Adeus, Ao Sul (Nan Guo Zai Jian, Nan Guo), de Hou Hsiao-Hsien (1996) (Taiwan)
Café Lumière (Kôhî Jikô), de Hou Hsiao-Hsien (2003) (Japão)
Cidade das Tristezas (Bei Qing Cheng Shi), de Hou Hsiao-Hsien (1989) (Taiwan)
Millennium Mambo (Qian Xi Man Bo), de Hou Hsiao-Hsien (2001) (Taiwan)
O Mestre das Marionetes (Xi Meng Ren Sheng), de Hou Hsiao-Hsien (1993) (Taiwan)
Poeira ao Vento (Liàn Liàn Fengchén), de Hou Hsiao-Hsien (1986) (Taiwan)
Tempo de Viver e Tempo de Morrer (Tóngnián Wangshì), de Hou Hsiao-Hsien (1985) (Taiwan)
OLHARES CLÁSSICOS
A Guerra do Pente, de Nivaldo Lopes (1986) (Brasil)
As Mulheres Palestinas (Les Femmes Palestiniennes), de Jocelyne Saab (1974) (Líbano)
Era Uma Vez Beirute (Kanya Ya Ma Kan, Beyrouth), de Jocelyne Saab (1994) (Líbano)
O Comboio do Medo (Sorcerer), de William Friedkin (1977) (EUA)
Sem Chão (Losing Ground), de Kathleen Collins (1982) (EUA)
Sherlock Jr., de Buster Keaton (1924) (EUA)
Um é Pouco, Dois é Bom, de Odilon Lopez (1970) (Brasil)
FOCO
Lagoa do Nado: A Festa de um Parque, de Arthur B. Senra (Brasil)
Não Existe Almoço Grátis, de Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel (Brasil)
O Canto das Margaridas, de Mulheres no Audiovisual PE (Brasil)
Ouvidor, de Matias Borgström (Brasil)
PEQUENOS OLHARES | LONGA
O Sonho de Clarice, de Fernando Gutierrez e Guto Bicalho (Brasil)
PEQUENOS OLHARES | CURTAS
Almadia, de Mariana Medina (Brasil)
Ana e As Montanhas, de Julia Araújo e Carla Villa-Lobos (Brasil)
Ária, de Arthur P. Motta (Brasil)
Camille, de Denise Roldán (México)
Casa na Árvore, de Guilherme Lepca (Brasil)
Lagrimar, de Paula Vanina (Brasil)
Os Defensores de Típota, de Caio Guerra (Brasil)
Pororoca, de Fernanda Roque e Francis Frank (Brasil)
Foto: Divulgação.