52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro anuncia filmes selecionados e homenageados

por: Cinevitor

piedadebrasiliaFernanda Montenegro e Cauã Reymond em Piedade, de Claudio Assis.

A 52ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que acontecerá entre os dias 22 de novembro e 1º de dezembro, acaba de anunciar a lista de selecionados deste ano. Foram 701 inscritos, entre curtas e longas, e 21 filmes escolhidos que representam o cinema nacional contemporâneo e que disputarão os troféus Candango.

Mais do que a principal janela do festival, a Mostra Competitiva, com premiação de R$ 270 mil no total, é uma provocação ao debate e à avaliação de perspectivas culturais por meio da linguagem audiovisual. Assim, a seleção do Festival de Brasília 2019 lança um olhar atento à diversidade do nosso cinema. Os sete longas escolhidos, representantes de quatro estados, mais o Distrito Federal, abordam assuntos diversos e tratam de temas urgentes, por meio de narrativas únicas e vigorosas, unindo o trabalho de autor ao potencial expressivo da arte e da técnica cinematográfica.

A seleção de curtas-metragens, ainda mais abrangente, traduz de forma inequívoca a produção nacional. Os 14 filmes são oriundos de oito estados, mais o DF, representando o Norte, o Sul, o Nordeste, o Sudeste e o Centro-Oeste brasileiros. E, assim como o conjunto de longas, comprovam o domínio narrativo, a variedade de gêneros e linguagens e a integração em estágio avançado das forças realizadoras de diferentes lugares do Brasil.

alicebrasiliaAnne Celestino Mota, Surya Amitrano e Matheus Moura em Alice Júnior.

A comissão de seleção dos longas foi formada por: Marcus Ligocki Jr., cineasta; Anna Karina de Carvalho, jornalista, produtora e cineasta; Tiago Belotti, crítico de cinema; Erica Lewis, subsecretária de economia criativa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal; e Flavia Guerra, jornalista e crítica de cinema. Já a comissão de curtas-metragens foi composta por Marcus Ligocki Jr., Anna Karina de Carvalho, Tiago Belotti e os seguintes profissionais: Joyce Pais, jornalista; Luísa Pécora, jornalista; Patrick de Jongh, compositor de trilhas sonoras, produtor musical, sound designer e produtor cinematográfico; e José Damata, idealizador do Cinema Voador.

A 52ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro também reserva um espaço para os realizadores candangos: a Mostra Brasília BRB, patrocinada pelo Banco de Brasília, BRB, decidiu associar sua marca ao cinema produzido no Distrito Federal. Com a intenção de ampliar e divulgar a produção local, a Mostra apresentará ao público 12 filmes feitos na capital.

O festival também exibirá mostras paralelas de documentários, longas e curtas-metragens, com trabalhos de grande impacto e que possibilitam o debate sobre as diversas questões da produção audiovisual brasileira contemporânea e sobre os caminhos narrativos praticados pelos cineastas brasileiros.

Os homenageados também ganham destaque. O Festival de Brasília celebra os trabalhadores da sétima arte, a começar pelo grande homenageado desta edição, o ator Stepan Nercessian, passando pelos filmes de abertura e encerramento, a sessão hors-concours, as Sessões Especiais, a Medalha Paulo Emílio Salles Gomes e o Prêmio da Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo (ABCV).

Muito além de narrar boas histórias, há autores que optam por dedicar suas vidas à manufatura cinematográfica. Isso se traduz na excelência do cinema brasileiro. Para celebrá-lo, o Festival de Brasília destaca algumas produções, como: O Traidor, de Marco Bellocchio, que será o filme de abertura. Uma coprodução entre Itália e Brasil, além de Alemanha e França, é dirigido por um dos grandes mestres do cinema contemporâneo.

E também: Giocondo Dias – Ilustre Clandestino, de Vladimir Carvalho. O filme que encerra o festival apresenta parte da trajetória do militante de esquerda que passou dois terços de sua vida na clandestinidade. Quem narra sua história é Vladimir Carvalho, um dos maiores nomes do cinema brasileiro, diretor de obras seminais como O país de São Saruê, Conterrâneos velhos de guerra e Barra 68, por meio de relatos de testemunhas que conviveram com ele, além de uma rara entrevista do próprio militante.

afebrebrasiliaCena do longa A Febre, de Maya Da-Rin: premiado em Locarno.

Vale destacar também a sessão hors-concours: Boca de Ouro, dirigido por Daniel Filho e baseado na obra de Nelson Rodrigues. Um gigante do cinema brasileiro e um gênio da literatura. Mais de 50 anos depois do primeiro contato do cineasta com a história do temido bicheiro carioca, quando interpretou Leleco na versão de 1963 de Boca de Ouro nos palcos, Filho comanda uma releitura cinematográfica da peça homônima de um de nossos maiores contadores de histórias e um dos mais agudos observadores do caráter e das contradições do brasileiro.

Criada pelo Festival de Brasília em 2016, a Medalha Paulo Emílio Salles Gomes reverencia os grandes nomes do cinema brasileiro. Nesta edição, Fernando Adolfo receberá tal honraria. Membro da Academia Brasileira de Cinema e integrante da equipe que criou a Primeira Semana do Cinema Brasileiro, hoje Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, e coordenador-geral do evento por vários anos, o baiano foi ainda integrante de comissões de seleção e jurado de diversos festivais de cinema.

Além disso, a Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo, ABCV, homenageia a professora, pesquisadora e documentarista alagoana Debora Diniz. Com graduação, mestrado e doutorado em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB), ela tem ampla formação, tendo realizado especializações em diversas instituições. Suas áreas de atuação são gênero, direitos humanos e bioética, sendo uma das fundadoras da Anis – Instituto de Bioética.

Confira os filmes selecionados para o 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro:

LONGAS-METRAGENS

Volume Morto, de Kauê Telloli (SP)
A Febre, de Maya Da-Rin (RJ)
Alice Júnior, de Gil Baroni (PR)
O Tempo que Resta, de Thaís Borges (DF)
Loop, de Bruno Bini (MT)
O Mês que Não Terminou, de Francisco Bosco e Raul Mourão (RJ)
Piedade, de Claudio Assis (RJ)

CURTAS-METRAGENS

A Nave de Mané Socó, de Severino Dadá (PE)
Alfazema, de Sabrina Fidalgo (RJ)
Amor aos vinte anos, de Felipe Arrojo Poroger e Toti Loureiro (SP)
Angela, de Marília Nogueira (MG)
Ari y yo, de Adriana de Faria (PA)
Cabeça de rua, de Angélica Lourenço (MG)
Caranguejo Rei, de Enock Carvalho e Matheus Farias (PE)
Carne, de Camila Kater (SP)
Chico Mendes – Um legado a defender, de João Inácio (DF)
Marco, de Sara Benvenuto (CE)
Parabéns a você, de Andréia Kaláboa (PR)
Pelano!, de Christina Mariani e Calebe Lopes (BA)
, de Julia Zakia e Ana Flavia Cavalcanti (SP)
Sangro, de Tiago Minamisawa, Bruno H Castro e Guto BR (SP)

MOSTRA BRASÍLIA BRB | LONGAS-METRAGENS

Mãe, de Adriana Vasconcelos
Dulcina, de Glória Teixeira
Ainda temos a imensidão da noite, de Gustavo Galvão
Mito e música – A mensagem de Fernando Pessoa, de Rama de Oliveira e André Luiz Oliveira

MOSTRA BRASÍLIA BRB | CURTAS-METRAGENS

Claudia e o Crocodilo, de Raquel Piantino
#SOMOSAMAZÔNIA, de João Inácio
O Véu de Amani, de Renata Diniz
A terra em que pisar, de Fáuston da Silva
Escola sem sentido, de Thiago Foresti
AmbulaTório, de Júlia de Lannoy
Encanto feminino, de Fabíola de Andrade
Luis Humberto: o olhar possível, de Mariana Costa e Rafael Lobo

MOSTRA TERRITÓRIO BRASIL
É a consolidação simbólica da diversidade cultural brasileira. Dezenove estados iluminados nas telas do Festival de Brasília delineiam um país a ser descoberto, que produz cinema em todas as regiões. Multifacetado, o cinema carrega a integridade do povo brasileiro e almeja as salas de cinema de todos os continentes para propor o franco diálogo e a construção coletiva de um mundo criativo e repleto de possibilidades.

A Batalha de Shangri-lá, de Severino Neto e Rafael de Carvalho (MT)
A mulher e o rio, de Bernard Lessa (ES)
Amizade – Tekoayhu, de Chico Faganello (SC)
As órbitas da água, de Frederico Machado (MA)
Dorivando Saravá, o preto que virou mar, de Henrique Dantas (BA)
Eu, um outro, de Silvia Godinho (MG)
Fakir, de Helena Ignez (SP)
Jackson – Na batida do pandeiro, de Marcus Vilar e Cacá Teixeira (PB)
Lamento, de Diego Lopes e Claudio Bitencourt (PR)
Máquina de sonhos, de Nycolas Albuquerque (AP)
Mestre Cupijó e Seu Ritmo, de Jorane Castro (PA)
Niède, de Tiago Tambelli (PI)
O Buscador, de Bernardo Barreto (RJ)
Os bravos nunca se calam, de Marcio Schoenardie (RS)
Servidão, de Renato Barbieri e Neto Borges (DF)
Siron – Tempo sobre tela, de André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos (PE)
Soldados da Borracha, de Wolney Oliveira (CE)
Vermelha, de Getúlio Ribeiro (GO)

MOSTRA VOZES
Procura fortalecer a visibilidade das histórias daqueles que batalham para se fazer ouvir em um mundo contemporâneo desafiador. Unindo a arte e a técnica cinematográfica às narrativas de resistência e luta por seu merecido espaço, os filmes selecionados abrem uma janela para a jornada de quem combate diariamente, das mais diversas formas, as desigualdades socioeconômicas, o racismo, o machismo, o preconceito religioso, a homofobia, a transfobia e toda forma de preconceito.

Maria Luiza, de Marcelo Díaz (DF)
Batalha, de Cristiano Burlan (SP)
Família de Axé, de Tetê Moraes (RJ)
Cine Marrocos, de Ricardo Calil (SP)

MOSTRA GUERRILHA
O cinema é composto por uma complexa teia de peças que precisam conviver em harmonia, da primeira palavra do roteiro até a última correção da pós-produção. Demanda energia, tempo e dinheiro. Mas há aqueles que não se intimidam pela burocracia, que propagam os princípios de Glauber Rocha, mestre do fazer cinematográfico em um país em que muitas vezes guerrilha é a palavra-chave. São os kinólatras, mentes inquietas que se recusam a deixar de filmar. É para eles que existe a Mostra Guerrilha.

O espiral de contos de Deolindo Flores, de Rodrigo Araujo e Thiago L. Soares (SC)
Hopekillers, de Thiago Moyses (RJ)
Incursão, de Eduardo P. Moreira e Silvio Toledo (PB)

MOSTRA NOVOS REALIZADORES
É sempre instigante descobrir um novo olhar no audiovisual. Cinéfilos vivem por testemunhar aquela faísca dos filmes de amanhã. Quais cineastas vão tomar as rédeas da sétima arte e conduzir as próximas histórias que se perpetuarão? A renovação do audiovisual brasileiro contemporâneo é resultado da política pública que torna o acesso ao mercado e à produção mais democrático e diverso, terreno fértil para a inquietação criativa e a construção de novos rumos pelas novas gerações de cineastas.

Música para morrer de amor, de Rafael Gomes (SP)
Rodantes, de Leandro Lara (MG)
A colmeia, de Gilson Vargas (RS)
Um filme de verão, de Jo Serfaty (RJ)

MOSTRA FUTURO BRASIL
Conta com seis longas-metragens não finalizados exibidos em sessões exclusivas para agentes de vendas e curadores de importantes festivais internacionais, convidados a Brasília justamente para identificar filmes brasileiros com potencial de bom desempenho no circuito estrangeiro. O Festival de Brasília atua com o objetivo de contribuir para a articulação internacional da futura geração de filmes brasileiros.

A matéria noturna, de Bernard Lessa (ES)
Mulher Oceano, de Djin Sganzerla (SP)
O Cerco, de Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola (RJ)
O espaço infinito, de Leo Bello (DF)
Pajeú, de Pedro Diogenes (CE)
Nazinha, de Belisario Franca (RJ)

SÉRIES
Nos últimos anos, as séries ganharam prestígio perante o público e foram rapidamente assimiladas pela comunidade audiovisual brasileira. TVs e plataformas de VOD fazem das séries o carro-chefe da exibição audiovisual fora das salas de cinema, um caminho robusto para o desenvolvimento econômico do setor. Sensível às inovações narrativas, o 52º Festival de Brasília criou a Mostra Séries com o objetivo de exibir os primeiros episódios de séries brasileiras que em breve estarão nesses canais e plataformas.

SESSÕES ESPECIAIS
Homenageiam pessoas que, cada uma a seu modo, dedicaram suas vidas ao cultivo do Brasil.

José Aparecido de Oliveira, de Mário Lúcio Brandão Filho e Gustavo Brandão
Campus Santo, de Márcio Curi

Fotos: Divulgação.

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