Entrevista: diretores de Peixonauta – O Filme falam sobre o processo de criação e o crescimento das animações brasileiras

por: Cinevitor

peixonauta1Em cartaz: sucesso mundial na TV, o filme é um desdobramento da série.

Em abril de 2009, a série brasileira de animação Peixonauta, criada por Célia Catunda e Kiko Mistrorigo e produzida pela TV PinGuim, estreou no canal Discovery Kids com a história de um peixe com traje de astronauta desvendando mistérios ao lado de seus amigos.

Sua primeira temporada fez muito sucesso no Brasil e no exterior, e hoje já conta com 104 episódios de 11 minutos, sendo exibida em mais de 90 países. Agora, Peixonauta e sua turma chegam aos cinemas em seu primeiro longa-metragem em 3D.

O filme conta a maior aventura do agente secreto Peixonauta, numa história criada especialmente para as telonas. Junto com seus amigos Marina e Zico, Peixonauta irá até a cidade grande para procurar o Doutor Jardim, avô de Marina, e desvendar um grande problema detectado pela O.S.T.R.A. (Organização Secreta para Total Recuperação Ambiental). Além de ver os personagens do desenho em 3D pela primeira vez, o público vai conhecer as instalações subaquáticas da O.S.T.R.A. e os cenários são pontos turísticos de São Paulo como o MASP, Museu de Arte de São Paulo, e o Planetário do Parque Ibirapuera.

Para falar mais sobre Peixonauta – O Filme, conversamos com os diretores Célia Catunda e Rodrigo Eba! sobre o processo de criação, mercado internacional e expectativa para ver o protagonista da série nos cinemas. Confira:

O COMEÇO:

“A ideia do Peixonauta foi muito espontânea, a partir do traço mesmo. Quando eu desenhei o peixinho com a roupinha cheia d’água já tive a inspiração que este personagem poderia fazer muita coisa. Essa curiosidade dele, de ter feito essa roupa para sair debaixo d’água e ver como o mundo é, é uma relação direta com a criança, que é sempre muito curiosa e quer conhecer tudo. A partir desse rascunho, eu e o Kiko [Mistrorigo, também diretor do filme] começamos a conceber todo o universo da série e o [Rodrigo] Eba! trabalhou na série desde a primeira temporada, como animador, diretor de animação e outras funções”, contou Célia Catunda.

“Nessa época, nem pensávamos em fazer o filme. Já foi um grande desafio fazer uma série brasileira com 52 episódios e conseguir financiar isso. Então, tivemos a felicidade de ver que as crianças abraçaram o Peixonauta com muita empatia. E também conseguimos vender fora do Brasil. Tudo isso acabou nos levando para o filme”, completou.

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PEIXONAUTA NO MUNDO:

“Quando lançamos fora do Brasil, em 2009, pegamos uma época de crise. O mercado internacional estava balançado. Naquela época, os canais brasileiros a cabo não compravam nada daqui. A venda para a Discovery Kids foi feita para o mercado internacional. Aqui, as emissoras eram muito retransmissoras de programação estrangeira e nos apresentamos para a Discovery Kids em um mercado em Cannes. Foi ótimo porque a primeira vez que mostramos o Peixonauta para eles, a diretora de programação da época disse que esse era o conceito do canal, que é descobrir o seu mundo, no caso, o lema do Peixonauta. Então, eles se identificaram totalmente. Foi tudo ao mesmo tempo, aqui e lá fora”, disse Célia.

A IDEIA DO FILME:

“Fizemos um primeiro filme, chamado Peixonauta – Agente Secreto da O.S.T.R.A., que não foi feito especificamente para o cinema. Era uma coletânea de episódios para ser exibida nas plataformas digitais e nos canais a cabo do mundo inteiro que tinham comprado o Peixonauta. Já este longa [Peixonauta – O Filme], começamos há 6 anos, com o conceito da história; até porque tínhamos vontade de criar uma história maior sobre o personagem que não ficasse restrita aos onze minutos. Começamos a pensar em algo que sempre sentimos falta na série, que era a cidade. Na TV, é restrito ao Parque das Árvores Felizes e aí começamos a desenvolver e pensar em algo diferente, pois a série fala sobre sustentabilidade, então queríamos buscar uma temática que não existisse no parque e por isso começamos a falar sobre a água. Também queríamos mostrar que o Peixonauta, depois de duas temporadas, evoluiu e se transformou. Ele está mais equipado, mais herói, enquanto na série ele é mais ingênuo. Existe toda uma ingenuidade que, em parte, está preservada no filme, mas ele tem um pouco mais de experiência”, revelou Célia.

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O PROCESSO DE CRIAÇÃO:

“A primeira parte, e mais difícil, é a história original: conseguir trabalhar em uma história que tenha potencial para um filme e que traga novos elementos, pois não queríamos que o filme fosse um grande episódio, mas sim, que ele trouxesse muita coisa que não existisse na série. E a partir dessa história original, desenvolvida por mim e pelo Kiko, conversamos com os roteiristas. A Marcela Catunda e o Marcus Aurelius Pimenta, que foram roteiristas da série, já conheciam esse universo e aí começaram a trabalhar nessa decupagem para fazer o roteiro”, contou Célia.

STORYBOARD:

“Quando a gente transforma tudo isso em storyboard, com desenhos mais simples, é interessante porque podemos testar várias coisas para saber se estão funcionando no roteiro e fazer alterações. Muitas cenas passaram por isso; voltamos para o roteiro porque não estavam funcionando como tínhamos montado”, disse Rodrigo Eba!. “No storyboard a gente já grava todos os diálogos e assim conseguimos assistir ao filme inteiro em rascunho. E isso é muito importante”, completou Célia.

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ANIMAÇÃO NO BRASIL:

“O mercado de animação no Brasil melhorou muito. Recentemente, o espaço nos canais a cabo aumentou, pois eles perceberam que as animações brasileiras dão audiência e isso é um grande avanço. O Peixonauta teve uma importância muito grande porque foi a primeira série brasileira comprada por um canal a cabo de uma multinacional que deu audiência. Foi importante para provar que as crianças gostam de ver animação brasileira. Em relação ao cinema, acredito ser um pouco mais difícil. Tem sido, pelo menos. Mas, as animações estão indo cada vez melhor”, revelou Célia.

“Em termos de qualidade e quantidade, já estamos conseguindo lançar mais filmes nos cinemas. Porém, a questão da distribuição precisa ainda conquistar o mesmo espaço que conseguimos conquistar na TV. O mercado da animação está muito mais tranquilo no espaço televisivo, com muitas produtoras realizando bons trabalhos e vendendo para vários países. No cinema, estamos começando”, completou Eba!.

EXPECTATIVA:

“Acreditamos que muitas pessoas estão esperando pelo filme. No canal da série no YouTube, quando colocamos o trailer, que alcançou mais de 5 milhões de visualizações em três semanas, percebemos muitos comentários de crianças mais velhas que acompanharam o Peixonauta no começo. E é muito legal analisar isso, pois percebemos como o Peixonauta está relacionado à infância delas, com um vínculo afetivo. Por isso, não queremos decepcioná-las, mostrando que o Peixonauta ainda é muito legal”, finalizou Célia.

Peixonauta – O Filme, dirigido por Célia Catunda, Kiko Mistrorigo e Rodrigo Eba!, já está em cartaz nos cinemas.

Fotos: Divulgação.

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