A cerimônia de abertura da 18ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto aconteceu nesta quinta-feira, 22/06, na Praça Tiradentes, com destaque para a temática deste ano: Música Preta no Brasil. Com trilha ao vivo da banda Diplomattas e do DJ Black Josie, a noite contou com performances audiovisuais entre músicas de congado e referências ao soul.
Para abrir o maior evento dedicado ao patrimônio audiovisual no Brasil, Raquel Hallak, coordenadora geral da Universo Produção, fez um discurso emocionante: “Estamos reunidos aqui, hoje, em nome do cinema patrimônio. O cinema brasileiro que merece tombamento, que revela nossa identidade, que integra nossa história e que conecta com a educação. Obrigada a todos que compartilham dos nossos ideais, que renovam compromisso com a cultura, com o patrimônio audiovisual brasileiro e que viabilizam essa edição da CineOP. Ninguém faz nada sozinho. Esse trabalho não é meu, é de todos nós”.
Na sequência, a emoção seguiu com a homenagem ao cantor e ator Tony Tornado, que, aos 93 anos, recebeu o Troféu Vila Rica das mãos de seu filho, Lincoln Tornado, e se emocionou com o carinho do público: “É muito emocionante receber esse carinho! Só faltam sete anos para eu chegar ao 100, né? Rumo aos 100! Eu espero estar vivo até lá para celebrarmos outra vezes. Cinema é minha paixão, mas não sei contar quantos filmes eu fiz. Porém, fiz filmes muito bons, outros nem tanto… e alguns realmente horríveis, muito ruins”.
E completou: “Mas, fiz coisa boa, como Quilombo, do Cacá Diegues, um filme muito importante, que eu representei o Brasil no Festival de Cannes [o longa disputou a Palma de Ouro, em 1984]. E fiz Pixote: A Lei do Mais Fraco [do diretor Hector Babenco], também! Viva o cinema nacional! Que honra, que honra!”.
Pai e filho no palco: ovacionados pelo público
Em um vídeo apresentado pouco antes da homenagem, produzido pelo Canal Brasil, Tony Tornado apareceu em depoimento gravado para a Universo Produção reforçando suas raízes negras. Também por vídeo, a Ministra da Cultura, Margareth Menezes, fez uma aparição surpresa. Impossibilitada de vir à CineOP por motivos de agenda, ela gravou um depoimento, exibido no telão. Em poucos minutos, exaltou a homenagem a Tony Tornado e disse que “há boas notícias para o cinema no Brasil”. A Secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, representou a ministra e também subiu ao palco para discursar antes da homenagem.
Logo em seguida à cerimônia, foi exibido o documentário Baile Soul, dirigido por Cavi Borges. Ao longo de 80 minutos, o público ouviu histórias sobre a ascensão da black music no Rio de Janeiro, a popularização do imaginário visual e social negro vindo dos EUA a partir do sucesso de James Brown e ainda a perseguição dos bailantes pela ditadura militar, municiada de racismo, opressão e preconceito.
No palco, para apresentar o filme, Cavi contou com a presença do homenageado Tony Tornado: “Não percam! É a nossa história”, disse. O diretor também comentou: “É uma honra abrir o festival com esse filme. Já estive aqui algumas vezes, com curtas, médias, longas, palestras e cursos. E, agora, inaugurar o festival com meu novo filme é especial!”.
Depois da cerimônia de abertura, a noite encerrou no Centro de Convenções de Ouro Preto com o show da banda Diplomattas, que, junto ao multiartista Maurício Tizumba, tocou um repertório inteiramente dedicado e referenciado à black music.
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Fotos: Leo Lara e Jackson Romanelli/Universo Produção.