Entrevista: diretores de Diários de Classe falam sobre o filme no 7º Olhar de Cinema

por: Cinevitor

diariosclasseolhardecinemaOs diretores no debate com o público depois da sessão.

Selecionado para a mostra Exibições Especiais do 7º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, o documentário Diários de Classe, dirigido por Maria Carolina da Silva e Igor Souza, acompanha o cotidiano de três mulheres: uma jovem trans, uma mãe encarcerada e uma empregada doméstica, estudantes de centros de alfabetização para adultos em Salvador. Embora trilhem caminhos distintos, suas trajetórias coincidem nos preconceitos e injustiças sofridos cotidianamente.

O documentário, em estilo direto, aposta no recorte espacial da sala de aula a fim de se aprofundar no dia a dia dessas personagens, revelando suas tentativas diárias de contornar o apagamento sistemático de suas existências.

Cineastas e cineclubistas baianos, Maria Carolina e Igor iniciaram a parceria há cinco anos com o curta de animação Entroncamento. Atualmente, produzem a série de animação infantil Aventuras de Amí e Diários de Classe é o primeiro longa-metragem da dupla.

Na primeira exibição do filme no Olhar de Cinema, que aconteceu na sexta-feira, 08/06, os diretores participaram de um debate com o público presente e conversaram sobre diversos assuntos envolvendo a produção: “Queríamos falar sobre educação entre jovens e adultos; sobre analfabetismo. A partir da sala de aula as personagens apareceram, pois elas queriam contar suas histórias. A única que fomos atrás foi a Tifany, que é trans”, revelou a diretora.

O diretor também falou sobre as protagonistas: “O que aconteceu no filme são fatos, mas a nossa presença também desencadeou esses fatos. Quando começamos com o cineclube, exibindo os filmes nas salas de aula, Vânia [uma das personagens] compreendeu que aqui seria uma oportunidade de falar sobre seus problemas. O mesmo aconteceu com Maria José, que encontrou um meio de falar sobre o que queria. Com Tifany foi diferente, pois ela não falava em público. Mas Carol ficou um tempo com ela pra passar confiança”.

Sobre os filmes exibidos no cineclube, Maria Carolina falou: “Queríamos trabalhar a questão do gênero, raça e classe, então os filmes tinham que abordar um pouco disso. Que Horas Ela Volta? [de Anna Muylaert] impactou muito as mulheres. No presídio, tivemos um cuidado de não passar filmes que massacrassem ainda mais aquela realidade, queríamos levar filmes que trouxessem um pouco mais de acalento de um cotidiano bastante violento. Por isso exibimos Vou Rifar Meu Coração, de Ana Rieper, e foi muito bacana. O Céu de Suely [de Karim Aïnouz] rendeu muitas discussões bacanas. Exibir os filmes nos fez compreender ainda mais o que queríamos abordar como linguagem”.

Aperte o play e confira nossa entrevista exclusiva com os diretores de Diários de Classe:

*O CINEVITOR está em Curitiba a convite do evento e você acompanha a cobertura do festival por aqui e pelas redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram.

Foto: Aline Brandarelo.

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