O Brasil nas telonas em 2018: destaques do cinema nacional.
Em 2017, segundo publicação da ANCINE, Agência Nacional do Cinema, o Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro apresentou uma redução do público em salas de cinema em relação ao ano anterior. Já a renda bruta auferida nas salas, em valores absolutos, teve um aumento de 4,6%.
Foram lançados 160 títulos, um número recorde entre produções brasileiras dentro da série histórica de 2009 até 2017. Esses títulos venderam mais de 17 milhões de ingressos, o que representa uma participação de público de 9,6%. Os dados deste ano ainda não foram divulgados, mas tudo indica que o cinema nacional encerrará 2018 com mais de 140 filmes lançados.
Neste ano, o cinema passou por grandes transformações; no Brasil e ao redor do mundo. Foi um ano marcado por protestos, manifestações, representatividade, diversidade de gêneros, amadurecimento, ascensão de novos talentos, a força do streaming, olhares diversos sobre diferentes culturas e nações. E tudo isso retratado, na maioria das vezes, com qualidade nas telonas.
Por aqui, filmes de todos os cantos do país ganharam destaque nas bilheterias, nas plataformas digitais e também em festivais internacionais e nacionais. A diversidade cultural brasileira impressa em longas e curtas-metragens representaram genuinamente cada pedaço do país, com diversos costumes, sotaques e tradições. Mesmo com tantas novas histórias e opções variadas de filmes nacionais, a luta para se manter em cartaz ainda é um trabalho árduo. A competição com blockbusters, que tomam conta das salas, é desgastante, visto que vários fatores contribuem para tal, como: distribuição, valores, número de salas, estratégia de marketing, entre outros. É preciso mudar essa situação com urgência!
Em 2018, no geral, percebemos que as populares comédias perderam um pouco de força e público; novos talentos surgiram para os espectadores; cinebiografias ficaram um pouco de lado, mas apareceram com qualidade; atores esbanjaram talento e foram premiados mundo afora; a participação brasileira em festivais internacionais ganhou força; realizadores lutaram por reconhecimento, principalmente em relação aos curtas-metragens; e tudo indica que estamos, naturalmente, criando uma nova identidade para o nosso cinema; seja por conta da vontade de mostrar quem somos (na comédia, no terror, no romance, no drama, no documentário) ou por necessidade de retratar situações conturbadas que veem rondando o Brasil em todas as áreas. Não faltou coragem para nossos cineastas. Ainda bem, pois isso enriquece ainda mais o mercado audiovisual brasileiro.
É preciso valorizar cada vez mais nossas produções, nossos profissionais e o empenho de todos que se esforçam para contar uma história brasileira nas telonas. Não é fácil, mas estamos no caminho certo. Nosso cinema é reconhecido, premiado, referência para muitos e nos enche de orgulho. Por aqui, vemos todos os gêneros, atores e diretores dos mais talentosos, sucessos de bilheteria, fracassos, vitórias, equipes que se entregam de corpo e alma, profissionais competentes e o melhor: nossa cultura retratada nas telonas com amor. Fazer cinema no Brasil é vitória! Estamos aqui para construir identidade, contar histórias e levar a sétima arte para todos os cantos. Existimos, resistimos e não desistiremos de mostrar nosso cinema para o maior número de espectadores possíveis.
Sendo assim, para encerrar o ano com chave de ouro, fizemos uma lista com os melhores longas-metragens brasileiros de 2018 que estrearam este ano em circuito comercial. Confira:
15º: ALGUMA COISA ASSIM
Dirigido por Esmir Filho e Mariana Bastos
Desenvolvido a partir do curta-metragem homônimo premiado em Cannes, em 2006, Alguma Coisa Assim, de Esmir Filho e Mariana Bastos, acompanha três momentos-chave da vida dos personagens Mari, interpretada por Caroline Abras, e Caio, vivido por André Antunes. Os diretores reuniram-se em 2013 com o objetivo de dar sequência à história, captando o reencontro dos personagens, vividos pelos mesmos atores, em São Paulo e, posteriormente, num novo momento, em Berlim, em 2016. O resultado dos três encontros ao longo de uma década é o longa-metragem que mergulha na transformação da relação entre os dois através dos tempos e propõe uma reflexão sobre temas atuais, como sexualidade, rótulos, aborto e novas formas de família. Alguma Coisa Assim teve sua estreia no Festival do Rio do ano passado, onde saiu premiado como melhor montagem; e foi vencedor de dois Coelhos de Prata no Festival Mix Brasil: melhor roteiro e melhor interpretação para Caroline Abras. Depois foi exibido nos festivais de Guadalajara, Outshine Film Festival e Portland Film Festival, entre outros.
EXTRAS: entrevistas com diretores e elenco + matéria especial no Festival do Rio + entrevista com diretores no Mix Brasil + entrevista com diretores e elenco no Festival do Rio.
14º: TODAS AS CANÇÕES DE AMOR
Dirigido por Joana Mariani
Dois casais, dois momentos opostos de uma relação. Um começo, um fim. Quando Ana e Chico, recém-casados, se mudam para o novo apartamento, encontram uma fita cassete que Clarice gravou para Daniel, os ex-moradores, no momento em que os dois viviam uma separação. Essas histórias, separadas pelo tempo mas unidas pelo espaço e pela música, são narradas em Todas as Canções de Amor, filme de estreia de Joana Mariani na ficção. Vencedor do Prêmio da Crítica de melhor filme brasileiro na 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o longa traz no elenco Marina Ruy Barbosa, Bruno Gagliasso, Julio Andrade e Luiza Mariani. Com direção musical de Maria Gadú, a trilha passeia por músicas populares de gêneros diversos, com participações especiais de Gilberto Gil e Maria Bethânia, além de nomes da nova geração da música brasileira, como Iza, Liniker e Nina Maia.
EXTRA: entrevistas com a diretora e com o elenco: Marina Ruy Barbosa, Bruno Gagliasso e Luiza Mariani.
13º: CANASTRA SUJA
Dirigido por Caio Sóh
Exibido na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Canastra Suja gira em torno do drama de uma família simples que enfrenta diversos conflitos. Durante a trama, o conceito familiar desaba aos poucos. Com temas desenvolvidos com muita naturalidade e sabedoria, o longa foi eleito o melhor filme do LABRFF, Los Angeles Brazilian Film Festival, no ano passado, e venceu em outras três categorias: melhor ator para Marco Ricca, melhor direção e melhor ator coadjuvante para Pedro Nercessian. Com trilha sonora assinada por Maria Gadú e fotografia de Azul Serra, Canastra Suja conta também com Adriana Esteves, Bianca Bin, Cacá Ottoni, David Junior, João Vancini, Milhem Cortaz, Remo Rocha e Emilio Orciollo Netto no elenco.
12º: LEGALIZE JÁ – AMIZADE NUNCA MORRE
Dirigido por Johnny Araujo e Gustavo Bonafé
Com canções de denúncia social e resistência, os amigos Skunk e Marcelo, atualmente conhecido como Marcelo D2, deram os primeiros passos com a banda Planet Hemp. A relação de ambos é tema de Legalize Já – Amizade Nunca Morre. Interpretado por Ícaro Silva, Skunk é um artista que sonha em ganhar a vida com o seu talento, enquanto Marcelo, vivido por Renato Góes, trabalha como camelô e não reconhece o potencial que tem como compositor e cantor. A cinebiografia conquistou o prêmio de melhor ficção brasileira segundo o público da 41ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e também o de melhor longa-metragem pelo Júri Popular e melhor roteiro no 12º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, além de ter participado do Festival do Rio no ano passado. O cantor Marcelo D2 participou desde o início do projeto, que durou nove anos, e assina o argumento do filme junto com Johnny Araujo, além de ser um dos responsáveis pela trilha sonora. Com roteiro de Felipe Braga, o longa conta também com Ernesto Alterio, Marina Provenzzano, Stepan Nercessian, Rafaela Mandelli e Shirley Cruz no elenco.
EXTRA: entrevistas com os diretores e com os atores Ícaro Silva e Renato Góes.
11º: O SEGREDO DE DAVI
Dirigido por Diego Freitas
Escrito e dirigido por Diego Freitas, O Segredo de Davi mostra Nicolas Prattes no papel de um anti-herói cheio de mistérios, em uma trama focada em um jovem universitário que se transforma em um famoso serial killer. Na história, Davi é um tímido estudante de cinema que esconde um passado sombrio. Ao visitar sua vizinha Maria, um instinto esquecido vem à tona e Davi comete o seu primeiro assassinato. Na manhã seguinte, para surpresa de Davi, Maria reaparece em seu apartamento e passa a influenciar o garoto a seguir numa jornada de crimes que revelarão sua verdadeira natureza: a de um serial killer. O longa foi selecionado para o Festival Internacional de Cinema de Montreal (Montreal World Film Festival, MWFF) e foi exibido também no Rio Fantastik Festival 2018 e na 26ª edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade. No LABRFF, Los Angeles Brazilian Film Festival, deste ano, recebeu dois prêmios: melhor ator para Nicolas Prattes e melhor atriz para Neusa Maria Faro. O elenco conta também com João Côrtes, Cris Vianna, Bianca Müller, Eucir de Souza, Giselle de Prattes, Tuna Dwek e André Hendges.
EXTRAS: entrevista com o diretor e com o ator Nicolas Prattes + matéria especial no Festival Mix Brasil.
10º: AS BOAS MANEIRAS
Dirigido por Marco Dutra e Juliana Rojas
Em agosto deste ano, As Boas Maneiras recebeu o Prêmio Especial do Júri da Competição Internacional do 70º Festival de Cinema de Locarno. Depois disso, passou pelo Festival do Rio e saiu como o grande vencedor da 19ª edição com cinco prêmios, incluindo o de melhor filme de ficção. O longa é uma fábula de horror e fantasia que parte do envolvimento de duas mulheres de mundos opostos. Clara, papel de Isabél Zuaa, é uma enfermeira da periferia de São Paulo contratada para ser a babá do filho que Ana, interpretada por Marjorie Estiano, está esperando. Uma noite de lua cheia provoca uma inesperada mudança de planos e Clara assume a maternidade de uma criança diferente das outras. O longa foi indicado ao Prêmio Iberoamericano de Cine Fénix 2018 nas categorias de melhor ficção e edição e exibido no Festival de Cinema Brasileiro de Miami e na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O elenco conta também com Cida Moreira, Andréa Marquee, Miguel Lobo, Gilda Nomacce, Eduardo Gomes, Felipe Kenji, Nina Medeiros, Neusa Velasco, entre outros.
EXTRA: matéria especial na 41ª Mostra de São Paulo.
9º: ARÁBIA
Dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans
Dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans, Arábia foi o grande vencedor do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro com cinco prêmios: melhor filme, melhor ator para Aristides de Sousa, montagem, trilha sonora e Prêmio da Abraccine, Associação Brasileira de Críticos de Cinema. O longa também foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Roterdã na Competição Oficial. Na história, acompanhamos a vida comum de um trabalhador, com frustrações, sofrimento e felicidade, revelando uma realidade obscura do desenvolvimento social e econômico no Brasil dos últimos dez anos. O filme narra diversas situações através da trajetória de Cristiano, um operário de uma velha fábrica de alumínio, que sofre um acidente no trabalho e desperta a curiosidade de André, um jovem morador do bairro vizinho. Narrado em primeira pessoa, ou seja, é o personagem Cristiano que conta a própria história, o longa é um retrato político da vida de pessoas marginalizadas. Recentemente, levou o Prêmio APCA 2018, da Associação Paulista de Críticos de Artes, de melhor filme do ano.
EXTRA: entrevista com os diretores.
8º: AOS TEUS OLHOS
Dirigido por Carolina Jabor
Inspirado na peça O Princípio de Arquimedes, do autor espanhol Josep Maria Miró, e dirigido por Carolina Jabor, de Boa Sorte, Aos Teus Olhos foi exibido em diversos festivais nacionais e internacionais. Recebeu os prêmios de melhor roteiro (Lucas Paraizo), ator (Daniel de Oliveira), ator coadjuvante (Marco Ricca) e melhor longa de ficção pelo voto popular no Festival do Rio; também conquistou o Prêmio Petrobras de Cinema na 41ª Mostra de São Paulo de melhor filme de ficção brasileiro e os prêmios de melhor direção no 25º Festival Mix Brasil e melhor filme da mostra SIGNIS no Festival de Havana. O longa conta a história de Rubens, um professor de natação infantil que sofre uma acusação inesperada de uma mãe, via rede social, que provoca um linchamento virtual imediato. A denúncia se espalha rapidamente em grupos de mensagens na internet e mesmo as pessoas mais próximas a Rubens, como a diretora da escola e um colega de trabalho, ficam em dúvida sobre suas ações e intenções provocando um julgamento apressado da situação.
EXTRAS: entrevista com a diretora e com os atores Daniel de Oliveira, Marco Ricca e Malu Galli.
7º: FERRUGEM
Dirigido por Aly Muritiba
Depois de sua estreia mundial no Festival de Sundance deste ano e de ser exibido em outros festivais ao redor do mundo, como Taipei Film Festival, em Taiwan, Seoul International Women’s Film Festival, na Coreia do Sul, San Sebastian International Film Festival e no Giffoni Film Festival, na Itália, Ferrugem foi exibido pela primeira vez no Brasil na mostra competitiva de longas do 46º Festival de Cinema de Gramado e saiu de lá como o grande vencedor. Além do kikito de melhor filme, levou também os prêmios de melhor roteiro e melhor desenho de som. Dirigido por Aly Muritiba, de Para Minha Amada Morta, o filme mergulha no universo jovem para contar a história de Tati, uma adolescente cheia de vida, que gosta de compartilhar seus melhores momentos nas redes sociais e que terá sua vida virada do avesso quando algo que ela não queria compartilhar com ninguém cai no grupo de WhatsApp do colégio. Com supervisão de roteiro de George Moura, o elenco conta com Tiffanny Dopke, Giovanni De Lorenzi, Clarissa Kiste, Dudah Azevedo, Enrique Diaz, Pedro Inoue e Igor Augustho.
EXTRAS: entrevistas com diretor e elenco em Gramado + matéria especial no Festival de Gramado.
6º: O PROCESSO
Dirigido por Maria Augusta Ramos
Premiado no Festival Internacional de Documentário de Buenos Aires e Madrid, no Festival Indie Lisboa, em Portugal, e vencedor do prêmio de melhor longa-metragem da Competição Internacional do Festival Visions du Reel, em Nyon, na Suíça, O Processo oferece um olhar pelos bastidores do julgamento que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 31 de agosto de 2016. O filme testemunha a profunda crise política e o colapso das instituições democráticas no país. O longa estreou mundialmente em fevereiro no Festival de Berlim e foi escolhido pelo público como o terceiro melhor documentário da mostra Panorama. Além disso, foi exibido fora de competição na 23ª edição do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários e indicado ao Prêmio Iberoamericano de Cine Fénix. Para realizar O Processo, Maria Augusta passou vários meses em Brasília, sua cidade natal, acompanhando cada passo do processo de impeachment, somando 450 horas de material filmado. Sem fazer entrevistas ou intervir nos acontecimentos, ela e sua equipe circularam por corredores do Congresso Nacional, filmaram coletivas de imprensa, registraram as votações na Câmara dos Deputados e no Senado e testemunharam bastidores nunca mostrados em noticiários.
EXTRA: crítica do filme.
5º: O BEIJO NO ASFALTO
Dirigido por Murilo Benício
Numa adaptação ousada e diferente, que mescla teatro e cinema em preto e branco, Murilo Benício faz sua estreia na direção no filme O Beijo no Asfalto, baseado na peça escrita por Nelson Rodrigues. Na trama, Lázaro Ramos vive Arandir, um homem que, sem pensar, atende ao pedido de um beijo na boca feito por outro homem prestes a morrer ao ser atropelado na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro. Tal gesto banal vira uma matéria sensacionalista de Amado, papel de Otávio Müller, um repórter que cria uma fake news e passa a explorar o beijo entre dois homens para vender mais jornal. A versão criada pelo jornalista incita a polícia a investigar uma suposta ligação entre Arandir e o morto e cria dúvidas na cabeça de Selminha, vivida por Débora Falabella, mulher de Arandir e filha de Aprígio, interpretado por Stênio Garcia, que, misteriosamente, insiste na ideia de que presenciou o beijo, quando, na verdade, estava de costas. O projeto do filme levou dez anos para se realizar e foi exibido na 41ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, onde ficou entre os finalistas ao Troféu Bandeira Paulista. O elenco conta também com Fernanda Montenegro, Augusto Madeira, Luiza Tiso, Amir Haddad, Marcelo Flores, Raquel Fabbri e Arlindo Lopes. A fotografia é assinada por Walter Carvalho, a direção de arte por Tiago Marques Teixeira, a montagem por Pablo Ribeiro e a trilha é de Berna Ceppas.
EXTRAS: entrevistas com diretor e elenco na Mostra de São Paulo + matéria especial na Mostra de São Paulo.
4º: BARONESA
Dirigido por Juliana Antunes
Após se mudar para Belo Horizonte, a diretora Juliana Antunes logo percebeu que a capital mineira tinha vários bairros com nomes de mulher e a maioria deles levava para a periferia. Este foi o ponto de partida para a construção da história de Baronesa. O longa mostra o dia a dia de duas vizinhas e amigas que moram na periferia de BH. De um lado, Andreia Pereira de Souza começa a construir sua casa para se mudar. Do outro, Leid Ferreira e os filhos estão à espera do marido, que está preso. Em comum, a necessidade de se desviar dos perigos da guerra do tráfico e a estratégia para evitar as tragédias trazidas como consequência. Baronesa foi exibido no encerramento do 6º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba e premiado em diversos festivais, como: Mostra de Cinema de Tiradentes; Festival de Havana; Festival Internacional de Cine de Mar del Plata; Festival de Cine Internacional de Ourense, na Espanha; FIDMarseille, na França; Janela Internacional de Cinema do Recife; Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador; Festival de Cinema de Vitória; entre outros. Além disso, foi indicado ao ao Prêmio Iberoamericano de Cine Fénix 2018.
EXTRA: crítica do filme.
3º: AUTO DE RESISTÊNCIA
Dirigido por Natasha Neri e Lula Carvalho
Grande vencedor do 23º É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, Auto de Resistência fala sobre homicídios praticados pela polícia contra civis, no Rio de Janeiro, em situações inicialmente classificadas como legítima defesa. O morto é acusado de ser traficante e ter trocado tiros com a polícia, mas a narrativa policial é posta em cheque pelo surgimento de vídeos e pela luta de mães que tentam provar a inocência de seus filhos. O filme retrata o embate de versões no julgamento de casos nas varas dos Tribunais do Júri, os bastidores das investigações policiais e a Comissão Parlamentar de Inquérito estadual instaurada para apurar o alto índice de mortes decorrentes da ação da polícia. O documentário se debruça sobre tipos específicos de homicídios e a forma como o Estado lida com essas mortes. O ponto de partida para abordar o tema são personagens que vivenciam esse cotidiano de mortes. Através da linguagem do cinema direto, a câmera segue os passos de atores sociais que têm suas vidas impactadas ou atuam em casos de autos de resistência. O filme transporta o espectador para a rotina de personagens que vivenciam esse cotidiano de mortes no Rio. A existência de vídeos das operações e o ativismo de familiares empurram as engrenagens da Justiça, e o veredicto final está nas mãos da sociedade.
2º: RASGA CORAÇÃO
Dirigido por Jorge Furtado
Exibido na 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e no Festival do Rio, Rasga Coração, de Jorge Furtado, é uma adaptação da peça homônima escrita no início dos anos 1970 por Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. Com o título emprestado de uma canção de Anacleto de Medeiros, Rasga Coração é a última peça de Vianinha, que a concluiu em 1974, já debilitado por um câncer no pulmão. Ele nunca chegou a vê-la no teatro. Além de censurada, teve sua encenação e publicação proibidas e mesmo assim recebeu o primeiro prêmio no concurso do SNT, por unanimidade da banca, sendo liberada pela Censura apenas cinco anos depois. O longa conta a história de Manguari Pistolão, interpretado por Marco Ricca, militante anônimo, que depois de quarenta anos de lutas vê o filho Luca, vivido por Chay Suede, acusá-lo de conservador. Sem dinheiro para fechar o mês, sofrendo com as dores de uma artrite crônica, e num crescente conflito com Luca, Manguari passa em revista seu passado, e se vê repetindo as mesmas atitudes de seu pai. Intercalando fragmentos de vários momentos da vida de Manguari, o filme atravessa quarenta anos da vida política brasileira. O elenco conta ainda com Drica Moraes, Luisa Arraes, George Sauma, João Pedro Zappa, que faz a versão jovem do papel de Marco Ricca, além de Anderson Vieira, Nelson Diniz, Duda Meneghetti, Kiko Mascarenhas, Fábio Enriquez e Cinândrea Guterres.
EXTRA: entrevistas com o diretor e com os atores Chay Suede, Marco Ricca e Drica Moraes.
1º: BENZINHO
Dirigido por Gustavo Pizzi
Um dos filmes mais bonitos e sensíveis do ano, Benzinho, de Gustavo Pizzi, teve sua estreia mundial na competição do Festival de Sundance e participou da mostra Voices no Festival de Roterdã. Venceu o prêmio de melhor filme pelo júri e pela crítica do Festival de Málaga e pelo júri do Festival de Cinema Luso-brasileiro de Santa Maria da Feira. Também participou dos festivais de Gotemburgo, São Francisco, Washington DC, Berkshire, Provincetown, Edimburgo, Festival Internacional do Cinema Latino de Los Angeles, Festival de Karlovy Vary, na República Checa, e no Rooftop Films Summer Series. O longa, também lançado em diversos países, conta a história de Irene, vivida por Karine Teles, que mora com o marido Klaus, papel de Otávio Müller, e seus quatro filhos nos arredores do Rio de Janeiro. Entre os empreendimentos sem sucesso do parceiro e os problemas da irmã, interpretada por Adriana Esteves, Irene se desdobra para ajudar a todos e dar atenção aos filhos. Mas é quando seu primogênito Fernando, vivido por Konstantinos Sarris, ator grego em sua estreia nos cinemas, é convidado para jogar handebol na Alemanha, que ela terá que lidar com o maior de seus problemas, a despedida antes do previsto. Em agosto deste ano, participou da 46ª edição do Festival de Cinema de Gramado e venceu os prêmios de melhor filme pelo Júri da Crítica e pelo voto do Júri Popular, além dos prêmios de melhor atriz para Karine Teles e melhor atriz coadjuvante para Adriana Esteves. Foi indicado ao Prêmio Iberoamericano de Cine Fénix e escolhido para representar o Brasil nos prêmios Goya, importante premiação realizada pela Academia das Artes e Ciências Cinematográficas da Espanha. Recentemente, foi premiado pela APCA, Associação Paulista de Críticos de Artes, na categoria de melhor roteiro.
EXTRAS: entrevista com Adriana Esteves + entrevista com diretor e Karine Teles em Gramado + matéria especial no Festival de Gramado.
MENÇÃO HONROSA: Central do Brasil, de Walter Salles; em comemoração aos 20 anos de lançamento e exibição da cópia restaurada do longa em diversos festivais, entre eles, a 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, com a presença de Fernanda Montenegro e equipe do filme.
MENÇÃO ESPECIAL (em ordem alfabética):
10 Segundos para Vencer, de José Alvarenga Jr.
A Luta do Século, de Sérgio Machado
A Moça do Calendário, de Helena Ignez
A Voz do Silêncio, de André Ristum
Ex-Pajé, de Luiz Bolognesi
Marcha Cega, de Gabriel Di Giacomo
O Animal Cordial, de Gabriela Amaral Almeida
Pagliacci, de Chico Gomes, Julio Hey, Luiza Villaça, Pedro Moscalcoff e Luiz Villaça
Paraíso Perdido, de Monique Gardenberg
Pela Janela, de Caroline Leone
Soldados do Araguaia, de Belisario Franca
Tinta Bruta, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon
Todo Clichê do Amor, de Rafael Primot
Tungstênio, de Heitor Dhalia
Textos: Vitor Búrigo
Fotos: Divulgação.