24ª Mostra de Cinema de Tiradentes: cineastas falam sobre curtas-metragens e repercussão on-line

por: Cinevitor

enterradonoquintaltiradentesIsabela Catão em Enterrado no Quintal, de Diego Bauer.

Com a temática Vertentes da Criação, a 24ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes segue sua programação até o dia 30 de janeiro em formato on-line e gratuito. A seleção deste ano traz 114 filmes, entre longas e curtas-metragens, de 19 estados brasileiros, e reúne o que há de mais recente na cinematografia brasileira contemporânea apresentando a diversidade e a pujança criativa do setor, mesmo em cenário adverso da pandemia de Covid-19 e de dificuldades financeiras para os profissionais da área nos últimos dois anos.

Neste ano, o evento que abre o calendário audiovisual brasileiro selecionou 79 curtas-metragens para as diferentes sessões que anualmente atraem centenas de espectadores interessados em conhecer os rumos do formato na produção brasileira. A curadoria, composta por Camila Vieira, Tatiana Carvalho Costa e Felipe André Silva, recebeu 748 inscrições, de onde foram definidos os títulos, distribuídos nas mostras Foco, Panorama, Foco Minas, Temática, Praça, Formação, Jovem e Mostrinha.

Os estados de Minas Gerais e São Paulo aparecem com maior quantidade de trabalhos na seleção, com 16 filmes cada. Há ainda produções de Alagoas (1), Amazonas (4), Bahia (4), Ceará (4), Brasília (2), Espírito Santo (2), Goiás (1), Mato Grosso (1), Pará (2), Paraíba (2), Paraná (5), Pernambuco (3), Rio de Janeiro (8), Rio Grande do Norte (1), Rio Grande do Sul (6), Santa Catarina (2) e Sergipe (2).

Em entrevista ao CINEVITOR, Felipe André Silva, que estreia na equipe de curadoria de curtas, falou sobre o processo de seleção: “Foi bastante intenso. Pelo menos pra mim, que cheguei já com as engrenagens rodando. Tivemos cerca de um mês e meio para visionar, discutir e estabelecer as grades, tudo isso respeitando o diálogo com o tema geral da Mostra, que também foi descoberto dentro do processo. Talvez seja essa a principal diferença do trabalho realizado aqui para aquela curadoria que eu fazia no Janela Internacional de Cinema do Recife, por exemplo. Em Tiradentes, a temática precisa realmente ser lida como o fio condutor da seleção e das discussões, então, é muito importante entender o que os filmes podem oferecer para esse debate. Felizmente, Vertentes da Criação é um tema que abre uma gama enorme de possibilidades de enfrentamento e discussão. Então, nosso trabalho ficou um pouco mais divertido nesse sentido, na busca por compor esse quebra cabeças”.

O cineasta, que exibiu o curta Cinema Contemporâneo no ano passado em Tiradentes, falou também sobre o convite para a curadoria: “Minha primeira participação de fato na Mostra foi em 2020, quando tive a felicidade de entrar na seleção da mostra Foco com um curta. Por isso me pegou muito de surpresa o convite feito pela produção para que eu me juntasse ao time de curadores, sobretudo porque meu nome nunca foi necessariamente associado a esse trabalho, e também porque, assim eu acreditava, essa função estava muito mais ligada a pesquisadores e acadêmicos de cinema, pelo menos em Tiradentes. Acredito que o Francis [Vogner dos Reis, coordenador curatorial da Mostra] queria justamente isso, adicionar um componente cuja visão e construção de pensamento não estava necessariamente ligado a academia (não que isso seja um problema, obviamente); alguém com um viés mais puramente cinéfilo, por assim dizer. Mas recebi a tarefa com muita alegria, obviamente”.

juliawontfilmetiradentesClaudia Campolina em Won’t You Come Out to Play?, de Julia Katharine.

Pelos dados de etnia/raça autodeclarados pelos realizadores de curtas-metragens, foram 403 brancos/caucasianos, 124 negros, 75 pardos, 9 asiáticos, 5 indígenas, 1 afroindígena e 1 não-branco. Nos dados de identidade de gênero, também autodeclarados, constam entre os inscritos 308 homens brancos cisgênero, 252 mulheres cis, 1 travesti, 1 travesti não-binário, 3 homens transgêneros, 5 mulheres transgêneros e 15 não-binários. Considerando os 79 curtas-metragens selecionados, os dados de raça e gênero de realizadores são de 8 mulheres cis negras, 2 mulheres cis pardas, 26 mulheres cis brancas, 1 mulher cis indígena, 1 mulher trans amarela, 1 travesti negra, 10 homens cis negros, 1 homem cis pardo, 21 homens cis brancos, 1 homem trans branco, 2 não-binários brancos e 1 não-binário negro.

Por conta das exibições virtuais, os curtas-metragens, que sempre se destacaram no evento, dessa vez ganharam uma abrangência ainda maior. Para Diego Bauer, cineasta manauara, que fez sua estreia em Tiradentes em 2018 com o curta Obeso Mórbido, é uma alegria ver seu novo trabalho, Enterrado no Quintal, na seleção da Mostra Panorama deste ano: “A repercussão tem sido incrível. É um sentimento de que aos poucos vamos encontrando maneiras particulares de investir em uma linha de cinema. É muito recompensador quando um festival como Tiradentes acredita e investe numa maneira de dar visibilidade ao seu trabalho”.

Sobre o formato on-line, Bauer comentou: “Eu nunca nem cheguei perto de viver uma discussão como estou tendo agora com Enterrado no Quintal nesta edição de Tiradentes. Toda hora chega mensagem e alguns comentários, coisas realmente espontâneas. Vou pesquisando no Twitter e aparecem pessoas comentando sobre o filme e, com isso, percebemos o quanto Tiradentes tem um alcance incrível. Realmente o Brasil inteiro está de olho no festival. A edição on-line atraiu gente que sempre quis participar e nunca teve como. Acho que gerou um alcance incrível e a repercussão tem sido muito boa”.

olhostristestiradentesDaniel Veiga em Você Tem Olhos Tristes, de Diogo Leite.

Com ficções leves para assistir em família, narrativas divertidas para curtir e documentários com questões sociais importantes, a Mostra Praça apresenta produções diversificadas que apelam para uma relação mais direta com um público mais amplo. Nesta edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, 13 curtas-metragens aparecem distribuídos em três sessões, entre eles, Você Tem Olhos Tristes, de Diogo Leite. No filme, Luan, interpretado por Daniel Veiga, trabalha como bikeboy de aplicativo e enfrenta dilemas e preconceitos na sua jornada diária de entregas em uma cidade grande.

O diretor falou sobre a importância de ser selecionado para o evento: “É um dos maiores festivais do Brasil e é a segunda exibição de Você Tem Olhos Tristes em um festival; a estreia foi no Festival de Gramado ano passado. Necessário lembrar que é a primeira vez que tenho um filme exibido em Tiradentes. Sempre me falaram muito bem do festival, o ambiente, os debates e as trocas pelas ruas da cidade. Muito feliz por estar participando”. Diogo também falou sobre a repercussão virtual: “Você faz um post nas redes sociais convidando as pessoas a assistir on-line, pouco depois elas estão discutindo o filme. De alguma maneira, os debates ou trocas têm sido democratizados por pessoas que às vezes não são frequentadores de festivais de cinema. É uma experiência bem legal e enriquecedora de acompanhar de como reverbera o filme em cada pessoa”.

Ainda na Mostra Praça, o curta potiguar Casa com Parede, de Dênia Cruz, registra a história de luta de mulheres, homens e crianças do assentamento 8 de Março, criado em 2013. Considerada a 12ª ocupação urbana de Natal, no Rio Grande do Norte, o território foi destruído por um incêndio em 2017. “Ter nosso filmes circulando é uma alegria, pois, é chegar nas pessoas e é para isso que contamos histórias. E claro que estar em festivais é muito importante e a Mostra Tiradentes é uma referência, um dos festivais mais reconhecidos do país. Ter nosso documentário na seleção é um misto de alegria, honra e responsabilidade”.

Dênia também comentou: “A pandemia nos fez repensar muitas coisas e nós, que fazemos arte, mais ainda. Tudo é uma adaptação. As edições virtuais de festivais trouxeram uma oportunidade singular, que é o acesso a múltiplos territórios, pois podemos chegar a um número imensamente maior de público e isso é muito positivo. Porém, o não presencial nos tirou a oportunidade do contato direto com o público, do network, do conhecer os lugares, enfim, adaptações. Agora, ter nosso filme numa edição histórica como essa, é um privilégio também. E a repercussão é muito positiva”.

casaparedetiradentesCena do curta potiguar Casa com Parede, de Dênia Cruz.

Dedicadas ao público infantil e juvenil da Mostra de Cinema de Tiradentes, as sessões Mostrinha e Jovem apresentam narrativas ficcionais nos formatos de animação e live-action. Para as crianças, cinco curtas trazem histórias lúdicas e educativas. Para os jovens, três curtas narram dramas com personagens em processo de amadurecimento para a vida adulta. De Brasília, a ficção Foguete, de Pedro Henrique Chaves, conta a história de um pai que leva seu filho para brincar em uma praça com um foguete, em que outras crianças se divertem. O brinquedo foi colocado na praça há muito tempo e o pai se recorda de quando ele mesmo era pequeno e também gostava de brincar ali.

O diretor falou sobre a participação do curta no evento mineiro: “Estou feliz demais com o caminho que o filme está trilhando em festivais, mas estar em Tiradentes é mais que especial. O festival é uma grande vitrine do cinema brasileiro e ter um filme selecionado ao lado de obras de outros grandes artistas abre novas oportunidades. Estar em Tiradentes, acima de tudo, é um passo importante para o início da minha carreira. Foguete é o meu segundo curta, que dirigi aos 17 anos, e de lá para cá tenho aprendido lições importantes. Ter esse espaço no festival me mantém animado para seguir contando histórias. E agradeço a curadoria da Mostra por estar de olho em novos cineastas. Isso significa muito”.

Pedro também destacou a importância da edição on-line: “Mesmo contando uma história tão brasiliense, fico feliz que Foguete tenha conversado com outros públicos. Apesar de não acontecer presencialmente, a conexão com o público é a melhor possível e a Mostra de Tiradentes manteve seu acolhimento e a grandeza das exibições e debates. O que a Mostra tem feito para o cinema brasileiro, em tempos tão difíceis, é fundamental para seguirmos resistindo. Agora vamos aproveitar essa possibilidade que o virtual nos traz, de seguirmos conectados, e levar essas histórias para diferentes lugares alcançando um público ainda maior. E ano que vem, com todos vacinados, estaremos juntos”.

foguetetiradentesPietro Barbosa e Marcelo Pelucio em Foguete, de Pedro Henrique Chaves.

Em 2018, Julia Katharine recebeu o Prêmio Helena Ignez de destaque feminino por seu trabalho no longa Lembro Mais dos Corvos, de Gustavo Vinagre. No ano seguinte, exibiu seu primeiro curta como diretora, Tea for Two, na Mostra Foco. Agora, participa com Won’t You Come Out to Play? na Mostra Panorama, que apresenta um conjunto amplo e diversificado da produção de curtas-metragens realizados em 2020. Propostas experimentais, construções ficcionais e olhares documentais são lançados por realizadores de diferentes territórios do país. A cineasta, atriz e roteirista falou sobre a edição de 2021: “A importância de estar na Mostra é ter a chance de levar o filme para um público maior, já que estamos on-line e, mais uma vez, um estímulo para que eu siga fazendo filmes, contando histórias e o melhor, trabalhando com pessoas que eu admiro e tenho profundo amor”. Clique aqui e leia a entrevista completa com Julia Katharine.

O cineasta mineiro Marco Antônio Pereira, que já participou da Mostra Tiradentes algumas vezes, exibe nesta edição o curta-metragem 4 Bilhões de Infinitos na Mostra Foco, cujos filmes são avaliados pelo Júri Oficial e destaca distopias cotidianas e figurações de um pós-mundo. “Exibi A Retirada para um Coração Bruto em 2018, quando ganhamos o prêmio do Júri Popular. Depois, em 2019, voltamos com Teoria sobre um Planeta Estranho. E agora chegamos com 4 Bilhões de Infinitos. Estar numa seleção de Tiradentes significa muito para nós, pois é o maior festival do nosso estado e um dos maiores do Brasil. Essa janela oferecida pelo festival legitima muito nosso trabalho”, disse. E completou: “O filme está tendo uma ótima repercussão. Muitas pessoas me mandam mensagem; alguns amando, outros odiando. Mas, o que é inegável é o grande alcance que o filme está tendo agora disponibilizado diretamente na internet. Muitas pessoas na minha cidade [Cordisburgo] estão acompanhando o festival. É a primeira vez que isso acontece”.

4bilhoesinfinitostiradentes2Cena do curta mineiro 4 Bilhões de Infinitos, de Marco Antônio Pereira.

Consagrado em diversos festivais, O Jardim Fantástico, de Fábio Baldo e Tico Dias, é outro destaque da Mostra Panorama. No filme, uma professora utiliza Ayahuasca com seus alunos e vê as crianças se conectarem com os poderes ancestrais da floresta. “A Mostra de Cinema de Tiradentes teve um papel fundamental ao longa da minha trajetória como realizador de filmes. Foi o primeiro grande festival brasileiro a olhar com carinho para os meus primeiros curtas que carregavam uma experimentação forte e tinham narrativas mais arriscadas. Caos (2010) foi exibido na Mostra Foco nesse mesmo ano depois de ter sido rejeitado por inúmeros festivais brasileiros. Foi Tiradentes que me deu certeza que eu deveria continuar experimentando cada vez mais nos meus próximos projetos”, disse Fábio Baldo.

O diretor também comentou sobre a repercussão das exibições virtuais: “É interessante esse universo das exibições on-line. O Jardim Fantástico já era um curta que tinha participado de inúmeros festivais on-line ao longo de 2020 e alcançou um público muito grande. Não imaginei que ele ainda pudesse ter repercussão. Mas, ao longo dessa semana, comecei a receber inúmeras mensagens de novas pessoas que ainda não tinham tido contato com o curta, além de críticos que tiraram um tempo para escrever sobre ele. Uma ferramenta interessante pra medir a recepção do público e a quantidade de pessoas que estão vendo seu filme é o Letterboxd. Desde que o festival começou, o filme teve quase cem novas logagens. Achei impressionante o alcance”.

ojardimfantasticokinoforumCurta paulista O Jardim Fantástico, de Fábio Baldo e Tico Dias.

Dirigido por Drica Czech e Laís Catalano Aranha, Fora de Época mostra Renata, lésbica com familiares conservadores, que acaba de votar no segundo turno das eleições presidenciais de 2018. Ansiosa e abalada psicologicamente, ela pede para que os amigos a avisem sobre o resultado e foge para um sítio da família. Sentindo-se deslocada e sem conseguir dormir, entra na casa velha onde sua mãe decidiu passar os últimos dias de vida isolada. Ao limpar o local, Renata encontra um livro que muda sua visão sobre sua mãe e sua própria história, fazendo-a tomar uma decisão sobre como deverá seguir sua vida a partir de agora.

Sobre participar do evento, Laís Catalano Aranha destacou: “Ter nosso filme selecionado para a Mostra de Cinema de Tiradentes é muito importante, já que este é um dos maiores eventos do cinema nacional, e que abre o calendário audiovisual no país. Esta seleção é um marcador pra gente, porque estamos entre realizadores que admiramos”. Drica Czech completou: “Além disso, é importante que um filme independente, com enfoque na questão do apagamento de histórias de mulheres lésbicas e bissexuais, consiga ocupar um espaço de grande visibilidade como este”.

As diretoras também falaram sobre o formato virtual: “Ao mesmo tempo que perdemos uma das partes mais bacanas de um festival, que é compartilhar uma sala de cinema e trocar impressões com outras pessoas ali, ao vivo, esta edição atípica traz uma oportunidade de levar nosso filme a mais pessoas”, disse Laís. “Tivemos retorno de pessoas de várias regiões do Brasil e com perfis bem diversos, expandindo o alcance que o curta teria caso a Mostra fosse presencial. Além disso, por ser uma edição on-line, o compartilhamento do filme em redes sociais acaba permitindo que ele chegue a pessoas que provavelmente não teriam acesso ou mesmo conhecimento deste trabalho”, completou Drica.

foradeepocatiradentesDrica Czech no curta Fora de Época.

O curta paraibano A Pontualidade dos Tubarões, de Raysa Prado, recentemente premiado no Fest Aruanda e no Comunicurtas, parte de uma alusão à literatura de Gabriel García Márquez para fabular sobre um jovem que sobrevive de pequenos bicos e aguarda ligações telefônicas em seu apartamento. “Tiradentes, na minha opinião, é um dos, se não o maior, festival de cinema brasileiro e ver A Pontualidade dos Tubarões selecionado para a 24ª edição me surpreendeu e me deixou muito feliz. É mais uma forma de dizer e ouvir que esse trabalho tão carinhoso e cuidadoso, criado coletivamente, valeu e vale a pena, mesmo com todas as dificuldades de se produzir cinema independente no atual cenário brasileiro”, disse a diretora.

Raysa também destacou a abrangência virtual do filme: “Tem sido muito bonito receber retornos de pessoas que até então eu não conhecia. Perceber que o filme se torna de quem assiste para além da criação minha e de Joseph e também de quem já nos conhecia. É potencializador ver o que o cinema é capaz de fazer para além de análises do filme. As pessoas, quando se sentem provocadas, compartilham experiências pessoais, lembram de alguma coisa que viveram, de alguma vez que se sentiram como João ou até mesmo da saudade que surge na quarentena de ver o mar. Tudo isso reafirma que o filme se torna outro quando é visto. Eu quero muito que A Pontualidade dos Tubarões seja visto por mais e mais pessoas e adquira mais significados. Claro que a vontade de estar em Tiradentes, presencialmente, sem pandemia, é o primeiro sentimento que vem, mas acho que o formato virtual também tem suas potencialidades que são interessantes de serem exploradas”.

tubaroestiradentesJoseph Anderson em A Pontualidade dos Tubarões.

O curador Felipe André Silva fez um balanço geral sobre a qualidade das obras inscritas para esta edição e falou também sobre o processo criativo dos realizadores e do cinema contemporâneo brasileiro: “É claro que o cinema brasileiro é maior do que essa porção que se inscreve em Tiradentes anualmente, mas é muito interessante perceber que temas e motivos chamaram mais a atenção dos realizadores no último ano. Nesse ano, em específico, eu acredito que rolou a tendência algo triste e coercitiva dos tais ‘filmes de pandemia’, quase que invariavelmente filmes solitários, confinados, ensimesmados e tristes, reflexos muito claros e pouco imaginativos do estado de coisas no nosso país e no mundo. Mas acho difícil usar isso, por exemplo, para dizer que a nossa produção está melhor ou pior. Os filmes da seleção que usam a chave da pandemia por exemplo, para apontar outros caminhos são muito interessantes, e o processo de artesania deles é que talvez seja o importante de se observar, porque deve ser um dos caminhos possíveis”.

Para finalizar, Felipe também destacou o formato on-line desta edição: “Tem sido uma experiência muito interessante, e inédita, receber comentários tão imediatos sobre a seleção, as composições de sessão, a resposta física que esses filmes tem gerado nas pessoas. Talvez já seja uma discussão cansada, mas é muito importante pensar o que vai sobrar para o virtual quando os festivais presenciais retornarem, pois vivemos alguns momentos muito fortes e interessantes de diálogo no nosso nicho em 2020, possibilitados pela democratização desses eventos. Espero que seja uma ideia ainda possível no futuro”.

A 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes acontece até o dia 30 de janeiro. Os filmes estão disponíveis no site do evento. Clique aqui e saiba mais.

Entrevistas e edição: Vitor Búrigo
Fotos: Divulgação, Larissa Martins (Enterrado no Quintal), Paola Resende (Foguete), Allis Bezerra (O Jardim Fantástico).

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