Maya Da-Rin fala sobre A Febre, filme exibido no 52º Festival de Brasília

por: Cinevitor

mayadarinbrasiliaA diretora no Cine Brasília.

Dirigido por Maya Da-Rin, A Febre teve sua estreia mundial no Festival de Locarno, no qual conquistou três prêmios, entre eles, melhor ator para Regis Myrupu e o Prêmio FIPRESCI. No Festival de Biarritz, na França, e no Festival de Pingyao, na China, foi eleito o melhor filme. Também recebeu o prêmio de melhor direção no Festival de Chicago e já está confirmado em mais de 25 festivais internacionais.

No domingo, 24/11, o filme foi exibido na Mostra Competitiva de Longas da 52ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no Cine Brasília. A diretora subiu ao palco acompanhada por alguns integrantes da equipe, como a atriz Suzy Lopes e a montadora Karen Akerman.

Depois das palavras de Maya, a protagonista Rosa Peixoto também discursou: “A violência contra o povo indígena piora a cada dia. Queria fazer um apelo para que vocês olhem mais para as questões indígenas, pois somos praticamente ignorados pela população brasileira, ainda mais com esse novo governo que quer exterminar o povo indígena a qualquer custo. Não queremos ser histórias contadas em livros e filmes, queremos estar vivos para falarmos sobre nossa cultura. Queremos ser protagonistas de nossas próprias vidas”, disse.

afebrebrasiliaequipeA equipe do filme no debate.

Além dos discursos, o produtor Leonardo Mecchi aproveitou a situação para ler, na íntegra, a carta do Movimento Cultural do Distrito Federal, que foi apresentada pelo ator Marcelo Pelucio na noite de abertura, porém foi interrompido. “Na sessão de abertura desta edição presenciamos uma coisa extremamente violenta e truculenta. Não podemos deixar quieto. Vivemos em um momento onde temos que firmar nossas posições e esse tipo de atitude não é mais aceitável. Tivemos uma voz silenciada aqui, por isso, queríamos usar esse espaço para dar voz àqueles que não conseguiram falar na abertura e vamos ler a carta que foi censurada”, disse Mecchi.

A Febre narra a história de Justino, um indígena do povo Desana que trabalha como vigilante em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus. Desde a morte da sua esposa, sua principal companhia é a filha Vanessa, que está de partida para estudar Medicina em Brasília. Como o passar dos dias, Justino é tomado por uma febre forte. Durante a noite, uma criatura misteriosa segue seus passos. Durante o dia, ele luta para se manter acordado no trabalho. Porém, sua rotina do porto é transformada com a chegada de um novo vigia. Nesse meio tempo, seu irmão vem de visita e Justino relembra a vida na aldeia, de onde partiu há mais de vinte anos.

No dia seguinte à exibição, logo depois do debate com o público, conversamos com a diretora sobre a gênese do projeto e a atual situação cultural do país.

Aperte o play e confira:

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Foto: Mayangdi Inzaulgarat.

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